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Project Shield vai custar o mesmo que um portátil, diz Nvidia

Théo Azevedo

Do UOL, em San Francisco

29/03/2013 12h22

Em janeiro a Nvidia, conhecida fabricante de GPUs, os processadores que dão vida às placas de vídeo, surpreendeu ao anunciar sua entrada no mercado de videogames portáteis: o engenhoso Project Shield (nome provisório), que deve chegar às prateleiras até junho, lembra um controle de Xbox 360, mas com uma tela embutida.

O aparelho roda jogos de Android, mas tem como trunfo ser capaz de fazer streaming de jogos no PC direto para a tela do controle-videogame – desde que o usuário esteja a uma distância razoável do computador e que este seja equipado com uma GeForce GTX 650 ou superior.

O UOL Jogos aproveitou a GDC 2013, feira de produtores de jogos que acontece em San Francisco, nos EUA, para conversar com Jason Paul, diretor da divisão GeForce Gaming.

Dentre outros assuntos, o executivo disse que o Shield deve custar o equivalente aos consoles portáteis do mercado e que (infelizmente) ainda não há planos específicos para o Brasil:

UOL Jogos: Qual é o público-alvo do Shield?

Jason Paul: Temos dois mercados em mente: os jogadores da plataforma Android que buscam uma melhor experiência comparada à atual – há quem utilize gamepads ou controles para jogar em seus tablets ou smartphones; e os nossos consumidores de GT GeForce que jogam no PC, mas que gostariam de estender a experiência para qualquer lugar da casa.

UOL Jogos: E quanto ao preço? 

Paul: O preço será semelhante ao de um videogame portátil. Ainda estamos avaliando quais pacotes vamos disponibilizar e, até lá, não vamos falar de valores, mas creio que que vai atender às expectativas do público. 

UOL Jogos: Os impostos de importação encarecem videogames no Brasil. O que a Nvidia tem em mente para o país em relação ao Shield?

Paul: Pra ser sincero, até o momento nada. Sabemos que há empresas que optaram pela fabricação local, mas hoje essa não é uma possibilidade para nós.

UOL Jogos: Qual será a vida útil da bateria?

Paul: Estamos trabalhando nisso ainda, mas temos em vista cerca de cinco horas em jogos otimizados para o Tegra e, com outras experiências não tão intensas, pode chegar ao dobro disso. Em relação aos vídeos, a bateria pode chegar a 24 horas.

UOL Jogos: O que falta ajustar em termos de design?

Paul: Em relação ao primeiro protótipo, mostrado na CES em janeiro, haverá diversos ajustes. Por exemplo: vamos melhorar os gatilhos e o direcional keypad, que não estavam tão legais quanto gostaríamos, e as alavancas analógicas, que escorregam no dedo e precisam de uma textura mais aderente. O momento é de testar o produto e promover mudanças para que fique mais confortável. Nada radical, mas ainda assim serão alterações visíveis no design final.

Divulgação
Sabemos que há empresas que optaram pela fabricação local [no Brasil], mas hoje essa não é uma possibilidade para nós.

Jason Paul, diretor da divisão GeForce Gaming

UOL Jogos: Com o uso intenso, é comum quebrar peças dos controles do PlayStation 3 e do Xbox 360. Isso pode ser um problema para o Shield?

Paul: Bem, além da garantia, muitas das melhorias que estão sendo feitas têm justamente o objetivo de tornar o dispositivo mais resistente e robusto, assegurando uma experiência que dure meses e anos nas mãos de jogadores hardcore.

UOL Jogos: Há planos de jogos exclusivos para o Shield?

Paul: É possível, mas não é o nosso foco. Há um modelo corrente nos consoles baseado em exclusividade e queremos ser uma plataforma aberta. Existem muitos jogos Android no mercado que podem ficar melhores no dispositivo, se otimizados para o processador Tegra. E há milhares de jogos de PC que serão compatíveis. Já é muito conteúdo. E o sistema é baseado no Google Play, então não é necessário criar uma nova conta caso você já possua uma.

UOL Jogos: Qual será a distância máxima para o funcionamento do streaming?

Paul: Não temos especificações fechadas. Depende de fatores como a capacidade do roteador, quantas paredes há entre o PC e o dispositivo, se estão em andares diferentes e por aí vai.

UOL Jogos: E quanto ao streaming remoto, ou seja, com o Shield longe do PC?

Paul: Nesse primeiro momento nosso foco é o lar, mas vamos estudar formas de estender essa experiência. Nossa visão a longo prazo é jogar qualquer game, a qualquer hora e em qualquer lugar. A maior barreira é a largura da banda, já que em geral as pessoas têm acesso a uma boa conexão em casa, mas não fora dela.

UOL Jogos: Vocês esperam que o Shield consiga “converter” proprietários de placas Radeon?

Paul: A tecnologia por trás do dispositivo, tanto em termos de hardware quanto de software, está sendo desenvolvida há muito tempo. Nossa mais recente geração de produtos já tem o encoder embutido no hardware do GPU, o que garante a agilidade necessária para fazer o streaming do PC. Logo, seria um esforço substancial fazer tudo isso funcionar em placas de vídeo que não fossem GeForce GTX 650 ou superior. Está tudo atrelado ao produto.