Topo

Jogamos: multiplayer diverte, mas "Alien: Colonial Marines" ainda não mostra a que vem

Théo Azevedo

De Plano (EUA), para o UOL*

27/12/2012 13h34

Nem parece, mas “Alien” estreou no longínquo ano de 1979. Daí a expectativa da Sega de que “Aliens: Colonial Marines”, previsto para chegar em 16 de fevereiro para PC, PS3 e Xbox 360, seja o primeiro contato de muita gente – especialmente os mais jovens - com a franquia que estabeleceu um novo patamar para os filmes de horror e ficção científica.

O UOL Jogos foi até a Gearbox Software, no Texas, testar “Colonial Marines”, que embora ofereça um multiplayer divertido, colocando aliens e marines em lados opostos, ainda não mostra exatamente a que vem no single-player, que se debate no dilema entre ser uma experiência “Aliens” ou um shooter.

O jogo se passa algumas semanas após “Aliens 3”, mas para a provável sorte de todos nós não está atrelado a nenhum filme específico. Na verdade, “Colonial Marines” é um produto canônico da série – ou seja, qualquer filme ou game que venha em seguida terá que levar o enredo em consideração.

O personagem principal, Christopher Winter, faz parte de um grupo de marines enviado à nave U.S.S. Sulaco para procurar por Ellen Ripley, Dwayne Hicks e outros membros do grupo enviado ao planeta LV-426. Nem Winter ou mesmo seus aliados sabem exatamente o que está acontecendo, o que aproxima o enredo de “Colonial Marines” daqueles jogadores que nunca tiveram um contato com “Aliens”.

“Queremos passar a sensação de que você está dentro de um filme, mas sem repetir muito as mesmas coisas. Tem que ser uma nova experiência”, explica Brian Martel, co-fundador da Gearbox. “É como estar em um filme que você nunca vai assistir”, completa.

VEJA UMA DEMONSTRAÇÃO DO GAME

  •  

Filme ou jogo?

Testamos a 4ª missão de “Colonial Marines”, intitulada No Hope in Headley's e, logo de cara, nota-se o esforço da produtora em criar uma atmosfera de terror compatível com “Aliens”. Afinal, diferentemente do filme, no jogo os xenomorphs aparecem em profusão, quebrando um pouco do “fator susto”. Mas o uso inteligente das sombras e dos ambientes escuros, aliado à IA dos aliens, que flanqueiam o jogador e mudam suas estratégias de ataque, ajudam a sustentar a experiência.

Por uma questão de sobrevivência – e para justificar o modo cooperativo para duas pessoas -, Winter nunca está sozinho. Não existem muitos tipos diferentes de aliens, mas digamos que mesmo assim eles se viram bem demais: há desde aqueles que atacam frontalmente até outros que cospem ácido à distância, mas todos, em geral, mudam de comportamento para flanquear e emboscar – andando pelo teto, aproveitando frestas nos corredores e aparecendo, sabe-se lá de onde, por trás de você.

“Partimos do princípio que os xenos fazem parte da hierarquia de uma colmeia: há uma rainha, os trabalhadores, soldados, guardas, scouts”, conta John Mulkey, produtor do game.

Mas será que esse tiroteio incessante contra os monstrengos vai sustentar a campanha single-player até o fim? Mulkey aposta nas diferentes situações conforme o contexto: “Talvez você esteja com seu esquadrão, talvez seu esquadrão esteja morto, talvez você esteja sozinho. E todas essas experiências mudam a forma como você vivencia o que acontece ao seu redor”.

Porém, pelo que vimos de “Aliens: Colonial Marines”, estamos falando de um jogo que corre sobre um script bem delimitado, tal qual um filme. Um membro relevante do seu esquadrão, por exemplo, só vai morrer se se isso estiver escrito na história, não importa quantos ataques sofra dos xenos nas situações anteriores à sua “morte programada”.

Como um shooter, o desafio está em puramente se manter vivo: os marines são frágeis, os aliens atacam em grupos e medkits não aparecem em profusão – tampouco a barra de energia se regenera sozinha. O ponto-chave é economizar munição e tomar muito cuidado nos momentos em que é preciso recarregar, pois é quando o marine fica mais exposto aos ataques.

“Colonial Marines” dá as boas-vindas aos novatos com uma experiência sólida de shooter, enquanto presenteia os fãs de “Aliens” com um zilhão de easter eggs, mas ainda não é possível ver no que o jogo propõe a inovar o gênero – se é que o faz. E para quem acha que games baseados em franquia nunca são inovadores, lembre-se de “Batman: Arkham”.

Melhor no Wii U

Tempos atrás Randy Pitchford, chefão da Gearbox, desatou em elogios ao Wii U, chegando a dizer que o Game Pad “é o melhor controle hardcore que a Nintendo já fez”.

