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UOL jogou: "Batman: Arkham Origins" mantém qualidade com herói furioso

Akira Suzuki

Do UOL, em Montreal*

18/09/2013 10h00

Já imaginou como foi o começo de carreira do Homem-Morcego? Pois então, esse é o ponto de partida de "Batman: Arkham Origins", que conta a história do justiceiro em seu segundo ano como herói mascarado.

O jogo mostra a transformação do Batman de um justiceiro para o cavaleiro das trevas, segundo Ben Mattes, produtor-sênior do game que sai em 25 de outubro nos Estados Unidos, para PC, PlayStation 3, Xbox 360 e Wii U. O título prevê dublagem em português do Brasil.

UOL Jogos teve a oportunidade de testar "Batman: Arkham Origins" em Montreal, Canadá, e adianta que o novo jogo tem a mesma pegada dos antecessores, sem por nem tirar. Confira o teste a seguir.

Mantendo a linha

A demonstração a que UOL Jogos teve acesso se passava dentro do Final Offer, barco do Pinguim que tem cassinos, arena de luta e vendas de armamentos. Foi possível testar uma cena de 'modo predador', em que o herói deve eliminar todos os capangas do vilão, de preferência de modo sorrateiro.

O jeitão é o mesmo dos "Arkham" anteriores, em que o herói usa o bat-gancho para transitar entre as estátuas de gárgula e poder ver a localização dos oponentes no mapa. No demo não foi possível perceber nenhuma nova maneira de abater os vilões. Está tudo do jeito que estava.

Já as lutas ganham um pouco mais de complexidade, principalmente pela adição de novos inimigos. O 'enforcer' é um capanga grandalhão, cujos golpes não podem ser defendidos e tem grande resistência. Ele representa grande perigo, principalmente se aparecer em meio a um bando.

Também existe o artista marcial, que consegue contra-atacar os golpes do Batman, e deve ser outra ameaça para o herói. O sistema 'free flow' de combate, que permite golpear os inimigos por todos os ângulos, funciona da mesma forma.

Poucas mudanças

Entre as pequenas novidades estão um sistema de avaliação de combate, que dá notas com base em quesitos como furtividade (nas cenas de predador) e sequência de combos (nas lutas). Quanto melhor o desempenho, maior a quantidade bônus de experiência.

Essa experiência é usada para 'comprar' novas habilidades, como até então, mas em "Arkham Origins" as 'skills' estão organizadas como uma árvore. Ou seja, existe uma sequência para adquirir as habilidades: num determinado 'galho', por exemplo, é preciso começar comprando três melhoramentos de armadura para só depois adquirir um novo 'takedown combo' (aqueles que nocauteiam o inimigo instantaneamente).

O demo terminava com Batman enfrentando o Exterminador. Ele, claro, é um chefe de fase e, assim como os artistas marciais, consegue contra-atacar as investidas do Homem-Morcego. Batman consegue reverter a situação, mas o tempo de reação é muito mais rigoroso do que se estivesse lutando contra inimigos normais. A maior dificuldade ao enfrentar o Exterminador é que há poucas situações em que ele dá abertura para os ataques do herói.

Enfim, a impressão é que a WB Montréal, produtora que está desenvolvendo o game, não quis mexer nas principais engrenagens do jogo, pois, afinal, a Rocksteady fez um excelente trabalho nos dois "Arkham" anteriores, altamente conceituados.

Um Batman 'novato' e raivoso

O Homem-Morcego de "Arkham Origins" é bem diferente daquele visto em "Asylum" e "City", sempre frio e calculista. Como dito, nesse game, o herói está apenas em seu segundo ano como um herói mascarado e ainda não controla muito bem suas emoções.

Em vários momentos, a gente vê Batman usando força excessiva e cerrando os dentes. Numa das cenas, ele interroga o Pinguim com uma sessão de espancamento. É como se o Wolverine estivesse por trás da máscara de morcego.

"Nós definitivamente queríamos criar uma versão mais jovem e crua de Batman, um herói que não é tão refinado e de certa forma está mais nervoso", diz Ben Mattes, produtor-sênior de "Arkham Origins". Isso se reflete também na animação, com movimentos mais agressivos.

A falta de experiência vai levar o Homem-Morcego a situações desastradas. Mattes diz que, uma hora, ele vai aplicar mais força que o necessário e deixar sua vítima, de quem deveria obter informações, inconsciente.

