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Há 2 meses no Brasil, "World of Warcraft" agrada jogadores, mesmo com falhas

Pablo Raphael

do UOL, em São Paulo

06/02/2012 18h46

Em 6 de dezembro de 2011, o jogo online "World of Warcraft" chegou oficialmente ao Brasil, com servidores dedicados e conteúdo totalmente traduzido. A assinatura mensal, mais barata do que nos EUA, incentivou os usuários a transferirem seus personagens para a versão brasileira. Uma estratégia de preços agressiva garantiu que uma nova leva de jogadores visitasse o mundo de "Warcraft" pela primeira vez.

O crescimento da comunidade brasileira foi maior do que o esperado pela Blizzard. Dos dois "Reinos", como são chamados os servidores em "WoW", dedicados ao país em dezembro, hoje o jogo conta com 5 Reinos: 3 PvP (jogador contra jogador) e 2 PvE (jogador contra ambiente).

Início tortuoso

Como todo começo, não foi um processo fácil e não são poucos os jogadores que guardam lembranças ruins dos primeiros dias de "WoW" no Brasil. A migração de personagens, principalmente, parece ter sido mais problemática do que o esperado.

A carioca Leticia Fiuza, por exemplo, só conseguiu migrar um de seus personagens durante o período de transferência gratuita. "Foi um alvoroço, o novo reino estava sempre lotado e não conseguia logar, logo em seguida acabou bloqueado para transferrência. Passei um personagem para o Goldrinn, os outros ficaram nos EUA, no Aerie Peak", explica.

SUPER POPULAÇÃO

  • Reprodução

    48 horas: esse foi o tempo necessário para lotar Nêmesis, o primeiro Reino brasileiro de "WoW". Para acabar com as filas de espera - que chegaram a 3000 pessoas - a Blizzard abriu o Reino de Tol' Barad.

Os problemas de migração atingiram guildas inteiras. Gabriela Nascimento, de 23 anos, celebrou a chegada de "WoW" ao Brasil em grande estilo: foi a vencedora do concurso de cosplay da festa de "World of Warcraft" na Casa das Caldeiras, em São Paulo. Gabriela é líder de sua guilda e passou por vários problemas na transferência do grupo de jogo para os Reinos brasileiros.

"Meu personagem tentou fazer uns 'achievements' de Realm First (Primeirão, em português), e não podia". Em contato com a Blizzard, Gabriela foi informada que por ter realizado uma transferência paga, precisava esperar 60 dias para obter o título, se ninguém o pegasse antes.

O atendimento na Battle.net, para Gabriela, também foi motivo de dores de cabeça: "Os atendentes falam português e normalmente o atendimento é impecável. Ultimamente tem sido de menor qualidade, com informações confusas por parte de alguns funcionários, mas se você persiste, outro atendente aparece e consegue dialogar".

Para o carioca Wesley Lopes, de 31 anos, o maior problema de jogar "World of Warcraft" no Brasil é justamente o aumento de jogadores, que o coloca em maior contato com "tipos sem educação, grossos e sem respeito". "Antes encontrava isso, mas atualmente o número de vezes que isso ocorre é maior", queixa-se Wesley.

FÃS EXPLICAM PORQUE "WOW" É TÃO DIVERTIDO; ASSISTA

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Versão brasileira

Dias antes do lançamento brasileiro, já era possível jogar "World of Warcraft" em português. A localização do jogo foi um dos pontos cruciais para atrais novos jogadores por aqui. O idioma é totalmente opcional, mas de forma geral, os usuários elogiam o resultado.

"Finalmente consigo entender as quests direito e as ligações entre elas, além de gostar da dublagem nacional, principalmente durante as dungeons, que tem mais dublagem na hora dos chefes", diz Rodrigo Flausino, 27 anos, analista de sistemas de Varginha, Minas Gerais.

Para Leticia Fiuza, jogar em português é como redescobrir o game: "É sempre uma boa surpresa, o trabalho foi muito bem feito. Tenho me divertido nas quests, rio muito com a dublagem e com a adaptação que fizeram para nossa lingua".

TRAILER DE "HORA DO CREPÚSCULO", EXPANSÂO DE "WOW"

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Para os veteranos, porém, a localização para o português é vista mais como uma curiosidade. "Nossos dubladores são, em maioria, muito bons, mas as adaptações, apesar de sensatas, confundem", diz Gabriela Nascimento.

Outro empecilho são os "add-ons", programas utilizados por muitos jogadores em paralelo ao game, que auxiliam o jogador na hora de procurar por uma missão ou nas raides. "Apesar de ter me interessado em jogar em português, muitos add-ons iriam simplesmente parar de funcionar", comenta Wesley Lopes. "Mas vejo sempre meus colegas de guilda comentando alguma coisa e acho bem divertido", completa.

Sem números oficiais

A Blizzard não divulga números oficiais, nem um porcentual entre jogadores novos e jogadores que migraram de outros países. A empresa também não tem planos de lançar novos produtos licenciados no Brasil: lá fora, a próxima novidade são miniaturas da linha Mega Bloks. Por aqui, ficamos com algumas poucas camisetas e um guia de estratégia, distribuido pela editora Europa.

Ainda assim, dado o aumento na quantidade de servidores e as vendas expressivas do game nas lojas brasileiras no final de 2011, pode-se dizer que "World of Warcraft" está se estabelecendo bem no país.

Ainda há um longo caminho a percorrer no "World of Warcraft" brasileiro, mas os usuários são unânimes em afirmar que, 2 meses depois do lançamento, o jogo está mais estável, o atendimento tem melhorado e com novos servidores, a população online está melhor equilibrada, sem as filas intermináveis dos seus primeiros dias.