Ao que parece a produtora está mesmo confiante de que a versão de “Aliens: Colonial Marines” para o aparelho será a melhor entre os consoles:

“O Wii U tem muita memória se comparado à atual geração, o que vai garantir gráficos e texturas mais realistas”, diz Brian Martel, co-fundador da companhia.

Perguntado sobre o que esperar do jogo no Wii U, John Mulkey, produtor de “Colonial Marines”, preferiu manter um certo mistério: “Pense dessa maneira: sou um marine e tenho uma tela sensível ao toque [o Game Pad] em mãos. O que eu faria com ela?”.

Por certo, conte em usar o Game Pad como sensor de movimentos dos marines, mas deve haver outras surpresas guardadas para o controle.

Marines vs. Aliens

Após passar duas horas jogando o multiplayer a conclusão é que a ousadia de colocar aliens contra marines tem lá seu preço – animações e controles que precisam de ajustes -, mas dá pra se divertir um bocado com os embates.

Demorou...

Divulgação
Não chega a ser um "Duke Nukem Forever" ("nunca serão!"), mas "Colonial Marines" também tem história pra contar: produzido pela Check Six Games, seria publicado em 2001 por Fox Interactive e Electronic Arts, mas foi cancelado.

Em 2006 a Sega anunciou a aquisição dos direitos sobre o jogo e passou a produção para a Gearbox. O anúncio oficial viria dois anos depois e, hoje, mesmo a Sega admite que foi prematuro, já que "Colonial Marines" ainda estava em fase de pré-produção.

A partir de então, boatos e adiamentos rondaram o projeto, mas o game entrou nos trilhos e logo mais chegará, enfim, às prateleiras.

Enquanto os marines devem ficar sempre em grupo para minimizar as chances de serem pegos de surpresa, os aliens, embora frágeis, têm a vantagem de poder andar pelo teto, paredes e, principalmente, enxergar por entre paredes e obstáculos, o que dá uma ideia de onde estão os marines (vítimas?) mais próximos.

Leva um tempo até pegar o jeito com os aliens, não pelos prós e contras dos bichos, mas porque a câmera em 3ª pessoa, bastante desajeitada, ainda precisa de ajustes.

As animações ao escalar paredes ou obstáculos são “duras” e fazem os xenos soarem pouco naturais.

Não que o multiplayer seja ruim: na verdade, é bem divertido. Se você é marine, o momento de respawn é puro terror, uma vez que inevitavelmente se está “desgarrado” do bando, tornando-se presa ainda mais fácil.

Se você é alien, precisa fazer de tudo pra surpreender e emboscar os adversários sem ser visto ou detectado pelo sensor de movimentos, já que qualquer rajada costuma ser fatal.

O UOL Jogos testou as modalidades Team Deathmatch e Escape, sendo esta última bastante dinâmica e emocionante: quatro marines devem percorrer o mapa em uma rota de fuga, enquanto são frequentemente atacados por quatro xenos.

O respawn para os aliens é infinito, mas os marines podem ‘morrer’ apenas algumas vezes, dando um certo tom de “desespero” ao confronto.

Os aliens vêm aí

De certa forma, “Aliens: Colonial Marines” ainda é uma incógnita. Faltam ajustes para o envolvente multiplayer, enquanto paira sobre a campanha single-player a dúvida se atirar em xenos por horas a fio vai atrair quem não é fã da franquia. Será um bom teste para o “pedigree” da Gearbox, principalmente após o sensacional “Borderlands 2”.

5 coisas que você precisa saber sobre “Colonial Marines”

XP intercambiável: os pontos de experiência ganhos no single-player rendem upgrades que servem para o multiplayer, e vice-versa. Ou seja, você pode começar a jogar o multiplayer antes da campanha e ficar com o personagem mais forte no single-player.
Arma esperta: em certos momentos você pode utilizar uma arma intitulada Smart Gun, que tem uma mira automática muito útil para dizimar xenos. O problema é que a arma só dura até a munição acabar.
Upgrades: entre uma missão e outra é possível gastar pontos de experiência para atualizar as armas, mexendo no zoom, silenciador, repuxo e aparência (inclusive dos personagens também).
Audio original: Gearbox e Sega tiveram acesso aos arquivos de som dos filmes para colocar em “Colonial Marines”, um belo mimo para quem acompanhou a saga na telona.
Mais aliens no futuro? Perguntado se, num futuro próximo, seria possível jogar com os xenos também no single-player, Mulkey deixou no ar: “O fato de que as pessoas querem isso é muito interessante. Nunca sabemos o que pode acontecer no futuro...

*O jornalista viajou a convite da Sega