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"Dragon's Dogma" é sucessor espiritual dos fliperamas de "D&D"; leia impressões

Pablo Raphael

Do UOL, em Roma*

12/04/2012 10h01

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"Dragon's Dogma" é uma das produções híbridas da Capcom que chegam em 2012: parceria entre desenvolvedores japoneses e ocidentais, o game é uma aventura de fantasia medieval com todos os elementos típicos do gênero, mas com combates ao estilo  dos jogos de ação orientais e integração às redes sociais Twitter e Facebook.

Mais do que isso, é um retorno da Capcom aos jogos de RPG ocidentais. Não é a primeira empreitada da produtora no gênero - fãs de fliperama devem se lembrar de "Tower of Doom" e "Shadows over Mystara", jogos de beat'n up ambientados nos mundos fantásticos de "Dungeons & Dragons".

As iniciais "DD" e "D&D" podem ser coincidência, mas "Dragon's Dogma" lembra muito as aventuras do tradicional RPG 'de mesa'. Desde a criação dos personagens e a importância do grupo de aventueiros até o clima sombrio das masmorras e a luta contra dragões e outros monstros, a Capcom dá ao seu RPG o mesmo clima dos jogos de dados e papel.

  • Reprodução

    A Capcom não possui mais os direitos para produzir videogames de "Dungeons & Dragons". A licença, que pertence à Wizards of the Coast, já rendeu vários games, como as séries "Baldur's Gate" e "Neverwinter Nights", o jogo de estratégia "Dragonshard" e o mais recente, "D&D Online".

UOL Jogos experimentou uma versão quase completa do jogo durante o Captivate, evento para imprensa realizado em Roma, na Itália. Passar umas poucas horas nesse tipo de jogo não é a melhor forma de avaliar "Dragon's Dogma" - assim como "Skyrim", é o tipo de game que requer tempo e dedicação para ser aproveitado em sua plenitude.

Mas ao término da demonstração, ficou a vontade de continuar jogando, o que sem dúvida é um ponto positivo.

Fantasia e pancadaria

Uma rápida aventura através de uma caverna infestada de inimigos - entre eles uma grande quimera, uma criatura com uma serpente na cauda e 2 cabeças, uma de bode e uma de leão - faz às vezes de tutorial, ensinando os conceitos básicos do jogo, como o sistema de "Pawns" (companheiros que podem ser recrutados ao longo do game) e o combate, sem dúvida, o cerne de "Dragon's Dogma".

A criatura lembra muito a quimera de "Tower of Doom" e pode ser considerada uma referência ao jogo de fliperama. De fato, muitas das batalhas com os chefões de "Dragon's Dogma" parecem saídas diretamente das aventuras de RPG 'de mesa' de seus criadores, com gigantes, ogros e claro, dragões.

É nas batalhas que "Dragon's Dogma" se sobressai. O jogo está bem melhor do que quando foi apresentado na E3. Os movimentos estão mais elaborados e é possível sentir melhor o peso dos golpes.

No combate se percebe o DNA nipônico de "Dragon's Dogma". O herói possui vários golpes especiais, ativados via intrincadas combinações o controle - quase como em um jogo de ação típico da Capcom. Em comparação à demo vista na E3 2011, o sistema de jogo parece mais elaborado e as armas transmitem uma sensação de impacto muito superior.

Seu maior diferencial está na opção de agarrar o adversário, que resulta em momentos únicos. Um membro do grupo - controlado pela máquina, vale lembrar, "Dragon's Dogma" é uma aventura para um jogador - pode segurar um inimigo pequeno para que você finalize o pobre coitado com sua espada, por exemplo.

Já quando o grupo está diante de um inimigo maior, como um gigante ou dragão, você pode tentar montar e escalar a criatura. O grupo pode subir no monstro e tentar alcançar sua cabeça para desferir um golpe fatal.

Monstros caídos deixam tesouros e itens, como poções de cura e novas armas. Assim como em "Diablo", equipar novas armaduras, roupas e armas é parte da diversão e tudo fica visível no personagem.

Mundo cheio de perigos e tesouros

O mundo de "Dragon's Dogma" é aberto e o jogo recompensa a exploração com tesouros escondidos e uma boa variedade de encontros aleatórios em suas estradas e cavernas. Há grandes cidades com lojas, tavernas e personagens sempre dispostos a oferecer uma missão, assim como castelos infestados de monstros, masmorras e florestas sombrias.

É tentador vagar sem rumo por suas paisagens, mas quem preferir se concentrar na história, estará bem servido: "Dragon's Dogma" oferece cerca de 60 horas em sua campanha principal. Com as missões secundárias, esse tempo aumenta rapidamente para mais de 100 horas de jogo.

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    "Tower of Doom" e "Shadow over Mystara" são fliperamas da Capcom ambientados nos cenários de "Dungeons & Dragons". Neles, os jogadores podem escolher entre classes de personagens, cada uma com seus poderes e habilidades, além de equipar itens mágicos e poções. Os games foram relançados na coletânea "D&D Collection", para Saturn, em 1999. O custo elevado da marca é, provavelmente, o maior impedimento para uma versão para download em alta definição desses clássicos dos arcades.

Companheiros de aventura

Em "Dragon's Dogma", seu aventureiro pode contratar magos, ladrões e guerreiros para ajudar em suas missões. É possível obter companheiros de graça, desde que eles sejam de nível inferior ao do herói. Você também pode pagar com suas suadas peças de ouro por um companheiro mais poderoso - que sai caro, mas facilita a vida nas masmorras mais difíceis.

O jogo mantém um registro dos seus companheiros, com a experiência que adquiriram e as armas e armaduras que foram equipadas durante as partidas. Um incentivo para experimentar novos aliados, ainda mais com a opção de trocar os membros do grupo em determinadas partes das masmorras de "Dragon's Dogma".

HERÓIS ENFRENTAM MONSTROS EM "DRAGON'S DOGMA"

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O detalhe mais interessante do sistema de "Pawns" é a opção de contratar os personagens dos seus amigos como companheiros nas aventuras do jogo. Ao fazer isso, o game cria uma cópia do personagem em seu perfil. Essa cópia adquire experiência e pode ser equipada com itens encontrados durante a sessão de jogo - e o proprietário do herói recebe os pontos de experiência e os itens após o fim da partida.

Embora "Dragon's Dogma" seja uma aventura solo, a Capcom incluiu algumas formas de interação entre os jogadores, utilizando o Facebook e o Twitter: você pode divulgar suas estatísticas, exibir suas novas armas mágicas e principalmente, anunciar seu herói para que seus amigos se interessem em "contratá-lo" como companheiro em seus próprios jogos.

Os anúncios podem ser postados sem sair do jogo e podem amenizar um pouco a sensação de solidão, típica dos longos RPGs para um jogador, mas não vai além disso: nada de partidas online com os amigos.

Ainda que muitas pessoas se interessem por "Dragon's Dogma" apenas pela oportunidade de jogar a demonstração de "Resident Evil 6" - através de um código que acompanhará o jogo na ocasião de seu lançamento - é um jogo que deve surpreender os mais céticos e agradar em cheio aos fãs de aventuras de espada e magia.

"Dragon's Dogma" chega em 22 de maio, com versões para PlayStation 3 e Xbox 360.

VEJA O SISTEMA DE EVOLUÇÃO DE "DRAGON'S DOGMA"

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*O jornalista viajou a convite da Capcom.