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BlizzCon 2013: "Heroes of Storm" aposta em heróis famosos e mapas criativos

Pablo Raphael

Do UOL, em Anaheim*

10/11/2013 08h15

Com o sucesso de "League of Legends", o e-sport se tornou popular de novo em todo o mundo. Também cresceu o número de MOBAs (''multiplayer online battle arena', como são chamados os games do tipo) disponíveis no mercado ou em produção. Ainda assim, poucos são realmente distintos, sendo "LoL" e "Dota 2" os principais expoentes.

É curioso que a Blizzard Entertainment tenha demorado tanto para se aventurar no gênero, nascido em um mapa modificado de seus próprios jogos, o famigerado "Dota". "Heroes of the Storm" é a resposta da produtora não só para os concorrentes, mas para todo um gênero que descende de "StarCraft" e "Warcraft III".

Apresentado nas BlizzCon de 2010 e 2011, "Blizzard Dota" teve uma resposta positiva do público, e ainda que na época não fosse mais do que um MOBA com personagens de "StarCraft" e "Warcraft". Era divertido e promissor, mas nada além disso.

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A produtora californiana é conhecida por duas coisas: o longo desenvolvimento de seus títulos e a alta qualidade que oferece no final desse processo. "Heroes", como é chamado internamente, é um bom exemplo disso. Nascido como um mapa de "StarCraft II", o jogo foi idealizado por três membros do time responsável pela franquia de estratégia.

A Blizzard diz que a recepção positiva da comunidade foi o principal incentivo para envolver mais pessoas no projeto e ampliar seu escopo, de mapa para jogo completo. Não duvido disso, mas também acredito que o crescimento de "League" e "Dota 2" sinalizou o caminho que levaria ao envolvimento de metade do time de "StarCraft II" na concepção do "Heroes of the Storm" que foi demonstrado na BlizzCon 2013 neste fim de semana.

<b>Serviço para os fãs</b>

"Heroes" é um MOBA, não importa como a Blizzard tente classificar o game. É um jogo onde dois times de heróis se enfrentam em arenas prédefinidas, derrubando as torres adversárias e evoluindo ao eliminar soldados menores controlados pela máquina. O objetivo final é demolir o quartel general dos adversários.

Em cima disso, a produtora ataca com todas as suas forças para conquistar os fãs: seus heróis incluem figuras como Jim Raynor, Nova e Kerrigan de "StarCraft II", Tyrael, Diablo e a Caçadora de Demônios de "Diablo III", o elfo Malfurion Stormrage de "WoW" e vários outros. Todos reproduzidos nos mínimos detalhes, com seus trejeitos e poderes inspirados pelos feitos desses heróis em seus devidos games.

Colocar os heróis da Blizzard para duelar em uma arena estratégica é uma sacada de mestre. É a chance que todo nerd sonhou: quem bate mais forte, Arthas ou Diablo? Malfurion ou Nova? Essa é a chance de descobrir, ainda que a resposta dependa muito mais da habilidade dos jogadores do que da desenvolvedora. E o melhor, essa luta com ares de "Super Smash Bros" acontece em uma arena ao estilo "Dota", mas nunca é uma partida típica do gênero. De fato, "Heroes of the Storm" é a resposta da Blizzard aos MOBA, sua visão do que o estilo de jogo pode se tornar.

<b>Inovação em campo</b>

"Heroes of the Storm" tem mais de uma arena, o que já diferencia o game de muitos MOBAs. Cada arena conta com objetivos paralelos para os jogadores, além da destruição da base do adversário. Ao cumprir esses objetivos, o time ativa um evento que lhes dá uma boa vantagem na partida, ainda que por tempo limitado.

No mapa disponível para a imprensa na BlizzCon 2013, o objetivo era coletar tributos, insígnias que apareciam em pontos específicos do mapa, para uma divindade sombria. O time que conseguisse três insígnias ganhava a admiração da divindade que amaldiçoava os oponentes. A maldição afetava as torres inimigas, por exemplo, fazendo com que quase não atacassem ou causassem danos muito menores por algum tempo.

Outro exemplo de missão citada pela Blizzard inclui a coleta de caveiras em um mapa subterrâneo. Os crânios são levados para a superfície e ao juntar a quantidade exigida, o time ganha a ajuda de um enorme e monstruoso golem, que invade o campo de batalha provocando destruição e morte nas linhas inimigas.

"Heroes" inova também na distribuição de perícias e poderes de seus personagens. O game não tem uma lojinha na base como os outros MOBAs. Você não precisa decorar quais itens comprar para vencer. Ao contrário, no começo da partida - e ao longo dos vinte níveis de evolução - você vai escolhendo perícias e poderes passivos para o herói, customizando sua árvore de habilidades.

Inclusive o "ulti" do herói, seu ataque mais poderoso, é escolhido ao atingir o nível necessário, entre três opções disponíveis. Issso torna as partidas de "Heroes" mais imprevisíveis, pois mesmo um oponente experiente só vai saber qual ataque final você tem quando, de fato, você atacar com tudo.

VEJA CENAS DE JOGO EM "HEROES OF THE STORM"

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As classes de "Heroes" seguem o esperado pelo gênero - assassino, tanque, suporte e assim por diante - exceto pelo especialista. É uma classe considerada "muito difícil" de jogar pela Blizzard, mas que possui poderes bem específicos: um herói morto-vivo que é capaz de assumir o controle de seus aliados, por exemplo. São personagens que acrescentam uma profundidade ao jogo, quando bem utilizados - só não são diversão garantida para qualquer um.

Vale notar, falta balancear alguns dos heróis disponíveis na fase de teste, como Nova e a Caçadora de Demônios. A primeira é capaz de desaparecer da vista dos inimigos e combinando isso com bônus de dano e recarga de poderes, você consegue uma sniper capaz de derrubar torres quase sem ser notada durante a partida. A segunda, com seus ataques ligeiros de longa distância, acumula pontos de experiência rapido demais só derrubando os minios inimigos.

São detalhes que a equipe de "Heroes" levará de volta para a prancheta após a BlizzCon. O jogo terá um estágio de beta fechado "em breve", onde muitos outros fãs poderão degustar a versão da Blizzard do que um MOBA pode ser. O beta não tem data certa para começar, mas as inscrições já estão abertas no site oficial do jogo. Como é de se esperar em se tratando da Blizzard, não há previsão de quando o jogo chegará ao mercado.

Por enquanto, fica a sensação de que a Blizzard foi ela mesma mais uma vez: a produtora demorou para apresentar seu próprio MOBA, "deixou" que outras tomassem conta do nicho e "ficou para trás na cena competitiva", dirão os críticos. Mas após jogar "Heroes", me parece que a Blizzard também fez o que sempre faz, em seu longo e lento ciclo de desenvolvimento: entregou uma experiência de jogo muito acima da média, bem acabado e distinta do que estamos acostumados. Bem vindo à arena dos MOBAs, "Heroes of the Storm".

*O jornalista viajou a convite da Blizzard.