DLC: conteúdo extra pode fazer preço final de um jogo ultrapassar R$ 440
Imagine que você, por algum motivo, viaja no tempo, encontra sua versão mais jovem no passado e começa a numerar todas as maravilhas do mundo futuro dos games para o seu embasbacado duplo do pretérito.
- Rapaz, você não sabe. No futuro, existem óculos de realidade virtual, que te colocam dentro do jogo!
- Uau!
- Memory Card é item de museu! No futuro, todos os jogos podem ser salvos numa nuvem de dados!
- Caceta!
- E tem um negócio fantástico chamado DLC, conteúdo do jogo que sai mesmo depois que o game é lançado!
- Nossa! Que maravilha! Tudo isso de graça?
- Então, não é bem assim…
Realidade quase obrigatória atualmente, especialmente nos grandes lançamentos da indústria, os DLCs ainda são um tema polêmico. Enquanto uns defendem a oferta de conteúdo extra que tanto prolonga a vida útil de um jogo, outros dizem que inúmeros títulos têm conteúdo arrancado da versão de lançamento, apenas para chegarem depois, com preços salgados divididos em pequenos pedaços. Aliás, essa é uma unanimidade: o DLC é uma brincadeira cara.
Fazendo as contas
Vamos tomar como exemplo alguns dos mais importantes lançamentos do ano passado.
"Terra-Média: Sombras de Mordor" foi apontado pela audiência e pela equipe de UOL Jogos como o melhor jogo de ação e aventura de 2014 (além de levar o troféu de melhor "Assassin’s Creed" do ano). O jogo da produtora Monolith Studios tem preço sugerido que segue a tendência dos grandes lançamentos da indústria: R$ 200.
Todo o conteúdo adicional lançado para “Sombras de Mordor” está incluído no Passe de Temporada do jogo, que custa R$ 50. São quatro expansões, no total: “Provas de Guerra”, “Senhor da Caça”, “O Senhor Brilhante” e “Guardiões do Olho Flamejante” - este último exclusivo do Passe de Temporada.
VEJA CONTEÚDO EXTRA DE "SHADOW OF MORDOR"
Quando comprado separadamente, todo o conteúdo DLC de “Shadow of Mordor”, somado, passa a custar R$ 78. A produtora Monolith Studios, no entanto, diz que o jogo pode ganhar novas atualizações no futuro.
MIDDLE-EARTH: SHADOW OF MORDOR
Jogo | R$ 200 |
Passe de Temporada | R$ 50 |
Jogo + Passe de Temporada | R$ 250 |
Jogo + Conteúdo DLC separado | R$ 278 |
Dinheiro é poder
A experiência completa de "Call of Duty: Advanced Warfare" é ainda mais salgada. O jogo de tiro em primeira pessoa da Sledgehammer Games tem nesta edição um tom hollywoodiano, com direito à participação de Kevin Spacey como protagonista da campanha principal. O jogo, como a maioria dos grandes lançamentos, custa R$ 200. O susto fica por conta do Passe de Temporada, vendido a R$ 100.
Pelo alto preço, os fãs de "CoD" terão acesso a quatro pacotes DLC: "Devastação", "Ascensão", "Supremacia" e "Juízo Final", cada um deles com quatro novos mapas. O modo "Exo Zumbi", que coloca os jogadores contra hordas de zumbis usando exoesqueletos, também faz parte do passe de temporada. Algumas novas armas e personalizações também fazem parte do pacote.
VEJA OS MAPAS E ITENS DLC DE "ADVANCED WARFARE"
Separadamente, cada expansão de "Advanced Warfare" tem preço sugerido de R$ 30 (só a expansão "Devastação" foi lançada até agora), o que garante uma economia de R$ 20 na compra do passe de temporada. Uma série de conteúdos cosméticos, como 'skins' de armas e exoesqueletos, não fazem parte dos pacotes, e totalizavam, até o fechamento da matéria, R$ 128.
No entanto, existe um modo de economizar um pouco mais e conseguir todo o conteúdo de “Advanced Warfare”. A exemplo de outros títulos, o jogo distribuído pela Activision tem uma edição especial de lançamento, batizada “Edição Digital Pro”, que já reúne jogo e passe de temporada (uma espécie de pacote do pacote). Somando ainda um modelo exclusivo de personalização de exoesqueleto e duas armas exclusivas, o pacote sai por R$ 260.
CALL OF DUTY: ADVANCED WARFARE
Jogo | R$ 200 |
Passe de Temporada | R$ 100 |
Jogo + Passe de Temporada | R$ 300 |
Jogo + Conteúdo DLC separado | R$ 448 |
A evolução da cobrança
O acalorado debate a respeito dos DLCs voltou à agenda do universo dos games, recentemente, graças a "Evolve", shooter revolucionário da Turtle Rock Studios, que coloca quatro jogadores, no controle de caçadores, contra um outro jogador, no controle de um enorme e evolutivo monstro.
