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Testamos: EA Access traz bons jogos, mas serviço precisa melhorar

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

17/09/2014 18h51

Serviços que disponibilizam jogos para download mediante uma assinatura mensal não são mais exclusividade dos fabricantes de consoles: no Xbox One, o EA Access segue essa mesma proposta, mas limita suas ofertas aos games da Electronic Arts.

Lançado em agosto nos EUA, o serviço chegou ao Brasil este mês e traz uma seleção de cinco jogos para download, descontos em compras de outros títulos e de conteúdo adicional de games da EA e também permite baixar alguns jogos cinco dias antes do lançamento, em uma versão de teste que preserva o progresso das partidas no jogo final.

Tudo isso sai por um preço convidativo: são R$ 10 por mês ou R$ 59 ao ano. UOL Jogos testou o EA Access para descobrir o que exatamente está em oferta, como funcionam os benefícios e o que não faz parte do serviço.

Como funciona

A assinatura é feita através do aplicativo do EA Access no Xbox One. Para adquirir o serviço, é preciso utilizar um cartão de crédito. Não dá para pagar com crédito disponível no perfil do jogador no Xbox Live e ainda não existem cartões pré-pagos do EA Access.

Dentro do EA Access, você pode navegar pelos jogos disponíveis para download na área chamada de "Cofre" e também ver outros jogos da EA, seja para baixar versões de teste ou comprar conteúdo com desconto.

O catálogo de jogos é o maior mérito e ao mesmo tempo uma das principais desvantagens do EA Access. Pagando um preço relativamente baixo, você tem acesso aos jogos "Battlefield 4" (tiro), "FIFA 14" (futebol), "Madden NFL 25" (futebol americano), "Need for Speed: Rivals" (corrida) e "Peggle 2" (puzzle).

É uma oferta variada e são bons jogos, mas são títulos da primeira safra do Xbox One. Games recentes, como "EA Sports UFC" e "Plants vs. Zombies: Garden Warfare" não entram na lista de jogos gratuitos. Como um dos benefícios do serviço é a compra de jogos digitais com 10% de desconto, é improvável que um lançamento vá entrar no catálogo gratuito.

FORMAS DE PAGAMENTO*

MensalidadeR$ 10
AnuidadeR$ 59
*Só aceita cartões de crédito 

Ao contrário dos serviços Games with Gold (Xbox) e PS Plus (PlayStation), o catálogo do EA Access é permanente, ou seja, não há uma rotatividade de títulos para download gratuito. Você não precisa correr para baixar nenhum dos jogos do Cofre. Por outro lado, também não existe uma periodicidade para a chegada de mais jogos ao catálogo.

Dos jogos da época do lançamento do Xbox One, só "NBA Live 14" não está entre os jogos "gratuitos" do EA Access. "NHL 15" e em breve, "FIFA 15" e "Dragon Age: Inquisition" estão na lista dos games com "versões completas para teste" e devem levar um tempo antes de serem liberados de graça.

Todos os jogos, só que não

Ao contrário do que a divulgação do Access faz parecer, nem todos os games publicados pela Electronic Arts estão inclusos no serviço. Por exemplo, você pode baixar "Battlefield 4" de graça e comprar os pacotes de expansão e outros DLCs (como kits de classe) com 10% de desconto. Mas o passe "Battlefield Premium", que traz boa parte desse conteúdo, não tem desconto algum e sai por R$ 100, seja você assinante ou não.

  • Divulgação

    O popular "Titanfall" é publicado pela EA mas não faz parte do serviço Access

Outra ausência gritante é "Titanfall". O jogo de tiro da Respawn Entertainment é sem dúvida o maior hit da EA no Xbox One. Comprar o jogo ou seus pacotes de expansão com um preço um pouco melhor seria um belo atrativo para assinar o EA Access, mas surpresa: "Titanfall" não faz parte do serviço de assinatura.

No rodapé do site oficial do EA Access é dito que "Titanfall" está excluído de todas as funções do serviço. Pior ainda, o texto sugere logo em seguida: "verifique esta página regularmente para atualizações e qualquer exclusão futura".

Assim, não só um dos jogos mais atraentes do catálogo da EA no Xbox One não está disponível para os assinantes do serviço "premium" da publisher, como outros games futuros podem ter o mesmo destino.

