Publishers temem heróis gays nos jogos, diz roteirista de "Blood Dragon"
Em entrevista ao blog oficial da Ubisoft, Lucien Soulban, roteirista do jogo "Far Cry 3: Blood Dragon", comentou sobre as chances de se ver um protagonista gay em um jogo de grande orçamento no futuro.
"Eu acho que a verdadeira questão é Quando teremos um herói (ou heroína) gay/lésbica em um jogo 'AAA' que não seja uma piada de uma nota só?'" disse Soulban, que é homossexual assumido.
O roteirista citou como exemplo deste tipo de tratamento Silva, vilão do filme "Skyfall" interpretado por Javier Bardem, cuja orientação sexual "foi uma piada feita para satisfazer uma cena. De resto ele era um narcisista com complexos maternais, e além disso um pedófilo".
"Então quando veremos um protagonista gay num jogo 'AAA'? Não por um tempo, suspeito, por medo das distribuidoras de que isso afete as vendas. Então ou veremos uma reviravolta como o 'Metroid' original com Samus Aran, em que vamos descobrir só no final (PS: Dumbledore é gay), ou vai surgir do nada com a Rockstar, Valve, Naughty Dog ou Telltale, talvez".
"Mas quando acontecer, espero que seja um tratamento sério e não motivo para piadas".
Marcha do progresso
Ainda assim, o roteirista vê progresso no desenvolvimento de personagens homossexuais, tendo parado de "anunciá-los" como especiais.
O roteirista citou jogos da série "Mass Effect" e "Skyrim" como exemplos da normalização do uso de personagens gays, definindo o movimento como "Estamos aqui, somos gays, e estamos ocupados trabalhando".
O tema ainda é abordado com ressalvas nas grandes produções, mas ao menos na cena dos jogos indie, já é visto com naturalidade: o elogiado "Gone Home" tem como narrativa principal o romance entre duas adolescentes, embora nenhuma delas seja a personagem controlada pelo jogador.
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