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Direto da GDC: "Shadows of the Damned" mostra uma visão única do inferno

THÉO AZEVEDO<br>De San Francisco

08/03/2011 14h00

Quando Goichi Suda51 ("No More Heroes") e Shinji Mikami ("Resident Evil") viram, cada um, uma dose de uma bebida qualquer para demonstrar aos jornalistas como Garcia Hotspur, protagonista de "Shadows of the Damned", faz para recuperar sua energia, você sabe que vem algo bom por aí.

O fato ocorreu na semana passada, durante a Game Developers Conference 2011, quando a Electronic Arts promoveu um evento para mostrar diversos games, dentre eles "Shadows of the Damned". Terminado o embargo imposto pela empresa, agora UOL Jogos mostra para você porque vale a pena ficar de olho neste thriller psicológico de ação marcado para chegar em 7 de junho ao PlayStation 3 e Xbox 360.

Tanto Suda51 quanto Mikami se assumem fãs do estilo Grindhouse, explorado por figuras como Tarantino e Robert Rodriquez. "Shadows of the Damned" espelha esta influência, apresentando uma visão única do inferno, num submundo repleto de demônios bizarros e onde a morte está sempre à espreita. Basicamente, o protagonista, Garcia Hotspur, precisa ir até o inferno - aqui chamado de City of the Damned - para resgatar o amor de sua vida, sequestrada pelo demônio.

Nesta jornada, o caçador de demônios tem como companhia a caveira Johnson, que possui a habilidade se transformar em diferentes armas - algo fundamental para a mecânica de jogo, que é toda baseada no equilíbrio entre luz e sombra. É interessante ter em mente que, embora "Shadows of the Damned" seja repleto de referências macabras e não poupe nada em termos de violência, sangue e vísceras, estamos falando de um game que não se leva muito a sério: basta observar as impagáveis tiradas em espanhol nos diálogos entre Hotspur e Johnson. E, afinal, o protagonista precisa encher a cara para recuperar seu nível de saúde (!!!).

Bem-vindo ao inferno

A demonstração abrangeu os dois atos iniciais do game, quando Hotspur ainda está entrando no inferno, atrás de sua amada. Como qualquer game de ação em 3ª pessoa que se preze, boa parte da jornada é ocupada com batalhas e mais batalhas, incluindo chefões. De tempos em tempos, surge um ou outro puzzle para dar aquele bem-vindo tempinho para respirar.

"Shadows of the Damned", você logo vai notar, é cheio de lances bizarros: para começar, a cabeça de uma cabra, presa à parede, é quem gera os inimigos no cenário. Ao destruí-la, o jogador "limpa" aquela parte da fase e pode avançar. As armas variam entre revólver, escopeta e metralhadora, mas é a tocha com a caveira Johnson na ponta que faz o serviço sujo, enfraquecendo os inimigos com a luz.

Como o desafio consiste em, na maior parte do tempo, escolher a melhor arma para exterminar os inimigos com eficácia, ao menos nos dois atos demonstrados não houve lances repetitivos ou que demonstrassem que "Shadows of the Damned" é um game para enjoar facilmente. Pelo contrário: o bom humor e o sarcasmo dão um ar único à atmosfera criada por Suda51 e Mikami.

Não menos importante, há diversas movimentos de finalização para acabar com os demônios - que, aliás, aparecem em grande variedade, um mais bizarro que o outro. São elementos que, juntos, fazem o game soar irresistível para quem é chegado numa boa carnificina.

Para completar, a trilha sonora foi composta por ninguém menos que Akira Yamaoka, um dos mais talentosos compositores de "videogame music" do mundo.

Se "Shadows of the Damned" conseguir manter o fôlego até o final, sustentando uma trama interessante, então pode se colocar no rol dos títulos mais interessantes de 2011.