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Rede Zynga with Friends integra aparelhos e quer ser a "Xbox Live dos jogos sociais"

Claudio Prandoni

Do UOL, em San Francisco*

27/06/2012 13h02

"Queremos fazer algo parecido com a Xbox Live, criar uma rede de serviços". Foi assim que Mark Pincus, CEO da Zynga, definiu a Zynga with Friends, ferramenta da produtora que agrega serviços para games sociais. A novidade foi anunciada nesta terça-feira (26) durante o evento Zynga Unleashed, realizado na sede da empresa, em San Francisco, nos EUA.

Projetada para redes sociais, PCs, tablets e telefones celulares, a rede é, ao lado do recém-anunciado "Farmville 2", a principal aposta da empresa para frear a evasão de jogadores de seus games - e também a queda livre dos valores das ações da Zynga no mercado americano.

Por meio da Zynga with Friends, por exemplo, será possível que uma pessoa jogando Words with Friends pelo Facebook enfrente um usuário jogando no iPad e outro no Android.

Ainda sem data para estrear, o serviço estará disponível nos títulos da Zynga, mas será oferecido também para outras produtoras, como uma forma prática e fácil de aplicar elementos de interação em games para redes sociais e plataformas móveis.

Ou seja, além de produtora e distribuidora de jogos, a Zynga busca assumir também o papel de fornecedora de "middleware" - similar ao que a Epic Games faz com seu motor gráfico Unreal Engine - para diversificar negócios e consolidar sua presença e liderança no mundo dos jogos sociais.

ZYNGA INDIE?

No evento, a Zynga lançou o programa Zynga Partners for Mobile, que oferece recursos para que desenvolvedoras lancem títulos para a Zynga with Friends.

Empresas como Konami, Majesco e Atari já confirmaram jogos pelo programa, mas ele está aberto também para produtoras menores e independentes. Para mais informações, basta visitar o site https://developers.zynga.com.

A Zynga with Friends oferece também multiplayer em tempo real (o primeiro título com suporte será "Bubble Safari"), chat por texto e detalhadas estatísticas para desenvolvedores e anunciantes.

O pacote integra ainda um robusto sistema de coleta de dados dos hábitos dos jogadores, chamado Active Social Network (ASN). Segundo Kostadis Roussos, engenheiro chefe da Zynga, o ASN permitirá aos produtores testarem novos elementos e ter uma resposta dos jogadores em minutos, descobrindo assim rapidamente se há bugs e o que funciona bem ou não.

Consoles tradicionais, como Xbox 360, PlayStation 3 e o Wii ficam de fora do serviço. De acordo com Manuel Bronstein, gerente geral da Zynga, estas plataformas não são tão acessíveis quanto redes sociais, tablets ou telefones celulares, além de representarem custos mais elevados de produção. "Para resumir, é um modelo muito diferente do nosso", completa Bronstein.

JOGOS NOVOS

Além de "Farmville 2", os seguintes jogos foram anunciados para a rede Zynga with Friends:
The Ville - muito parecido com "The Sims", o game oferece a possibilidade de gerenciar a vida de uma pessoa virtual e interagir com outros avatares.
Chefville - aqui o objetivo é gerenciar um restaurante, aprendendo novas receitas e comprando equipamentos melhores. É possível habilitar receitas reais para aprender.
Zynga Elite Slots - versão refinada do game de caça-níqueis da empresa. Apresenta novas mecânicas e cenários temáticos de caubóis, vampiros e mais.
Matching with Friends - com multiplayer assíncrono, é um game de combinar peças coloridas iguais para eliminar do tabuleiro.
Rubber Tacos - arremesar guerreiros mexicanos de lucha libre em alvos é o objetivo neste título de visual cartunesco e opção de criar e compartilhar fases.
ClayJam - o inusitado visual feito de massinha chama a atenção neste game de ação em que o objetivo é desviar de obstáculos e rolar sobre pequenas criaturas.
Twist Pilot - no comando de uma hélice vermelha, a missão é navegar por fases coletando itens e desviando de obstáculos.
Horn - considerado o jogo mais hardcore da apresentação, "Horn" apresenta belo e complexo visual com mecânica de combate similar à de "Infinity Blade".

Zynga e o Brasil

  • Claudio Prandoni/UOL

    Para Mark Pincus, CEO da Zynga, formas de pagamento e compra de créditos são principais problemas do Brasil no mercado de jogos sociais

Durante o evento, Mark Pincus exaltou também o papel do Brasil no cenário global: "Acho que [o Brasil] é o principal país da América Latina para jogos sociais atualmente", comentou ele.

Ainda assim, a Zynga não cogita, no momento, abrir um escritório da empresa em território brasileiro. "O Brasil ainda tem muitos problemas com relações a formas de pagamentos, compra de créditos e ainda está desenvolvendo o uso de propagandas personalizadas dentro dos jogos, explicou Pincus.

Vale notar, o executivo não comentou exatamente qual o grau de importância do Brasil para a Zynga, chegando a dizer que é um mercado de importância igual à Turquia.

Entre estúdios de desenvolvimento de jogos e escritórios administrativos, a Zynga conta com quase vinte estúdios, a maioria nos Estados Unidos. Fora do país, a empresa têm escritórios em países como Alemanha, Canadá, China, Índia e Japão.

Dados recentes divulgados pelo Ibope dizem que cerca de 80 milhões de brasileiros utilizam a internet, tornando o Brasil a quinta nação mais conectada do mundo. Deste total, cerca de 25 milhões de pessoas utilizam o Facebook - principal plataforma dos jogos da Zynga atualmente.

A Zynga não revelou quantos brasileiros jogam seus games atualmente e quanto gastam em bens virtuais, mas apontou que "CityVille" é o game da empresa mais popular no país. Porém, dados de analistas divulgados pelo site Proxxima indicam que brasileiros já respondem por R$ 200 milhões em vendas de itens virtuais da Zynga, e a expectativa é de em breve essa marca chegue a R$ 300 milhões.

TOP 5

De acordo com a Zynga, estes são os jogos mais populares da empresa no Brasil:

1 - CityVille
2 - CastleVille
3 - Hidden Chronicles
4 - Zynga Poker
5 - FarmVille

Ascensão e queda

Mesmo com diversos anúncios e novidades feitos pela Zynga, a pergunta mais feita por jornalistas durante o evento Zynga Unleashed saiu sem resposta: como explicar a brutal queda de valor das ações da empresa após a abertura de capital?

O discurso foi bem ensaiado, já que todos os representantes da empresa, desde assessores de imprensa até gerentes desviaram da questão repetindo o mesmo discurso de "hoje é um dia para falar sobre jogos, não de negócios".

Ao menos, o gerente geral da divisão mobile, David Ko, comentou o declínio de usuários em "Draw Something", popular jogo de desenhar para celulares.

Sem entrar em detalhes, Ko sugeriu que os números não seja assim tão alarmantes e que outros títulos de sucesso para aparelhos móveis sofrem baques semelhantes: "Muitas empresas não divulgam os dados de quantos usuários estão jogando. Nós divulgamos, então acabamos sofrendo críticas".

"Ainda assim, mesmo que fosse uma queda muito grande, é o tipo de jogo que queremos ter em nosso portfólio pela experiência social que oferece", explicou Ko. Como exemplo do potencial da marca, o executivo relembrou que a Zynga fechou contrato com a rede americana CBS para criar um programa de auditório baseado em "Draw Something".

* O jornalista viajou a convite da Zynga