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Provocações marcaram guerra entre Mega Drive e Super NES nos EUA

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

15/10/2013 10h40

Toddy ou Nescau? Bolacha ou biscoito? Android ou iPhone? Rivalidades como essas permeiam intermináveis discussões. Nos videogames, não é diferente: se hoje os grupos se dividem entre sonystas, nintendistas e 'caixistas' (em alusão à plataforma Xbox), na década de 90, a guerra primordial aconteceu entre o Mega Drive da Sega e o Super NES da Nintendo.

A disputa mais acirrada se deu nos Estados Unidos. Ali, até o lançamento do Mega Drive, em 1989, a Nintendo dominava folgada com o seu NES. Para reverter a situação, o executivo-chefe da Sega of America à época, Michael Katz, adotou estratégias agressivas de marketing, desafiando o concorrente.

Disso surgiu um dos mais famosos slogans da história dos games: "Genesis does what Nintendon't", ou seja, "O Genesis [como é chamado o Mega Drive nos EUA] faz o que o Nintendo não faz". Era uma forma de enfatizar os atributos superiores do videogame da Sega contra o velho 8 bits da 'Big N'. O slogan apareceu em propagandas de revistas e em comerciais de TV.

Genesis does what Nintendon't

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A outra estratégia de Katz foi apostar em nomes famosos, principalmente do esporte, para aparecer no jogo e na capa. É o caso de "James 'Buster' Douglas Knockout Boxing", que foi lançado pouco tempo depois de o outrora desconhecido boxeador ter nocauteado o então invicto Mike Tyson. "Michael Jackson's Moonwalker", estrelado pelo Rei do Pop, foi outra celebridade que apareceu no Mega Drive.

Aparentemente, a tática não foi suficiente para a Sega dos EUA conseguir cumprir as metas de vendas, e Hayao Nakayama, presidente da Sega, contratou outro executivo-chefe para a filial americana: Tom Kalinske. Além de dar prosseguimento às publicidades agressivas, ele convenceu a matriz a baixar o preço do Mega Drive nos EUA e incluir o aclamado "Sonic the Hedgehog" no pacote.

Assim, quando o Super NES chegou ao território norte-americano, em agosto de 1991, encontrou um Mega Drive relativamente estabelecido, com boa biblioteca de games - como uma propaganda enfatiza - e custando US$ 149, US$ 50 a menos que o 16 bits da Nintendo. As vendas começaram a subir significativamente.

Em meados de 1992, com o lançamento de "Sonic 2", a Sega cunhou o termo "blast processing" para se referir a uma suposta função do Mega Drive que permite que seus jogos rodem a velocidades alucinantes, enquanto o Super NES era comparado com uma van desengonçada. A companhia tentava - e conseguia - vender uma imagem de descolado para seu videogame.

Processamento a jato

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O lançamento de "Mortal Kombat" em 1993 deu mais alguns pontos para Sega nesta guerra. A decisão de manter a violência do game, através de um código secreto, foi crucial para que a versão para Mega Drive vendesse o triplo da edição censurada do Super NES. Em 1994, a Sega declarou que tinha 55% do mercado de videogames de 16 bits nos Estados Unidos.

A Nintendo geralmente não entrava na provocação, mas, com o esperado "Donkey Kong Country", lançado em novembro de 1994, deu o troco: disse que o game não poderia ser encontrado no Mega Drive, Sega CD ou 32X. Era bem essa a situação da Sega, que começava a dividir sua atenção com esses acessórios - que não vingaram - e, além do mais, no Japão, a geração já era a do Saturn, que substituiu o Mega Drive.

No fim das contas, a disputa entre Nintendo e Sega pouco valeu para a geração seguinte, quando o PlayStation da Sony chegou chegando e tomou a liderança sem pedir licença.

Comercial de "Donkey Kong Country"

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E quem venceu a disputa?

O Super NES levou a melhor, no final das contas. Segundo a Nintendo, seu videogame de 16 bits teve vendas mundiais de 49,1 milhões de unidades, contra supostas 41,4 milhões do videogame da Sega, na mais otimistas das projeções. Foi no Japão que a 'Big N' teve sua maior vitória: 17,2 milhões de SNES contra estimados 3,58 milhões do Mega Drive.

Porém, nas outras regiões, a briga foi acirrada. Nos EUA, onde a Sega foi bastante agressiva, o Mega Drive liderou pelo menos até 1994. Pode se dizer que foi um excelente resultado, visto que, na geração anterior, o Master System sequer fez cócegas no NES.

É complicado apontar um vencedor nos Estados Unidos, já que praticamente não existem números oficiais de venda do Mega Drive. Segundo a Nintendo, o Super NES soma 23,35 milhões no total das Américas, enquanto as estimativas do Mega Drive vão de 22,4 milhões a 23,4 milhões somente nos EUA, incluindo aí o portátil Nomad e modelos que não foram fabricados pela Sega. A tendência, então, é apontar a vitória do Mega Drive na Terra do Tio Sam.
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