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"CrossFire", game online de tiro, faturou US$ 957 mi e superou até "LoL"

Théo Azevedo

Do UOL, em Seul

10/12/2014 15h22

Nem “League of Legends”, tampouco “World of Warcraft”: o jogo free to play que mais faturou com microtransações em 2013 - US$ 957 milhões, segundo informações da consultoria Superdata - foi “CrossFire”, um shooter que à primeira vista mais parece uma cópia tosca de “Counter-Strike”, daquelas para não ser levada a sério.

“CrossFire” foi desenvolvido por uma companhia chamada Smilegate, na Coréia do Sul, um país com vocação para emplacar hits no mercado de shooters gratuitos – basta dizer que “Combat Arms” e “Point Blank”, dois outros exemplos bem-sucedidos do gênero, também vieram de lá.

Só para colocar em perspectiva, mais de 125 milhões de pessoas já jogaram “Call of Duty”, segundo a Activision. Bem, “CrossFire” possui 400 milhões de usuários registrados e alcançou picos de cinco milhões de jogadores simultâneos. Boa parte deles está na China, onde o game é um verdadeiro fenômeno, publicado pela gigante Tencent, que possui pedaços de empresa como a Riot, de “LoL” e, vejam só, da Activision também.

Disponível em 80 países, “CrossFire” foi lançado em 2007 e, desde então, não mudou muito: os gráficos são ultrapassados e a curva de aprendizado é baixa. O que soam como críticas, na verdade, estão por trás do sucesso: “Havia muitos shooters no mercado [em 2007] e nenhum deles era popular, pois não eram tão fáceis de jogar”, explica Ina Jang, CEO da Smilegate Games, que possui 1.200 funcionários. “Queríamos criar um jogo mais acessível, e não apenas para os fanáticos, mas também para os principiantes”.

Oito anos depois, “CrossFire” mantém-se no topo porque oferece um serviço estável, algo fundamental para o sucesso do game em regiões como a China, onde os PCs e a conexão da internet de boa parte da população são, no mínimo, modestas. “Estamos sempre em busca de alternativas para melhorar a conexão do jogo e mantê-lo atualizado com patches”, diz Jang.

Nem mesmo os itens pay to win da lojinha parecem abalar tamanho sucesso. Sim, “CrossFire” lesa a regra nº 1 dos jogos grátis, ou seja, “ninguém deve ter que pagar para ganhar”. Sem qualquer ressalva, as melhores armas e itens são pagos, deixando a habilidade do jogador num segundo plano.

Brasil no mapa

Com pico de 40 mil jogadores simultâneos, “Crossfire” vive um bom momento no Brasil, que já figura entre as prioridades da Smilegate, após um início turbulento de operações locais. “É um mercado muito grande e, da primeira vez que tentamos explorá-lo, houve muito desentendimento e falta de informações”, admite Jang.

A executiva não se importa em esconder que, na época, não fazia ideia nem de qual seria o público-alvo no Brasil, algo que afetou desde a estratégia de marketing até a qualidade dos serviços: “Foi um tempo que era muito difícil acessar o jogo no país, algo que resolvemos com o tempo”.

Agora a situação é bem diferente: os servidores de “Crossfire” estão localizados no país e os campeonatos são cada vez mais frequentes. Aliás, um time brasileiro, a Keyd Stars, participou do Mundial de “Crossfire”, disputado em Seul, que rolou entre os dias 5 e 7 de dezembro – o time foi eliminado ainda na fase de grupos.

Segundo Jang, a empresa estuda, atualmente, a possibilidade de abrir um escritório por aqui, mas é algo que ainda não está definido – por enquanto a operação local é administrada pele escritório da Smilegate West, no Canadá.

  • Divulgação

    Keyd Stars representou o Brasil no mundial de "Crossfire" em 2014

“Crossfire 2” a caminho

Se é que é possível, a Smilegate almeja voos ainda mais altos para “Crossfire”, mas sabe que um jogo de oito anos de idade tem limites que nem mesmo constantes atualizações podem superar. Por isso a empresa já trabalha a pleno vapor em uma continuação, ainda que não esteja preparada para dar muitos detalhes sobre o assunto.

Porém, já dá pra vislumbrar um tom de “mais do mesmo” no projeto, só com uma roupagem moderna: “Queremos que os jogadores não sintam grande diferenças em relação ao ‘Crossfire’ original, mas vamos adicionar novos modos de jogo”.

Se “Crossfire 2” vai coexistir com o original, isso é algo a ser decidido mais próximo ao lançamento – sem data definida, só pra constar.

Se serve de consolo, a Smilegate já confirmou que “Crossfire 2” será lançado no Brasil e até deixou as portas abertas para uma versão para consoles: “Quando ‘Crossfire’ foi desenvolvido não pensamos em levá-lo aos videogames, pois havia muitos empecilhos técnicos e o jogo não havia sido pensado para isso”, explica Jang. “Entretanto, com ‘Crossfire 2’ estamos avaliando a possibilidade de lançar nos consoles também”.

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