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Encontro reúne em SP fãs de computador MSX, berço da franquia "Metal Gear"

Akira Suzuki

Do UOL, em São Paulo

04/02/2014 09h15

Foi realizada em São Paulo (SP) no último fim de semana o MSX->SP, encontro de usuários do computador MSX. O evento reuniu cerca de 40 pessoas apaixonadas pela plataforma de computador que foi popular na década de 80.

"Não havia, pelo menos nos últimos dez anos, um encontro oficial em São Paulo", justifica o engenheiro eletrônico Alexandre Pereira, mais conhecido como 'Pac-Man'. Assim, é mais um evento que se junta ao calendário anual de encontros de usuários de MSX, que acontece em lugares como Rio de Janeiro (RJ), Leme e Jaú (ambos no interior de SP).

  • Taylor Ponto

    Alexandre 'Pac-Man' Pereira tem coleção de micros da Sony

Mas o que é um MSX e por que o fascínio por esse computador de 8 bits? "Ele foi utilizado profissionalmente, mas também para diversão, pois dava para ligar na TV e era colorido", diz 'Pac-Man'. "Muitos associam a um videogame", devido à quantidade de jogos para o sistema.

Esse foi um computador em que a Konami fez 'miséria', lançado games inimagináveis para um micro que tinha apenas 16 cores no total (o MSX foi o primeiro 'videogame' do repórter). O game mais famoso para a plataforma (na verdade, para a segunda geração dela, o MSX 2) foi "Metal Gear", hoje uma das maiores franquias da indústria de jogos.

Clique aqui e veja o álbum com fotos maiores:

Colecionismo

'Pac-Man' é colecionador de MSX feitos pela Sony e se tornou fá da marca japonesa por causa desses micros (até seu laptop é um Vaio). "Gosto do design da Sony desde a época do MSX", diz.

  • Taylor Ponto

    Alessander de Souza Goulart, 38, coleciona MSX da Panasonic

A elegância dos circuitos internos também foi o que motivou o analista de TI Alessander de Souza Goulart a colecionar o micro, mas os da marca Panasonic. Essas duas empresas foram as principais fabricantes do computador. "Quando vi [o MSX, aos 12] pela primeira vez, quis ter. Abandonei o Apple II, o TRS Color e todos os outros", lembra.

Já para o professor Ricardo Jurczyk Pinheiro, uma das coisas mais bonitas e bacanas do padrão MSX é ter tido vários fabricantes produzindo computadores compatíveis entre si. "É o que pauta minha coleção", diz Pinheiro, que tem 15 modelos do computador, uma de cada marca. Ao menos 25 empresas, a maior parte delas japonesas, fabricaram computadores MSX, incluindo duas brasileiras: a Gradiente e a Sharp do Brasil.

Pinheiro é fundador da lista nacional de discussão do MSX, inaugurada em 1995, e organiza o MSXRio, encontro de usuários que acontece na capital fluminense várias vezes ao ano. O próximo está previsto para acontecer em 15 de fevereiro.

Conheça o MSX

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De olho no futuro

'Broadcast' de software na era pré-internet

Taylor Ponto
Diz-se que, em meados da década de 80, a Rádio USP tinha um programa aos domingos em que transmitia jogos e software através das ondas de rádio. A história é confirmada por Rubens Lobo, um dos participantes do encontro.

Isso era possível, pois vários micros da época conseguiam "ler" programas através de sons modulados (de um jeito similar aos modems discados). Para rodar o programa, bastava gravar numa fita cassete os estridentes ruídos transmitidos pela rádio.

Ainda não havia internet comercial na época, mas isso não impedia de encontrar jeitos para distribuir software através de 'broadcast'.

Nem só de saudosismo vive a cena. Ainda há comunidades desenvolvendo programas e jogos para a plataforma. Um desses títulos é "Space Manbow 2", continuação não oficial para um jogo de nave da Konami (e, sinceramente, tem uma qualidade que só faz honrar o título original).

E pelas mãos de uma empresa brasileira, a Tecnobytes, pode ser lançado o MSX de 'quinta geração', baseado em supostas especificações do que seria o MSX 3. Segundo Rogerio Belarmino, essa máquina reunirá todas as características dos micros pregressos, além de trazer novos componentes.

A Tecnobytes, fruto de uma atividade paralela de Belarmino e mais dois sócios, já é bem conhecida na cena, vendendo diversos componentes para computadores clássicos, como um cartucho de MSX que permite rodar jogos a partir de cartões de memória. Atendendo a hobbystas e colecionadores, a empresa já vendeu seus produtos até para o exterior, como Finlândia, Espanha e Japão.