Saturn, PlayStation ou Nintendo 64: qual o melhor console da geração 32 e 64 bits?

A passagem da geração dos 16 bits para a era dos gráficos vetoriais proporcionados pelos consoles de 32 e 64 bits foi uma das mais movimentadas, com várias trocas de posições. Foi nessa geração que a Sony apareceu para o mundo dos games e foi logo sentando na janelinha.

O primeiro a adentrar o ringue da quinta geração de videogames foi a Sega com seu Saturn, no final de novembro de 1994; o PlayStation da Sony veio logo depois. Os dois consoles travaram uma disputa acirrada no Japão: o primeiro tinha "Virtua Fighter", o segundo combateu com "Ridge Racer.

Apesar de a disputa ter sido acirrada até certo ponto - tanto que o Saturn é o videogame da Sega que mais vendeu no Japão -, o PlayStation tomou a liderança com seu menor preço e maior quantidade de títulos. Pesou também a visão do engenheiro Ken Kutaragi, o principal idealizador do videogame da Sony, que fez uma máquina que lida melhor com gráficos em 3D (e viria a ser padrão na indústria).

Já a Nintendo, vencedora da geração anterior, chegou tarde à quinta geração, e encontrou um PlayStation já bem estabelecido no mercado. O fato de o Nintendo 64 usar cartuchos desagradou as produtoras devido ao alto preço e demora na produção. Assim, companhias que detinham franquias populares, como a Square (de "Final Fantasy") e a Enix (de "Dragon Quest"), passaram a fazer jogos exclusivamente para PlayStation. Sem as duas principais séries nipônicas de RPG, o Nintendo 64 vendeu menos que o Saturn no Japão.

Veja dados de cada um dos consoles:

