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Jogamos: Em "Halo 5", Master Chief divide holofote com novos heróis

Victor Ferreira

Do UOL, em Seattle*

12/06/2015 08h00

No ano passado, a Microsoft e a 343 Industries planejavam o início de uma nova era para a série “Halo”, desta vez no novo console da empresa, o Xbox One.

Infelizmente, o primeiro passo desta iniciativa, a coletânea “Halo: The Master Chief Collection”, acabou sendo um tiro no pé. Infestado de bugs de instabilidade tanto nas diferentes campanhas quanto no multiplayer, a série acabou sofrendo um abalo em relação à confiança com o consumidor.

Agora, a 343 quer apagar esta imagem negativa com “Halo 5: Guardians”, novo episódio na saga do herói Master Chief, que desta vez traz foco ainda maior na ação cooperativa da série, trazendo dois esquadrões de quatro personagens que estarão presentes durante todo o jogo.

Além disso, como em “Halo 2”, o Master Chief não será o foco central do game, dividindo os holofotes com o Agente Jameson Locke, que parte em busca do herói ao lado de sua equipe, Fireteam Osiris - que traz outra figura carimbada da série.

UOL Jogos teve chance de visitar os estúdios da 343, nos arredores de Seattle, e testar um pouco do jogo, trazendo alguns detalhes sobre o grande lançamento do ano para o Xbox One.

Halo 5 - Divulgação - Divulgação
Parte do universo expandido, "Halo 5" apresenta o Blue Team - Linda, Chief, Fred e Kelly - aos games
Imagem: Divulgação

União faz a força

O elemento de gameplay cooperativo já fazia parte da série “Halo” desde seu primeiro jogo, “Combat Evolved”. Anteriormente, porém, os jogadores controlavam “cópias” dos protagonistas - a grande exceção sendo “Halo 3”, em que era possível jogar com um esquadrão formado pelo Master Chief, o Arbiter e dois Elites.

Agora, em “Halo 5”, a 343 Industries quer integrar este elemento à própria estrutura do jogo. Independente de se o jogador estiver jogando a campanha sozinho ou com amigos, Chief ou Locke sempre terão a companhia de outros três personagens.

“Co-op sempre esteve em ‘Halo’, mas nunca foi o cidadão de primeira classe que o público gostaria que fosse”, disse o diretor criativo Tim Longo.

Para tornar este elemento mais central à experiência, o estúdio tem procurado diferenciar cada personagem por meio de armaduras ou preferência de uma arma ‘icônica’ - no caso da equipe do Chief, por exemplo, Kelly sempre começará as fases com uma escopeta, enquanto Linda prefere um rifle de precisão e Fred um rifle de assalto.

De acordo com o produtor Josh Holmes, até mesmo as interfaces de usuário serão diferentes entre os personagens, embora o build testado na visita ainda não tivesse implementado esta função.

Na fase testada, que se passa em uma nave da UNSC, já foi possível ver que os mapas estão tentando levar maior consideração à ação tática e cooperativa entre quatro jogadores, trazendo áreas bem maiores, com maior verticalidade e diferentes caminhos para chegar ao final de uma sala.

O nível em questão lembra as fases mais ‘fechadas’ da série, como “Truth & Reconciliation” e “Cairo Station”, mas os desenvolvedores prometeram as fases mais expansivas que marcaram a série, trazendo mais opções cooperativas.

“Nossos mapas são bem maiores do que você já viu em ‘4’, e estamos olhando para os jogos anteriores e pensando ‘OK, como podemos expandir no que eles já fizeram em termos de escala?”, diz o designer da campanha, Chris Haluke. “A noção de uma ‘caixa de areia’ está em primeiro lugar e queremos que você a utilize, então nós o soltamos em uma área e é possível ver que há veículos ali, munição para lá, turretas, etc.”

“Queremos que vocês basicamente escolham o jeito que queiram jogar, então ao entrar neste ambiente sua equipe pode se dispersar em direções diferentes, mas no final das contas todos estão indo para o mesmo objetivo final”, explica Haluke.

Caso esteja jogado a campanha sozinho, o jogador tomará controle do líder da equipe - Chief ou Locke - e poderá direcionar as ações do resto do esquadrão, indicando inimigos a derrubar, armas a escolher ou aliados a reviver apertando o botão direcional para cima.

Ao formar uma equipe com quatro jogadores, o criador da party assume o papel do líder, enquanto os outros poderão escolher seus personagens. Obviamente a autonomia desta equipe é maior do que a de uma formada por bots, mas de acordo com a 343 quem estiver controlando Chief ou Locke poderá dar ordens como no singleplayer - embora, ao menos neste build, não vi nenhum ícone ou algo parecido aparecer na tela de meus companheiros de equipe ao apontar para algum inimigo.

Por mais que o modo cooperativo seja mais central à narrativa do jogo, fãs de longa data deverão sentir falta de algo presente desde o início da série: O coop local, que só poderá ser utilizado entre dois jogadores no modo multiplayer.

