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Direto da GDC: Para criador de "Mega Man", indústria de games do Japão acabou

Théo Azevedo

do UOL, em San Francisco

08/03/2012 13h11

  • Reprodução

    Um dos principais designers de jogos do Japão, Keiji Inafune foi enfático em sua afirmação de que os games nipônicos ficaram no passado.

“Game over”. Esta foi apenas uma das várias expressões utilizadas por Keiji Inafune, criador de “Mega Man” e hoje à frente de sua própria produtora, a Comcept, para definir o atual estado da indústria de desenvolvimento de jogos no Japão. “Envergonho-me em admitir isso, mas viajo pelo mundo e por onde passo sinto que os jogos japoneses ficaram no passado”, disse.

Intitulada “O futuro dos jogos japoneses”, a palestra de Inafune era uma das mais aguardadas da GDC 2012, evento que reúne produtores de games de todo o mundo em San Francisco, nos EUA. Para o executivo, ao longo dos anos os nipônicos esqueceram o significado da palavra “sucesso” e escolheram o caminho fácil ao acomodar-se em torno das grandes franquias orientais de outrora.

“Precisamos escolher o caminho mais difícil novamente para que, com determinação e dedicação, voltemos a criar grandes franquias”, explicou Inafune, que no ano passado deixou a Capcom, com 900 funcionários, para fundar uma empresa menor, de 20 empregados, onde trabalha atualmente com projetos para Nintendo 3DS e PlayStation Vita, além de jogos sociais.

Nas palavras do próprio Inafune, a chave para a mudança está em, primeiramente, “assumir a derrota”. Em seguida, o executivo menciona que um dos caminhos para inovar é aproveitar o surgimento de novas plataformas, que sempre propiciam espaço para franquias inéditas. Ele citou “Resident Evil” (PlayStation), “Onimusha” (PS2), “Monster Hunter” (PSP) e “Lost Planet (X360) como exemplos dos tempos de Capcom.

  • Novas plataformas recebem melhor novas franquias, como "Lost Planet" no Xbox 360

Metralhadora giratória

Foi, como é possível notar, uma palestra pesada, e Inafune não poupou praticamente ninguém: perguntado se havia alguma produtora no Japão que se salvava das críticas por buscar um rumo diferente, ele disse que preferia não responder para evitar problemas. “Não quero criar inimigos, embora já esteja ficando com medo de voltar ao Japão (risos)”.

  • Criação favorita de Inafune, o robôzinho azul "Mega Man" pertence à Capcom

Não foi a primeira vez que Inafune abriu fogo contra a indústria japonesa, mas desta vez o fez com veemência, condenando a “mente fechada” dos conterrâneos. “Parece que os japoneses não se importam. Raramente vejo algo novo vindo de lá, pois preferimos nos apegar às nossas memórias e lançar versões em HD de antigos sucessos que, aliás, nasceram da mente de outras pessoas”.

Nem a própria Capcom, que Inafune começou elogiando, ao dizer ser a única com visão global dentre as produtoras nipônicas, escapou: ao responder a uma das perguntas do público, ele se disse preocupado com o futuro de seu xodó, “Mega Man”: “Infelizmente a marca ficou nas mãos da Capcom. Meu coração acompanha apreensivo tudo o que acontece [com ‘Mega Man’] e isso é tudo o que eu posso dizer no momento”.

O executivo ainda sugeriu reinventar as marcas populares do Japão enquanto elas ainda têm força. Ele mesmo disse que, em breve, pretende introduzir um novo heroi no mercado, talvez para não ficar tão ligado ao “Mega Man” que o consagrou.