COMPARE OS VIDEOGAMES

Saturn	PlayStation	Nintendo 64
Lançamento
22/11/1994 (Japão) 11/05/1995 (EUA) 1995 (Brasil)	03/12/1994 (Japão) 09/09/1995 (EUA) *Não saiu no Brasil	23/06/1996 (Japão) 29/09/1996 (EUA) 1996 (Brasil)
O que é o videogame?
Console com dois CPUs de 32 bits e leitor de CD-ROM. Viveu uma situação paradoxal: ao mesmo tempo em que foi o console da Sega que mais fez sucesso no Japão, foi o que menos vendeu no mundo.	Primeiro videogame da Sony, a empresa chegou à liderança do mercado de games em apenas uma geração. No final, alcançou a marca de 102 milhões de unidades vendidas, um recorde para um console de mesa.	Foi o último videogame da quinta geração e era, teoricamente, mais avançado que os concorrentes. Embora as concorrentes usassem CD, a Nintendo insistiu nos cartuchos, alegando os benefícios da velocidade de acesso.
Diferencial do hardware
Em comparação com os concorrentes, tinha uma estrutura de memória muito mais eficiente. Resultado: jogos em 2D, principalmente os de luta, eram muito melhores no videogame da Sega.	Sua arquitetura privilegia os jogos com gráficos 3D, que se tornaram padrão ao longo da década. Além disso, é bom em mostrar vídeo, o que permitiu jogos "cinematográficos" como "Final Fantasy VII".	O cartucho, como mídia, era uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo em que é rápido, tem limitação de memória. O console da Nintendo também foi o primeiro a ter uma alavanca analógica no controle-padrão.
Jogos e séries marcantes
"Virtua Fighter": considerado uma das melhores séries de luta de todos os tempos - ao menos para os japoneses -, a franquia foi um dos carros-chefes do videogame. "Virtua Fighter 2" é o best-seller do console. Jogos de corrida da Sega: o.k., o primeiro "Daytona USA" não foi legal, mas se redimiu com o "Circuit Edition". Além disso, "Sega Rally" também teve uma boa conversão no console. "Panzer Dragoon": é um jogo de tiro espacial diferente, com visão em terceira pessoa, em que se controla um dragão. Além de dois games assim, também saiu uma versão em RPG, chamado "Panzer Dragoon Saga", que virou um clássico cult. Jogos de luta da Capcom e SNK: a Sega projetou o Saturn para ser um console com ótima capacidade para gráficos 2D e isso (além de expansões de memória) rendeu vantagem na hora converter jogos como "The King of Fighters 95" e "Marvel vs. Street Fighter", que ficaram fiéis à edição para fliperamas. "NiGHTs ": o Saturn ficou devendo um bom jogo de Sonic, mas os criadores do personagem fizeram outro clássico. "NiGHTs" até fez por merecer um novo controle, que tinha um direcional analógico. Jogos da Treasure: a produtora que fazia milagres no Mega Drive também deixou bons jogos no Saturn, casos de "Guardian Heroes" e "Radiant Silvergun". Mais: outros jogos célebres do Saturn incluem "Digital Pinball", o RPG "Grandia", a versão mais completa de "Castlevania: Symphony of the Night" e o tiroteio de "House of the Dead".	Série "Final Fantasy": três games da franquia de RPG foram lançados exclusivamente para o videogame e, principalmente, o sétimo episódio ficou marcado ao estabelecer um novo patamar de qualidade. A produtora Square ainda acertou com games como "Brave Fencer Musashi", "Vagrant Story", "Chrono Cross", "Parasite Eve" e "Einhänder". Jogos de terror: "Resident Evil", em 96, inaugurou o filão no console, e, depois, a Konami trouxe "Silent Hill", com pegada de "horror psicológico". A Capcom ainda fez "Dino Crisis", que tem fórmula parecida com a de "Resident". "Metal Gear Solid": a série já existia, mas a versão para PlayStation fez explodir sua popularidade e alçou Hideo Kojima ao estrelato. É considerado um dos melhores jogos do console. A Konami ainda fez "Symphony of the Night", um dos melhores "Castlevania" de todos os tempos. Série "Tomb Raider": além de inaugurar o gênero "aventura de arqueologia", "Tomb Raider" foi o berço da mais conhecida musa virtual dos games, a inglesa Lara Croft. Jogos da Namco: a companhia japonesa foi uma das mais prolíficas do PlayStation, lançando as séries "Ridge Racer", "Tekken", "Soul Blade" e "Ace Combat". Série "Gran Turismo": fez uma revolução nos games de direção, fortalecendo os elementos de simulação, algo que já era comum nos computadores. Mais: tesouro de clássicos, o PlayStation ainda teve "Syphon Filter", "Crash Bandicoot", "Driver", "Tony Hawk's Pro Skater" e "Fear Effect".	"The Legend of Zelda: Ocarina of Time": o episódio não é apenas considerado um dos melhores jogos do Nintendo 64, mas um dos maiores obras-primas de todos os tempos. O game influenciou os games em terceira pessoa introduzindo um sistema de alvo fixo, em que o objeto ou um inimigo determinado fica sempre no centro da tela. A continuação, "Majora's Mask" também é excelente. "Super Mario 64": talvez seja o melhor jogo de estreia da história. Outra grande obra de Shigeru Miyamoto, transpôs com perfeição a mecânica de "Super Mario Bros." para o mundo 3D. "International Superstar Soccer 64": ancestral de "Pro Evolution Soccer", o título é o melhor futebolístico do console, mesclando bons controles e sistema de jogo. "Star Fox 64": o game de combate espacial era complexo demais para o Super Nintendo, mas se realizou plenamente no console de 64 bits. E nunca mais se fez um "Star Fox" melhor. "Super Smash Bros.": é a visão da Nintendo dos games de pancadaria, reunindo as maiores estrelas da companhia. A fórmula deu certo e continuações foram lançadas para GameCube e Wii. "GoldenEye 007": a produtora inglesa Rare viveu sua era mais produtiva no Nintendo 64 e o game do agente com permissão para matar foi sua maior obra-prima. O game colocou em evidência os jogos de tiro em primeira pessoa nos videogames. A produtora ainda fez "Killer Instinct Gold", "Donkey Kong 64", "Perfect Dark", "Banjo-Kazooie" e "Conker's Bad Fur Day".
Momento "fail"
O Saturn é o console da Sega que menos vendeu mundialmente, apesar de ter ido muito bem no Japão. Somando tudo, apenas 8,76 milhões desse videogame saíram das prateleiras.	Nas primeiras levas do console, todas as peças do leitor de CD eram de plástico, que se desgastavam rapidamente, mudando o direcionamento do laser e dificultando (ou até impossibilitando) a leitura do disco.	O cartucho tinha vantagens, mas também contratempos: era caro e espaço limitado, o que não permitia colocar vídeos, que era moda na época. Assim, perdeu apoio de produtoras como Square, Enix e Capcom.
Momentos de superação
"Burning Rangers": o game conseguiu fazer efeitos reais de transparência, e se tornou um dos jogos mais bonitos do Saturn.	"Tekken 3" e "Vagrant Story": lançados na fase "madura" do console, são alguns dos títulos mais deslumbrantes de toda a biblioteca do videogame.	"Star Wars: Battle for Naboo": rodava na máxima resolução (640 por 480 pontos), tinha muitos efeitos de partícula e o cenário era preenchido até o fundo da tela.
Exemplos de acessórios oficiais
DirectLink: trata-se de um cabo que permite partidas multiplayer local entre dois consoles. Apenas oito jogos usavam o acessório, como a versão europeia de "Doom". Sega NetLink: é um modem para conexões discadas. Cinco jogos usam o recurso multiplayer online desse acessório nos Estados Unidos, como "Duke Nukem 3D".	Pocket Station: lançado apenas no Japão, é um aparelho que permite jogar minigames muito parecido com o Visual Memory do Dreamcast. Dual Shock: ao controle-padrão do PlayStation, foram colocados dois direcionais amadores e dois motores para a função de vibração. Esse joypad também foi base para os controles do PlayStation 2 e 3.	Rumble Pak: introduziu a função de vibração nos controles, em que o dispositivo chacoalha conforme a ação na tela (uma explosão, por exemplo, fazia o controle tremer). 64DD: lançado apenas no Japão, é um leitor de discos para o Nintendo 64. Foram lançados poucos títulos para o acessório, como um kit de expansão para "F-Zero X".
Vendas mundiais
8,76 milhões	102,49 milhões	32,9 milhões
Mais imagens de jogos
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Batalha pelo Ocidente

