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Só no Japão: "The Last Story" salva Wii do deserto de (bons) RPGs

<b>AKIRA SUZUKI<br> Da Redação</b>

04/02/2011 16h51

Os RPGs do formato de "Final Fantasy" e "Dragon Quest" são um dos gêneros preferidos dos japoneses - e há muito tempo se sabe que, sem títulos assim, um console não vinga na Terra do Sol Nascente (basta perguntar à Microsoft à época do Xbox original, e como a empresa mudou de postura com o Xbox 360).

Por isso, era estranho que uma empresa japonesa - e experiente - como a Nintendo deixou tão órfãos os amantes do gênero com o Wii. Está certo que o foco estava voltado mais para os jogadores casuais, algo que, em termos de negócio, foi um grande acerto, mas, mesmo assim, era algo que decepcionava os entusiastas.

Mas parece que, com "The Last Story", idealizado por Hironobu Sakaguchi (também o 'pai' de "Final Fantasy"), o Wii está se redimindo. Tendo vendido 115 mil cópias em quatro dias, foi o título mais procurado no Japão na semana entre 24 e 30 de janeiro e o RPG original de maior sucesso do Wii de todos os tempos. Seis meses antes, "Xenoblade" já havia aumentado a autoestima dos fãs nintendistas de RPG.

O bom é que, com isso, Sakaguchi pode abandonar sua ideia de aposentadoria, e se dedicar ao que sabe fazer: ótimos RPGs (ao menos quando promete que vai se retirar de cena quando um game seu não fizer sucesso). Agora, fica a expectativa de a Nintendo lançar o game no Ocidente. Mas o trabalho será árduo: "The Last Story" tem 12 mil arquivos de diálogos, um recorde, segundo o braço francês da "Big N". Por ora, não há planos para que o RPG atravesse o Mar do Japão.

Criador fala sobre "The Last Story"


Paraíso dos pedestres

Depois de dois anos e sete meses, a avenida principal de Akihabara, bairro de Tóquio que é o paraíso da cultura pop, voltou a ser fechado para carros no fim de semana, para que os pedestres possam ter mais espaço - afinal, é um dos locais mais concorridos da capital japonesa.

O chamado "hokôsha tengoku" (paraíso dos pedestres) existe desde 1973, mas teve que ser interrompido quando um maníaco matou 17 pessoas a facadas em junho de 2008. Por isso, a reabertura da rua para os transeuntes, em regime experimental, foi acompanhada por reforço na segurança e regras mais rígidas (apresentação de bandas, por exemplo, como era comum antes, fica proibida).

Embora seja muito famoso, o bairro nunca foi cenário principal de um jogo. Agora, a produtora Acquire trabalha em um título para PSP chamado "Akiba's Trip", que reproduz fielmente o mapa da localidade. Em tempos de "Crepúsculo", não dá para deixar vampiros de fora, e a história do game narra o confronto entre sugadores de sangue e os "protetores de Akihabara". O game está planejado para sair apenas no Japão, em 14 de abril.

Divulgação
Jogo para PSP "Akiba's Strip" é um game de ação que reproduz a paisagem e a excentricidade do bairro de Akihabara


Localização

A adaptação de games para a língua e cultura locais é um trabalho demorado, como bem sabem os Ocidentais que esperam algum RPG japonês. Mas o contrário também é válido: "Scribblenauts", jogo para Nintendo DS lançado em 15 de setembro de 2009 nos Estados Unidos, chega só agora ao arquipélago. Para quem não sabe, trata-se de um jogo em que as palavras escritas se materializam dentro do game.

Mas os japoneses tiveram uma pequena compensação: a Konami, que distribui o jogo por lá, aproveitou para incluir alguns de seus famosos personagens, como Old Snake (de "Metal Gear Solid 4") e Vic Viper (a nave de "Gradius").

Outro título ocidental está sendo adaptado no Japão, por ser um assunto delicado. No game "Homefront", foram retiradas imagens e referências nominais a Kim Jong-il, mandatário da Coreia do Norte. Na edição local, ele é referido como o "líder do norte". Sabe como é: melhor evitar confusão com um vizinho instável que faz testes com armas atômicas.

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Na versão japonesa de "Scribblenauts", game para Nintendo DS, há vários personagens famosos da Konami, como Old Snake, de "Metal Gear Solid 4"
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