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Para Mark Cerny, "Knack" de PS4 é "jogo para qualquer pessoa"; entrevista

Pedro Henrique Lutti Lippe

do Gamehall

30/10/2013 15h59

Desde o início de seu desenvolvimento em meados de 2010, "Knack" era planejado como um título que se diferenciaria do resto no lançamento do PlayStation 4. Produzido pelo Japan Studio, de "Shadow of the Colossus" e "Patapon", ele nasceu para realizar um desejo de Mark Cerny: o de ter no console 'next-gen' um game que qualquer um em uma família pudesse aproveitar.

"Os jogadores cresceram, nós crescemos, e agora queremos jogos mais complexos", afirma o designer e responsável pela arquitetura do PlayStation 4 em entrevista ao UOL Jogos. "Mesmo assim, ainda existem aqueles que estão interessados em games de ação com foco em um personagem, como 'Crash Bandicoot' ou 'Spyro the Dragon'".

Ao descrever seu primeiro projeto para o novo console da Sony, Cerny menciona em várias ocasiões que o planejou como "um jogo para qualquer pessoa", capaz de desafiar os veteranos do gênero e também entreter os novatos.

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Satisfazendo dois públicos

"Em retrospecto, apesar de seu visual simples e colorido, 'Crash Bandicoot' era um jogo que apenas os 'hardcore' conseguiam jogar", observa Cerny, mencionando um de seus mais conhecidos trabalhos. "'Knack' é diferente. Gosto de pensar que ele pode ser o primeiro jogo de console de uma pessoa, e também pode servir como um desafio para aqueles que estão buscando a nostalgia dos títulos de suas infâncias. Ele é um jogo criado com dois públicos em mente".

UM MASCOTE?

  • Cerny nunca teve a pretensão de fazer de Knack o mascote do PlayStation 4. "'Knack' é só 'Knack'", explica. Para ele, que trabalhou com mascotes como Crash, Spyro, Jak e Ratchet em sua carreira, foi-se o tempo em que plataformas precisavam de um personagem-chave para representá-la.

Durante o processo de desenvolvimento de "Knack", seu time chegou até a testá-lo com uma versão gigante do DualShock 4, tentando simular como uma criança de oito anos, com suas mãos pequenas, jogaria. Por causa desse experimento, Cerny decidiu não utilizar os gatilhos do controle no game para facilitar a diversão dos infantes.

"O jogo tem três dificuldades inicialmente. No outro dia, terminei ele no 'Easy' e morri um total de 10 vezes", revela Cerny, garantindo que iniciantes não terão problemas para aproveitar seu game. "No 'Normal', morri umas 100 vezes. Não consegui terminá-lo no 'Hard'... Mas provavelmente morreria umas 500 vezes antes de conseguir".

"Ainda existe uma dificuldade 'Very Hard' destravável. No nosso time, só dois testadores conseguiram terminar esse modo. Apenas um deles sem utilizar os poderes especiais do Knack", afirma.

Satisfazendo o mundo inteiro

Knack é o protagonista do jogo que carrega seu nome. Inicialmente uma pequena criatura, ele tem o poder de acoplar substâncias do mundo ao seu redor ao seu corpo. Metal, gelo e madeira são alguns exemplos. Dessa forma, o herói consegue rapidamente passar de um pequeno guerreiro a um enorme monstro de grande poder destrutivo - e vice-versa.

APP COMPANHEIRO

  • Durante a entrevista, Mark Cerny revelou que tal qual "Beyond: Two Souls", "Knack" será outro jogo da Sony a receber um app companheiro para smartphones e tablets. O diretor recusou-se, porém, a oferecer detalhes das funções de tal aplicativo, que sairá em novembro.

"Originalmente, nossa ideia era criar um personagem internacional, que não fosse japonês demais para assustar os públicos ocidentais, nem o contrário. Então pensamos em uma figura baseada em um elemento, como fogo ou fumaça. Depois tivemos a ideia de fazer um personagem composto por 'partes'", explica Cerny. "Em nossos primeiros protótipos, ele destruía paredes do cenário e coletava tijolos e outras peças. Mas o resultado era uma massa sem expressão, quase amorfa".

"Assim, tivemos a ideia de um personagem que acoplava substâncias específicas ao seu corpo, ganhando diferentes habilidades", conclui.

UOL JOGOS TESTOU "KNACK" NA BGS 2013; ASSISTA

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Satisfazendo desejos da nova geração

Apesar de gabar-se do poder de processamento do PlayStation 4, que permite que "Knack" brinque com efeitos avançados de partículas e rode na resolução 1080p nativamente, Mark Cerny afirma que o jogo não é uma "peça de exibição do poderio gráfico do console".

De fato: no teste do jogo feito por UOL Jogos durante o Brasil Game Show, notamos severos problemas de performance - principalmente quando Knack utiliza algumas de suas habilidades especiais. Ao ser questionado sobre o assunto, Cerny admitiu o problema, mas afirmou: "Nós estamos melhorando constantemente. Certamente os jogadores verão algumas melhorias nesse sentido na versão final".

Totalmente em português, "Knack" será um dos títulos do lançamento do PlayStation 4, que chegará às lojas brasileiras em 29 de novembro.