Já nos Estados Unidos, o Saturn falhou devido ao alto preço e a Sega tentou estender a vida útil do Mega Drive. A maior quantidade de jogos também pesou a favor do PlayStation no Ocidente. Com franquias populares como "Resident Evil", "Tomb Raider", "Silent Hill" e "Metal Gear Solid", teve uma grande acolhida nos mercados norte-americano e europeu. Num grau menor, o Nintendo 64 também foi sucesso de público: o console não tinha tantos jogos, mas alguns eram verdadeiras obras-primas, casos de "Super Mario 64", "The Legend of Zelda: Ocarina of Time" e "GoldenEye 007".

Assim, a Sony não apenas chegou à liderança em apenas uma geração, mas produziu o primeiro console de mesa a vender mais de 100 milhões de unidades. A divisão de videogames, a Sony Computer Entertainment, virou queridinha dentro do conglomerado. Para a Nintendo ficou a ironia de ter sido derrotada por aquele que lhe propôs uma parceria na época do Super Nintendo. O acordo para a produção de um CD-ROM para o videogame de 16 bits foi desfeito pela Big N na undécima hora - e foi o estopim para a Sony entrar no mercado de videogames. Acabou acordando uma fera.

Veja série de vídeos do Saturn, PlayStation e Nintendo 64 (clique nas setas laterais para ver mais):