A versão de Xbox One do jogo, usada aqui como exemplo, custa R$ 200. Com ela, os jogadores têm acesso a doze caçadores e três monstros. Pagando mais R$ 50 pelo Passe de Temporada, é possível desbloquear mais quatro caçadores, além de garantir um pacote de skins para os três monstros. Por enquanto, não é possível adquirir o conteúdo do passe de temporada separadamente. Uma oferta especial - a edição Digital Deluxe - junta jogo e passe de temporada num único pacote, por R$ 235.
No total, hoje já existem 41 itens cosméticos de "Evolve" à venda. Quarenta e um. As skins de caçadores são vendidas por R$ 4, e as skins dos monstros custam R$ 6. Como mencionado acima, são itens cosméticos, ou seja, não apresentam nenhum tipo de variação de jogabilidade, só mudam a aparência dos personagens. Na soma, os itens, comprados separadamente, totalizam R$ 190, quase o preço do jogo completo.
EVOLVE
Jogo | R$ 200 |
Passe de Temporada | R$ 50 |
Jogo + Passe de Temporada | R$ 250 |
Jogo + Conteúdo DLC separado | R$ 440 |
A produtora Turtle Rock promete lançar novos monstros e novos caçadores no futuro, todos pagos. O único conteúdo grátis de "Evolve" serão os mapas.
"Ao invés de jogar um monte de boas ideias fora, por que não juntá-las e colocá-las num DLC? O que esperamos é que as pessoas percebam o quanto os caçadores e monstros adicionam ao jogo, e que sintam que isso vale o investimento. Não há nada aqui que force as pessoas a gastar mais dinheiro com o game do que o que acharem confortável”, disse Phil Robb, um dos fundadores da Turtle Rock, em um comunicado no fórum oficial de “Evolve”.
Sem noção
Alguns casos, de tão extremos, chegam a parecer mentira. Mas são bem reais. Enquanto a maioria dos blockbusters da indústria parece seguir uma convenção, lançando de três a cinco DLCs grandes, e pouco mais de uma dezena de atualizações menores, certos jogos independentes, bastante comuns no Steam, desafiam o bom-senso.
A franquia "Train Simulator", da Dovetail Games, promete trazer à vida “a emoção de guiar trens de alta velocidade em rotas reais do mundo todo, com nível de detalhe impressionante”. E tudo isso a um preço convidativo, R$ 50, número que parece justo por um jogo independente. Os mais empolgados podem encontrar, ainda, uma edição especial do Steam, que traz três modelos de trem adicionais ao jogo, além de novas rotas, por R$ 98. Apenas três, de um total de 208 add-ons disponíveis para o jogo no Steam. O montante de dinheiro necessário para comprar todas as expansões? R$ 7823,90.
Não, não. Você não leu errado. R$ 7823,90.
Não é brincadeira: Sete mil, oitocentos e vinte três reais e noventa centavos
Ainda assustado com a diferença de preço no total? Acompanhe melhor na tabela a seguir.
TRAIN SIMULATOR 2015
Jogo | R$ 50 |
Edição Especial | R$ 98 |
Jogo + Conteúdo DLC separado | R$ 7823,90 |
Uma nova esperança
Mas num mundo extremamente perigoso para as frágeis carteiras dos jogadores de videogame, ainda há esperança de paz e de economia. Anunciado em fevereiro de 2013, “The Witcher 3: Wild Hunt” é um dos jogos mais esperados de 2015. Seus trailers têm tirado o fôlego dos fãs da série espalhados pelo mundo, graças aos belíssimos gráficos e à promessa de um mundo aberto de 64 km², que tem enchido os fãs de RPG de ansiedade.
Antes de seu lançamento, que acontece em 19 de maio para PC, PS4 e Xbox One, a produtora polonesa CD Projekt RED já prometeu 16 DLCs para o jogo. Todos de graça. Não há Passe de Temporada, versão especial de lançamento com conteúdo adicional, nada disso. Apenas um jogo com 16 DLCs gratuitos.
"Hoje em dia é preciso controlar a carteira, já que logo depois do lançamento dos jogos, somos tentados por uma série de pequenas ofertas de conteúdo que aparecem na nossa frente, com seus pequenos preços. Mas nós não acabamos de pagar um monte de dinheiro pelo novo jogo? Acreditamos, na CD Projekt Red, que esse não deveria ser o caminho das coisas, e decidimos fazer diferente, com 'The Witcher 3’”, disse o CEO da produtora, Marcin Iwinski, em recente entrevista ao portal IGN.
"Nós, como jogadores, gostaríamos de ser tratados assim. Não precisam ser DLCs imensos. E nós não vamos distribuir DLCs imensos, não estamos entregando dezenas de horas de história. São pequenos pedaços de conteúdo que não custam muito. Mas acho que as pessoas podem se sentir melhor a respeito do jogos, aproveitar a aventura ainda mais", finalizou Iwinski.
A produtora também afirmou que, com a decisão, eles agradecem a todos os jogadores que confiaram no trabalho deles comprando o game, além de tentar, assim, combater a pirataria que assola o mundo dos videogames. Uma atitude admirável. Tomara que a moda pegue.
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