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"Ainda não vimos o melhor do Wii U", diz Miyamoto; leia entrevista

Felipe Carettoni

Do UOL, em Los Angeles

14/06/2013 13h51

"E a Nintendo"? A E3 2013 foi dominada por PlayStation 4 e Xbox One, deixando o Wii U a um incômodo segundo plano e suscitando a pergunta. Afinal, faltam jogos para o console que saiu no fim do ano passado e ainda não viu as vendas decolarem.

O UOL Jogos entrevistou Shigeru Miyamoto, criador do Super Mario - e tantas outras franquias da Nintendo. Dentre os assuntos, o atual momento da companhia nipônica.

Leia abaixo:

UOL Jogos: Há quem diga que a Nintendo está atrasada em relação à Sony e à Microsoft, com um console menos robusto, o Wii U, e dando pouco espaço para as third parties. Como você enxerga esta situação?

Shigeru Miyamoto: Existem muitas empresas de games e nos últimos anos novos fabricantes entraram no setor de hardware, criando inclusive novos consoles. Chegamos num momento em que vemos empresas de celular se envolvendo com games. Mas a única companhia que focou em entretenimento e em criar novas maneiras de jogar foi a Nintendo. Na E3, onde vimos toda a conversa sobre a competição entre hardware, preferimos focar no que faz a Nintendo ser diferente: os games únicos. Estamos indo em uma outra direção em relação aos concorrentes.

Do ponto de vista de hardware, tornamos o Wii U o sistema mais conveniente e benéfico para os consumidores. É o console mais fácil para um público mais amplo interagir. Certamente ainda não vimos o melhor momento do Wii U, mas a forte linha de jogos que mostramos na E3 será lançada até o final do ano. Acredito que as pessoas podem confiar e comprar o Wii U, pois o console agora possui um grande conteúdo.

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UOL: Você diria que grande parte do público casual que comprou o Wii anos atrás acabou migrando para celulares e tablets, reduzindo assim o apelo do Wii U?
Miyamoto:
Não sei se smartphones substituirão o Wii U, pois com ele tentamos enxergar do que os aparelhos smart são capazes e como podemos conectar algo com funções parecidas com as de um celular ou tablet diretamente na TV. Não há outro aparelho que faça o que o Wii U faz, pois nenhum smartphone possui essa conexão com a TV.

UOL Jogos: Nos últimos anos do Wii e no começo do Wii U, poucas third parties têm tentado lançar jogos para os consoles da Nintendo e o restante acabou optando por criar novidades para os concorrentes. O que está acontecendo? 
Miyamoto:
As third parties precisam focar naquilo que as interessar, quais games querem criar e com quais consoles trabalhar. Do ponto de vista de um desenvolvedor, uma estratégia multiplataforma é muito eficiente para essas empresas em termos de como estão criando seus games e eu entendo essa decisão. Mas nós somos uma empresa que sempre se dedicou a títulos únicos e diferentes, e para isso criamos nossos próprios consoles.

Logo, é difícil para as third parties tomarem a decisão multiplataforma com um hardware que oferece recursos tão diferentes. Criamos nossos jogos para que as pessoas optem pelos nossos consoles. Mas também acho que se essas empresas acreditarem que seus games funcionariam bem no Wii U, elas ainda terão a possibilidade de fazer sucesso. Acredito que seja possível criar ótimos jogos de esporte no Wii U utilizando o Game Pad, por exemplo.

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UOL: Agora que teremos "Smash Bros." em duas plataformas diferentes (Wii U e 3DS), podemos esperar que isso ocorra também nos próximos jogos da Nintendo?
Miyamoto:
Com o ambiente criado por ambos os hardwares bem estabelecido, podemos pensar nesse tipo de ideia e como poderemos trazê-la a outras franquias. Um bom exemplo seria "Animal Crossing", no qual talvez não seja interessante focar na mesma experiência para o console e o portátil. Em vez disso, poderia se pensar em algo diferente para a versão de Wii U.

O Miiverse é outro exemplo, pois o fizemos para Wii U e agora ele está no 3DS também. Isso só foi possível porque foi a primeira vez em que a Nintendo criou um sistema de contas que pode se expandir para diferentes plataformas.

UOL Jogos: Por quê não vimos um trailer do novo "The Legend of Zelda" nessa E3, além do "Wind Waker" em HD?
Miyamoto:
Poderíamos ter mostrado o novo "Zelda" aqui, mas preferimos exibir títulos que poderiam ser jogados na feira. Queríamos que as pessoas vissem o belo visual de "Wind Waker" e que jogassem "The Legend of Zelda: a Link Between Worlds", principalmente porque ambos chegaram num ponto em que já podem ser experimentados. Em relação ao Wii U, teremos muitas oportunidades para anunciá-lo por meio do Nintendo Direct. Quanto tivermos uma ideia melhor sobre o novo jogo, vamos dividir com os fãs.

UOL: E a Platinum Games? Vocês pensaram em entregar alguma franquia a ela, como "Star Fox", por exemplo?
Miyamoto:
Não pensamos muito sobre isso. No passado tivemos colaborações com Namco e Sega, como se estas empresas estivessem fazendo nossos próprios jogos, mas recentemente temos emprestado nossos personagens a outras empresas. O que realmente preferimos fazer é trabalhar de perto com o desenvolvimento dos games, supervisionando essas produtoras, como no caso da Retro Studios e a Next Level Games. Temos pessoas que se comunicam com as empresas diretamente durante todo o desenvolvimento e percebemos que isso funciona muito bem.

UOL: Quando veremos um sistema de troféus ou achievements nos consoles da Nintendo?
Miyamoto:
Em "Pikmin 3" tentaremos utilizar o Miiverse para exibir rankings que poderão ser compartilhados, mas não tenho opinião formada sobre achievements em cada game.

UOL: Quais são seus jogos favoritos de todos os tempos?
Miyamoto:
Meu favorito atualmente é "Pikmin 3" (risos). Estive sentado aqui durante toda a semana jogando esse game para eu não perder do Bill. Pensando na época em que eu estava desenvolvendo "Donkey Kong" e do ponto de vista de um designer, "Pac Man" deveria estar nessa lista.