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Dublagem amadora de Roger estraga "Battlefield: Hardline" brasileiro

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

20/03/2015 17h51

Contratar uma celebridade para participar de um jogo se tornou uma estratégia recorrente para a Warner Games. Os globais Tiago Leifert e Caio Ribeiro em "FIFA 15", os humoristas Marcos Veras e Rafael Infante em "Lego Batman 3" e agora, o cantor Roger Moreira em "Battlefield: Hardline".

No game, Roger empresta a voz para Nick Mendoza, policial de Miami, nascido em Cuba (que ironia, não?) e que se vê envolvido em uma rede de tráfico de drogas e policiais corruptos. Roger se posiciona publicamente contra a corrupção (e quem se posicionaria a favor?) e esse talvez seja o motivo para associar o cantor ao policial que luta contra tiras corruptos - mas a associação é tênue demais para se esperar que o jogador chegue a essa conclusão.

Nick Mendoza, o detetive interpretado por Roger é um cara certinho mas durão, que veio de baixo e fez uma carreira na polícia, uma espécie de sonho americano ao estilo "Miami Vice". Nick tem convicções fortes sobre honestidade e lealdade. Sua versão brasileira estaria melhor na voz de um Wagner Moura, o eterno capitão Nascimento de "Tropa de Elite", coisa que Roger nunca será.

Mais do que jogada de marketing, colocar Roger no papel principal do game é uma escolha infeliz: o músico e apresentador é mais conhecido pelas posições políticas "de direita" e pelas discussões polêmicas na internet do que por qualquer talento para a atuação. E em "Hardline" onde Roger atua ao lado de dubladores profissionais, isso fica ainda mais evidente.

A voz do cantor não combina com o personagem, mesmo quando ele tenta imprimir alguma emoção. Pior ainda quando Roger adapta o roteiro para soar mais natural, o resultado passa longe do alvo, com falas que não combinam com o detetive certinho. "Passa umas paradas loucas na cabeça, véi".

Em outros momentos, Roger soa apático, sem expressão alguma. Falta ao cantor a interpretação que seus colegas de estúdio emprestam aos coadjuvantes do game.

VEJA TRECHO DUBLADO DE "BATTLEFIELD: HARDLINE"

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Dublagem é importante

Jogos dublados são importantes para o mercado brasileiro, da mesma forma que filmes e programas de televisão. Uma parcela grande da população não domina outro idioma e oferecer a opção de consumir entretenimento na sua própria língua é o mínimo que as produtoras devem fazer.

Mais do que respeitar os consumidores, dublar os jogos é um investimento elevado, que dá resultados em vendas e agrega valor ao produto. Isso conta muito na percepção de quem vai colocar a mão no bolso e pagar de R$ 200 até R$ 250 em um game no lançamento. Até por isso, a dublagem se torna uma parte importante do game no Brasil: é em português que muitos jogadores vão aproveitar a experiência do jogo e, em "Hardline", essa experiência é estragada por uma atuação fraca e que não convence ninguém.

ROGER FALA SOBRE A DUBLAGEM DE "HARDLINE"

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Apesar de tudo, um bom jogo

O que é uma pena, pois é um jogo que, exceto por isso, é bom e divertido. A campanha solo segue o formato de uma série de TV, com cada fase representando um episódio. A trama leva o policial dos guetos de Miami até as ruas de Los Angeles e tem passagens de ação explosiva no meio do deserto dos EUA, com direito a traficantes, policiais corruptos e milícias - em um dado momento, Nick pilota tanques e atira mísseis em helicópteros militares.

Em outras cena, uma troca de tiros com uma gangue de traficantes termina com uma mansão inteira destruída - o game herda de "Battlefield" anteriores um sistema de destruição espetacular, que permite quebrar e explodir quase qualquer objeto ou parede.

Mesmo com licenças poéticas em nome da diversão (tanques de guerra? Sério?) o jogo aproveita bem o fato de Nick ser um policial, que pode deter e algemar os adversários, ganhando mais pontos por isso do que se abater tudo e todos.

Ao menos o divertido e robusto modo multiplayer escapa da participação do cantor. As vozes dos personagens estão todas em português e cumprem o papel de sinalizar ações, anunciar o avistamento de inimigos ou a captura de um objetivo.

As partidas para vários jogadores rolam em mapas inspirados na trama, mas colocam membros da SWAT contra bandidos fortemente armados em assaltos à banco, perseguições e o clássico modo de conquista de território - principal modalidade da série "Battlefield" e que não poderia ficar de fora aqui, ainda que não faça muito sentido na reinvenção da brincadeira de polícia e ladrão que é o multiplayer de "Hardline".

O novo "Battlefield" está disponível para PC, PS3, PS4, Xbox 360 e Xbox One.