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Jogamos: "Overwatch" quer mudar o panorama dos jogos de tiro online

Théo Azevedo

Do UOL, em Anaheim*

08/11/2014 15h33

O alívio e a excitação de funcionários e executivos da Blizzard eram quase palpáveis na Blizzcon, evento que reúne 25 mil fãs da companhia nos Estados Unidos. Após 17 anos a empresa enfim anunciou uma franquia inédita, "Overwatch", shooter multiplayer com gráficos coloridos e estilizados que em nada lembram a Santíssima Trindade composta por "WarCraft", "Diablo" e "StarCraft".

Jeff Kaplan, produtor de "Overwatch", e Chris Metzen, vice-presidente de franquias e história da Blizzard, eram só sorrisos nas conversas com fãs e imprensa. "Queremos acolher todos nesse universo de maneiras distintas", disse Kaplan, reforçando um dos mantras do jogo: ser uma experiência acessível e divertida para todo o público.

Como não podia deixar de ser, a área mais concorrida da Blizzcon era aquela que concentrava 600 máquinas rodando "Overwatch". A demonstração tem doze personagens jogáveis, divididos em quatro classes diferentes: Ofensiva, Defensiva, "Tanque" e Suporte. As partidas consistem em dois rounds, com times de seis participantes em lados opostos, sendo que uma equipe precisa correr contra o tempo para capturar pontos do mapa, enquanto a outra defende tais áreas.

CONHEÇA "OVERWATCH", JOGO DE TIRO DA BLIZZARD

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As comparações com "Team Fortress 2", da Valve Software, são inevitáveis, mas a abordagem mais amigável de "Overwatch" já fica clara na escolha dos personagens. Como dita o figurino, cada um tem habilidades próprias, mas as próprias classes funcionam menos como uma delimitação arbitrária e mais como uma referência para que o jogador encontre escolhas apropriadas ao seu estilo de jogo.

Na própria tela de seleção de personagens é possível observar as escolhas dos demais integrantes do time, o que ajuda a planejar o trabalho em equipe. Mas, ao mesmo tempo, não há restrição quanto a dois ou mais jogadores escolherem um mesmo personagem, por exemplo. Durante a partida, no momento de "respawn", o jogador pode trocar de guerreiro.

"Overwatch" não será apenas uma experiência de deathmatch pura e simples, o que sugere modos de jogo baseados em objetivos distintos e, sobretudo, uma experiência que não se resuma apenas em "frags", como é comum em tantos títulos do gênero. "Mais tempo de sobrevivência significa mais interações entre as pessoas que estão jogando", acredita Metzen.

Não que "Overwatch" seja uma game casual: basta jogar uma ou duas partidas e você já consegue observar quem está  familiarizado com shooters e quem não está. Há espaço para desenvolver e aprofundar habilidades, já que cada personagem se comporta de maneira diferente. O mascarado Reaper, por exemplo, carrega duas armas ao mesmo tempo e usa recursos como o teletransporte para surpreender os adversários; já Hanzo, por sua vez, usa um arco-e-flecha bastante letal.

De acordo com Metzen, vice-presidente de franquias e história da Blizzard, "Overwatch" inclui recursos de "Titan", MMO no qual a companhia trabalhou por sete anos e que, em setembro, foi cancelado."Há elementos de 'Overwatch' que têm 'continuidade' com 'Titan', incluindo alguns mapas", explicou em um dos painéis da Blizzcon. Porém, Metzen fez questão de afirmar que são jogos distintos: "Eu diria que são muito diferentes, mas que há alguns componentes [compartilhados]".

TRAILER MOSTRA TRECHOS DE "OVERWATCH" EM AÇÃO

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Mais perguntas do que respostas

Como já é tradição em anúncios da Blizzard, ainda há muitas dúvidas no ar - por exemplo, se o jogo vai ser lançado para videogames: "A ideia de levar 'Overwatch' para os consoles é sensacional, mas por enquanto vamos falar apenas da versão para PC", despista Kaplan.

Toda a flexibilidade em poder ter personagens iguais na mesma partida, e de não haver uma distinção muito clara de facções, faz pensar sobre os rumos que a companhia pretende dar ao enredo, que se passa em uma versão fictícia e futurista da Terra, fazendo referências a uma crise global e um confronto entre robôs. O trailer do jogo mostra lugares familiares do globo, dentre eles o Rio de Janeiro, o que sugere um mapa ambientado na Cidade Maravilhosa.

Sequer o modelo de negócios de "Overwatch" foi definido, já que a empresa ainda diz estudar qual alternativa é mais viável, seja F2P ou não.

Mesmo assim a Blizzard merece o voto de confiança, já que ao longo dos anos especializou-se em elevar o nível de qualidade dos gêneros em que pôs as mão, da estratégia em tempo real aos card games. "Overwatch", mesmo nesse estágio inicial, já mostra um grau de acabamento e diversão à altura dos títulos da companhia.

Com o início da fase beta de testes no ano que vem será possível ver com mais clareza de quais formas "Overwatch" vai inovar os jogos multiplayer de tiro.

*O jornalista viajou a convite da Blizzard.