Mattes está empolgado com o enredo do game. "Ele explora relações essenciais no cânone de Batman e mostra um crescimento concreto do personagem, as mudanças que ele vai enfrentar para se tornar o cavaleiro das trevas", afirma. É o encontro do Homem-Morcego com alguns de seus primeiros supervilões.

O nascimento de uma vilã

Uma das personagens que o pessoal da WB Montréal está mais empolgada é a Cobra Venenosa. Originalmente um ser masculino, foi transformada em mulher em "Batman: Arkham Origins". A nova Copperhead, como é chamada nos EUA, pelo jeito, agradou também à editora DC, que vai estreá-la também nos quadrinhos.

"A ideia de um contorcionista que usa veneno tinha as características do que queríamos para um chefe de fase", disse Ben Mattes. "Mas um grandalhão com roupa de cobra não combinou muito bem com o universo de 'Arkham'. Então tivemos a ideia de torná-la uma mulher, já que tínhamos muitos personagens masculinos e caucasianos". Para dar mais diversidade ao grupo de chefes de fase, buscaram uma inspiração espanhola ou sul-americana para a personagem.

Na visita à Warner no Canadá, UOL Jogos também acompanhou uma sessão de captura de movimentos da personagem, que exigiu o trabalho de quatro pessoas para dar-lhe vida. Uma dubladora fez suas falas, enquanto os movimentos de contorcionismo vieram de uma artista de malabarismo. Já as cenas de luta foram feitas por uma lutadora profissional, enquanto uma atriz cuidou das partes mais dramáticas.

O resultado de tudo isso pode ser conferido num dos trailers do game:

Uma noite para matar Batman

O pilar do enredo de "Batman: Arkham Origins" são o grupo de oito assassinos que estão atrás da recompensa de US$ 50 milhões oferecidos pelo Máscara Negra pela cabeça do herói. A Warner confirmou cinco deles:
Exterminador (Deathstroke)
Mercenário, tem habilidades similares ou até superiores à de Batman. É exímio lutador e soldado, e mestre em tática e estratégia.
Pistoleiro (Deadshot)
Esse vilão volta a atormentar Batman com sua mira absolutamente precisa e a habilidade de obter informações ampliadas sobre seu alvo.
Cobra Venenosa (Copperhead)
É praticamente uma personagem original de "Arkham Origins". Tem habilidades de contorcionismo e lutas, além de usar veneno.
Vagalume (Firefly)
Esse vilão tem um traje negro e possui um lança-chamas. Também pode voar, graça a suas asas e uma mochila de jato.
Bane
O gigante de força sobre-humana marca presença novamente. Pelos trailers, ele vai reproduzir a famosa cena em que 'quebra' o Batman.
Possíveis assassinos
Já estão confirmadas as presenças de Coringa, Pinguim, Chapeleiro Maluco e Anarquia, mas seus papéis dentro do enredo de "Arkham Origins" ainda é um mistério.

Drones: uma ideia que não deu certo

No início do desenvolvimento do game, a equipe teve a ideia de incluir drones nas fases de predador. Eles faziam a vigilância pelo alto, mas Batman poderia usá-los para arremessar contra os inimigos.

Na versão final, essas máquinas voadoras foram eliminadas, por que chegou-se à conclusão que não acrescentavam diversão. No entanto, elas ainda podem ser vistas dentro do barco Final Offer como parte do cenário, como um sinal de que um dia existiram.

Cadê a Rocksteady?

A produtora Rocksteady, que pertence ao grupo Warner Bros., ganhou notoriedade pelo excelente trabalho que fez em "Batman: Arkham Asylum" e "Arkham City". Mas "Arkham Origins" está sendo feito internamente, nos estúdios de Montreal.

A mudança aconteceu por que o grupo Warner Bros. Interactive Entertainment quis "dar uma chance" a seu estúdio interno, de acordo com Ben Mattes. Tanto ele como Reid Schneider, vice-presidente de desenvolvimento da Warner Montréal, disseram que a empresa "acreditou na visão" do time de desenvolvimento.

Vale notar que o estúdio já tem alguma experiência com "Batman", já que trabalhou na versão para Wii U de "Arkham City". Perguntado sobre no que a Rocksteady estaria trabalhando no momento, o Schneider disse que o estúdio está "ocupado em algo incrível".

Quanto à qualidade de "Arkham Origins", no que depender da demonstração que o UOL Jogos viu na semana passada, a qualidade foi mantida. Aliás, foram poucas as mudanças implantadas pela WB Games Montréal, respeitando muito as conquistas alcançadas pela Rocksteady.

*O jornalista viajou a convite da Warner Bros. Interactive Entertainment.