O desconto em compras oferecido para os assinantes do serviço não é grande coisa, mesmo valendo para quase todo o catálogo da EA no Xbox One. As ofertas semanais para assinantes Live Ouro costumam variar entre 30% e 50% do preço dos jogos e DLCs. O mesmo vale para ofertas na PlayStation Plus. Comparar o EA Access com o Steam é covardia: na plataforma da Valve, há ofertas diárias com até 75% de desconto.

"Netflix" da EA?

Desde o lançamento, é comum ver pessoas comparando o EA Access com serviços como Netflix e o PlayStation Now. Mas, na prática, a oferta da EA é bem diferente dos serviços citados.

Enquanto o Netflix oferece um amplo catálogo de filmes, séries e animações para os assinantes através de streaming em diversos aparelhos (computador, consoles, celulares, etc) e o PlayStation Now é um serviço de streaming de jogos de PS3 no PlayStation 4 (ainda em fase de testes beta nos EUA), o EA Access oferece uma seleção limitada de jogos para download e descontos para assinantes.

PREÇOS SALGADOS

  • Divulgação

    Os assinantes EA Access não estão livres de "roubadas" na hora de comprar jogos: "FIFA 15" sai por salgados R$ 250 na pré-venda digital no Xbox One. Mesmo com 10% de desconto, o valor final é maior do que os R$ 200 cobrados no varejo brasileiro.

Ou seja, no EA Access você precisa baixar os jogos para o Xbox One, como faz com qualquer outra compra digital no console.

Há vantagens no formato: com exceção dos jogos do Cofre, todo o conteúdo comprado (jogos ou extras com descontos) pertencem de fato ao jogador, independente da assinatura expirar. É o mesmo que acontece com as ofertas feitas semanalmente para assinantes Xbox Live Ouro ou PlayStation Plus.

O acesso antecipado aos próximos lançamentos da EA são um pouco melhores que demos jogáveis dos games, já que permitem jogar algumas horas e salvar o progresso para quando (ou se) você comprar a versão final. Outra vantagem é que são as versões completas dos jogos. Ou seja, você pode jogar a modalidade que preferir, sem seguir a experiência pré-determinada de uma demo.

Porém, o tempo de jogo liberado nessas versões é de apenas cinco horas. Pode ser bastante tempo para experimentar as partidas de "NHL 15" ou "FIFA 15", mas é só um aperitivo em uma aventura como "Dragon Age: Inquisition".

Vale notar, essas horas são consumidas sempre que você está no jogo. Assim, a melhor pedida é esperar o download ser completado antes de abrir o game. Ao entrar no jogo incompleto, você não terá todo o conteúdo disponível, mas o relógio vai avançar mesmo assim.

"Dragon Age: Inquisition" é um dos jogos já confirmados na lista de "acesso antecipado" para assinantes do serviço

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Valor subjetivo

Analisando apenas os números, assinar o EA Access parece um ótimo negócio: por um preço baixo (R$ 59 ao ano), você pode baixar e jogar cinco games que sairiam pelo valor total de R$ 423 se comprados no Xbox Game Store.

Mas ai entram as questões: Você já tem esses jogos? Você gosta de games dos gêneros oferecidos? Há quem opte por ter um "FIFA" em casa mesmo não sendo um grande apreciador do futebol virtual, apenas para ter algo para jogar com os amigos em uma reunião doméstica.

Já se você é fã de jogos de esporte e das franquias anuais da EA, pode achar a assinatura um bom negócio desde que não tenha pressa em jogar sempre a edição mais nova de "FIFA" ou "Madden".

  • Divulgação

    Muitos jogadores esperam para comprar um "FIFA" só depois da redução de preço que antecede o lançamento da próxima edição da série. Para este público, o EA Access representa uma boa economia de tempo e dinheiro - e ainda rende outros jogos.

Se o valor do serviço EA Access é subjetivo para cada usuário, devemos observar como a Electronic Arts vai atrair o interesse do público para o serviço nos próximos meses: será preciso aumentar a oferta de jogos grátis, a variedade de títulos e também promover melhores benefícios - não adianta dar 10% de desconto em quase todo o catálogo e deixar "Titanfall" de fora, por exemplo.

É nessa evolução do serviço que o EA Access mais se difere do popular Netflix: este nasceu como um aplicativo de streaming e precisou angariar conteúdo para conquistar os consumidores. Já a Electronic Arts precisa tornar o Access um serviço melhor para ser atraente. Conteúdo para isso, a publisher já tem.