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Jogamos: "Civ: Beyond Earth" é mistura perfeita entre o velho e o novo

Luiz Hygino

do Gamehall

02/10/2014 16h37

Sexta-feira à noite era o pior momento para se visitar uma locadora de games no auge dos anos 90. As tradicionais promoções de "alugue um jogo na sexta e só devolva na segunda" esvaziavam as prateleiras ao longo do último dia da semana. Foi numa dessas sextas à noite que, frustrado por não encontrar mais nenhuma cópia de "Super Mario RPG" ou "International Super Star Soccer Deluxe" para aluguel, voltei pra casa, frustrado, com o desconhecido "Civilization", versão de Super Nintendo, em mãos.

Daí em diante nasceu um vício e uma fidelidade que duram até hoje, passando por todas as edições do jogo que hoje é sinônimo de estratégia por turnos. O curiosos é que, durante todo esse tempo, o tipo de vitória que eu mais buscava em "Civ" era a da Corrida Espacial. Exterminar todos meus adversários parece bárbaro demais, ser eleito o cara mais legal do mundo pela ONU tem cheiro de maracutaia e a vitória por tempo é naturalmente decepcionante. Mas ser o primeiro líder a levar seu povo pra longe da Terra, rumo às estrelas, para um novo começo, sempre me pareceu uma ideia incrível.

Como seria esse novo começo, no entanto? "Civilization: Beyond Earth", o capítulo futurista da série, responde a essa pergunta.

ASSISTA AO TRAILER DE ANÚNCIO DE "BEYOND EARTH"

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A fronteira final

A versão de testes do jogo, à qual o UOL Jogos teve acesso, apresenta partidas com limite de 250 turnos, pouco tempo para um jogo completo, mas período suficiente para entender qual a proposta do novo "Civ". No ano 2600, uma série de facções terrestres patrocinam empreitadas rumo a um planeta desbravado, com condições de receber os colonos da Antiga Terra. As facções fazem o papel das nações em "Beyond Earth" e, entre corporações americanas e cooperativas asiáticas, está Brasilia, um estado militar composto pelo que restou de Brasil e de alguns outros países latino-americanos.

Mesmo não simpatizando com a postura militar do Comandante Rejinaldo Leonardo Pedro Bolivar de Alencar-Araripe, escolhi a facção tupiniquim para me aventurar no Novo Mundo. Antes da aterrissagem, algumas opções ajudam a definir características e bônus que acompanharão o jogador durante a partida, como qual tipo de nave está sendo lançada da Velha Terra, com qual tipo de população e com que carga. São escolhas que podem garantir pesquisas mais eficientes, detalhes do mapa revelados ou mais força de produção, por exemplo.

Quando minha nave aportou no novo planeta, foi muito curioso experimentar um sentimento de total curiosidade e desconhecimento do que estava por vir. Em qualquer outra edição de "Civilization", o caminho acabava sempre parecendo o mesmo, com tecnologias conhecidas, recursos conhecidos e jornadas relativamente similares. Em "Beyond Earth", não. Assim que a capital, batizada de Cidadela, foi fundada, as perguntas já começaram. Que tipo de uso meu povo encontraria para as misteriosas pedras voadoras? As plantas vizinhas à cidade podem servir de alimento? E o que diabos é essa névoa, distribuída aleatoriamente por todo o mapa? No entanto, mesmo com tantas novidades, "Beyond Earth" é extremamente confortável para quem já está habituado com a série.

Ô de casa!

O que não é nada confortável é ter que lidar com hordas e hordas de alienígenas, presentes o tempo todo no mundo. Mas, de forma muito interessante, os aliens se comportam de maneiras diferente de acordo com as ações do jogador. Vale lembrar que, aqui, os humanos são os invasores.

Antes de serem atacadas, as unidades selvagens exibem um indicador verde. Poucos ataques, de poucas unidades, deixam os aliens com indicador amarelo e com comportamento mais violento. Ofensiva aberta aos extraterrestres e aproximação ao ninho dos aliens deixam eles extremamente nervosos, e com indicador vermelho.

Ao tentar destruir um ninho, próximo demais de uma área de interesse para meus trabalhadores, foi curioso notar que aliens de outras áreas foram tomados pela fúria. Eu gosto de acreditar que existe uma espécie de consciência coletiva movendo os seres da Nova Terra, mas não consegui descobrir ao certo.

Igual, mas diferente

Existem algumas novidades que transformam a experiência de "Beyond Earth" de forma mais considerável. O jogo, tem um sistema de quests bastante presente, que ajuda a construir a narrativa do jogo. Pequenas sugestões de arcos de história dão charme à ações que já seriam desempenhadas, como a exploração de sondas antigas enviadas ao planeta (cumprem o papel das ruínas dos outros "Civs") e dão opções de customização para a grande maioria das construções das cidades do jogo.

A corrida tecnológica ganhou muito dinamismo em "Beyond Earth". Em vez da tradicional "Árvore de Tecnologia", linear e previsível, o jogo apresenta uma "Teia de Tecnologia", que aponta para direções muito diferentes e permite evoluir de forma completamente customizável. Ao longo de um jogo, facções diferentes podem evoluir de formas completamente distintas. Durante minha experiência, por exemplo, terminei os 250 turnos com soldados robóticos, parecidos com exterminadores do futuro, guardando as fronteiras de minhas terras, enquanto um vizinho exibia tropas mistas, que juntavam homens e grandes insetos alienígenas.

Falando em soldados robóticos e tropas alienígenas, "Beyond Earth" apresenta o inédito sistema de "Affinities", que traduz qual o grande plano que cada facção tem para o futuro da humanidade. Os jogadores poderão escolher entre tentar construir uma cópia fiel da sociedade terráquea do passado, buscar a evolução através da relação com robôs e com tecnologia de ponta ou abraçar o novo mundo, a cultura e as criaturas alienígenas. Cada caminho vai sendo traçado com a conquista de pontos, que podem vir com a descoberta de tecnologias específicas, com construções e com detrminadas escolhas nas quests do jogo.

CONHEÇA ALGUMAS DAS MECÂNICAS DE "BEYOND EARTH"

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NÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!

Quando as bases para minha nova civilização pareciam estar prontas para a definição de um Affinity, quando minha Teia de Tecnologia parecia apontar para o futuro de meu povo, quando as cidades de Manuel, Dourado, Santo Adrião e Boa Esperança já prosperavam e quando meus conterrâneos começavam a sair do status quo e a colocar as mangas de fora, os 250 turnos terminaram. Foi desesperador. Uma facada no peito. Mas me fez reviver o tão comum sentimento de "só mais um turno...", tão comum entre os fãs da mais popular série de estratégia do mundo.

Que chegue logo o dia 24 de outubro, e o lançamento de "Civilization: Beyond Earth".