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Estúdio brasileiro cria jogo para melhorar atendimento a diabéticos

André Forte

do Gamehall

17/04/2013 10h15

Há tempos que os games deixaram de ser apenas um divertimento para se tornarem aliados de profissionais. Desde os simuladores que ensinam a dirigir ou a pilotar um trator, muitas são as aplicações dessas obras de entretenimento eletrônico. Agora, o projeto brasileiro "InsuOnline" tem uma ousada meta pela frente: diminuir os casos de pacientes diabéticos com dosagens erradas de insulina em todo o mundo.

INSUONLINE

Plataformas: PC e Tablets

Lançamento: Ainda sem previsão

Distribuição: A definir, provavelmente digital.

"É um problema que é facilmente identificado em qualquer país, não é um problema só nosso, trata-se de um contexto global", explica o mentor do projeto, Rodrigo de Souza, da Oniria Games for Health Brazil.

O projeto que nasceu há dois anos e meio para defender uma tese de doutorado foi pensado como uma forma divertida e eficaz no auxílio a clínicos gerais da Unidade básica de Saúde sobre a correta dosagem da insulina à pacientes diabéticos. Elaborado pelo endocrinologista Leandro Arthur Diehl, de 35 anos, e Rodrigo Martins de Souza, da Oniria Games for Health Brazil, ambos de Londrina.

Ainda em sua fase final de desenvolvimento, a ideia inusitada chamou a atenção até da Microsoft em sua participação no Imagine Cup 2013, torneio promovido pela empresa para contemplar jovens talentos de tecnologia. O resultado: Campeão da categoria Cidadania Mundial - onde concorria com outros dois games -, além do título de 'Melhor projeto brasileiro', que rendeu aos dois a oportunidade de representar o país na final mundial do torneio, que acontecerá na Rússia entre os dias 8 e 11 de junho.

Nada mal para um projeto que começou tímido e sequer tinha pretensões de participar do torneio. "Não sabíamos da existência da competição, até que um amigo comentou conosco e decidimos arriscar", admite Leandro.

INSPIRADO PELA LUCASARTS

Reprodução
Segundo Rodrigo de Souza, a inspiração para o jogo são os adventures clássicos da LucasArts, como "Monkey Island", "The Dig" e "Grin Fandango". "É um um estilo que atingiu o publico adulto, bem humorado e com mecânica intuitiva, mas que não perdeu seu apelo.Fiquei chateado pelo fechamento do estúdio, eu que sou mais velho, tenho boas recordações.

Como funciona?

Inspirado em adventures antigos da LucasArts, "InsuOnline" conta com uma boa dose de humor para apresentar o médico principal - no caso, o jogador - em um hospital repleto de pacientes diabéticos.

Em um sistema de perguntas e respostas, o jogo testa os conhecimentos do jogador sobre como prescrever a insulina da maneira correta, o que varia de caso a caso, que sempre é apresentado em um resultado laboratorial assim que o paciente entra na sala.

"Atualmente, mais de 370 milhões de pessoas vivem com diabetes mellitus em todo o mundo e a maioria desses pacientes precisa usar a insulina, mas os médicos que tratam esses casos geralmente não são especialistas nesse tipo de diabetes e tem dificuldades sobre o uso correto da dosagem", explica Leandro.

 

Um passo por vez

Segundo a dupla, o objetivo principal do jogo é diminuir os casos de erros médicos em casos de dosagem da insulina, só que, para isso, a eficácia do jogo ainda deverá ser testada.

OUTROS VENCEDORES

Divulgação
Apesar de não vencerem a etapa final, os games "Twinkle", do grupo Moscow, Perdeu e "Can Game", da equipe Life Up levantaram o caneco das categorias 'Games' e 'Inovação', respectivamente. 

"Temos que avaliar se ele realmente funciona como ferramenta de ensino. Teremos dois grupos de médicos, sendo que um vai testar o jogo e o outro terá o ensino tradicional, com aula e treinamento. Aí vou comparar o nível de conhecimento, mudança de atitude e ver se o jogo funciona mesmo", diz Leandro.

Antes disso, porém, os dois precisam correr para finalizar o projeto a tempo de concorrer na final mundial, em São Petesburgo. "Agora vamos arredondar o projeto para fazer jus à reputação do Brasil lá fora, porque a gente sabe o tamanho da responsabilidade de estar à altura das outras equipes nacionais, que fizeram bonito nas finais anteriores da Imagine Cup", promete.

Após o Imagine Cup, a meta é distribuir o jogo nas plataformas PC e tablets com iOS, Android e Windows 8. Segundo Rodrigo, o "melhor dos mundos" seria emplacar o jogo junto ao governo, para distribuir em unidades do SUS, mas também oferecê-lo de forma independente, com um preço estimado que não "ultrapasse o valor praticado em outros materiais educativos para a área". E eles prometem que há mais coisas por vir.

"Temos uma ideia de montar uma linha de jogos voltados à saúde. E esse é só o primeiro deles, vem muito mais por aí. Ainda mais depois dessa chancela da Microsoft, falando que o nosso trabalho é bom, isso dá mais ânimo", finaliza Leandro.

ASSISTA AO TRAILER DE "INSUONLINE"