Halo 5 - Divulgação - Divulgação
Arte conceitual do Fireteam Osiris, liderados pelo agente Jameson Locke
Imagem: Divulgação

Novas (e velhas) caras

“Halo 5: Guardians” se passa alguns meses após os eventos de “Halo 4”, com o Master Chief voltando a servir a UNSC depois de ficar mais de 4 anos perdido no espaço.

Comandando o chamado Blue Team - esquadrão de SPARTAN-II formado por seus amigos de infância, e grupo bem conhecido de fãs do Universo Expandido da série - Chief completa uma série de missões com louvor.

Esta rotina termina quando o Blue Team desaparece subitamente, e indícios levam a crer que Chief se voltou contra a humanidade. Em busca de respostas, a UNSC forma o chamado Fireteam Osiris, equipe formada pelo agente Jameson Locke e supersoldados do programa SPARTAN-IV - incluindo Buck, um dos protagonistas de “Halo 3: ODST”.

Enquanto o Blue Team representa a velha geração, e sua jogabilidade tem o estilo básico dos outros jogos da série, o Fireteam Osiris indica uma nova estrutura de mecânicas elaboradas pelo 343 Industries, reforçado a cooperação com ação mais tática, graças ao chamado sistema Artemis.

Graças a este sistema, jogadores poderão saber mais sobre o que está a seu redor - em termos de inimigos, equipamentos, caminhos alternativos, etc. -, para que o jogador adapte-se ao terreno com diferentes estratégias.

“A habilidade de estudar o ambiente, e observar e tomar nota do que você pode fazer é algo que queremos trazer com Locke e o Fireteam Osiris”, explica Hanuke. “Enquanto com Chief queremos deixar as coisas um pouco mais clássicas, e trazer memórias de ‘Halos’ antigos”.

A 343 também indica que o tom geral das missões de cada grupo será diferente, não só em termos de mecânica como a dinâmica dos próprios membros de cada equipe.

“Eles são de duas gerações diferentes”, explica o roteirista Brian Reed. “Os SPARTAN-II são os originais e estão quase na casa dos 50 anos, e os SPARTAN-IV são o sangue novo, e tem por volta de 20 a 30 anos - com exceção do Buck, que é um pouco mais velho - eles são o novo modelo. Nós chegamos a definir os SPARTAN-II como os ‘muscle cars’ americanos, enquanto os IV são os esportivos italianos”.

“Também há diferenças na estrutura e estética das missões”, disse o diretor de desenvolvimento da franquia, Frank O’Connor. “O Blue Team está bem focado no que precisa fazer desde o início, enquanto o Fireteam Osiris está sempre tentando descobrir qual é o próximo passo a seguir”.

Infelizmente, a Microsoft e a 343 não disponibilizaram uma demo com o Fireteam Osiris, então não foi possível julgar como o Artemis funciona em ação.

Halo 5 - Divulgação - Divulgação
Multiplayer do novo game simplifica sistemas apresentados em "Halo 4"
Imagem: Divulgação

Multiplayer

Além da campanha, a 343 Industries também deu a chance de testar parte do multiplayer do jogo, que refinou alguns elementos desde o beta feito entre o fim de 2014 e início de 2015.

A principal novidade em relação às mecânicas desta versão do multiplayer envolve as habilidades especiais dos SPARTAN. Em “Halo 4”, era possível escolher apenas uma delas, devendo trocar de equipamento caso quisesse utilizar algo diferente.

Agora, habilidades como Ground Pound, Spartan Charge e Thruster Pack já estão implementadas no próprio controle do personagem, dando maior opções de movimentação e estratégia no combate - tanto na campanha quanto nos mapas multiplayer.

Estas habilidades especiais também podem servir como uma vantagem para quem tem poder de fogo limitado: Em uma partida de Capture the Flag, por exemplo, o jogador com a bandeira está limitado a usar uma pistola como arma de fogo, mas nada o impede de utilizar o Ground Pound para derrotar um inimigo.

O beta também serviu para refinar certos elementos do jogo, incluindo o tempo de carregamento de certos poderes e mudanças nos mapas. De acordo com os desenvolvedores, porém, não há planos de mais fases de teste aberto até o lançamento do game.

A produtora também está confiante de que não deve repetir o fiasco do lançamento de “The Master Chief Collection”. “Houve muito aprendizado com ‘Master Chief’”, disse Tim Longo. “Nós temos nos focado exclusivamente em ‘Halo 5’, mas conversamos com aquela equipe e aprendemos por meio de ‘post-mortems’ o que deveríamos fazer com o beta, e um dos maiores focos desta fase foi conseguir o maior retorno e dados possível para garantir que nosso lançamento seja o melhor que conseguirmos”.

A maior novidade da visita, porém, tem a ver com os mapas: Em “Halo 5”, a Microsoft não cobrará por nenhum pacote de mapas que será lançado como conteúdo extra. Ao perguntar o que exatamente será cobrado, porém, os desenvolvedores foram evasivos.

“No momento só estamos discutindo nossos planos para os mapas”, declarou o produtor Josh Holmes. “Outros aspectos serão revelados no futuro próximo”.

Alguns dias depois da entrevista, a Microsoft enviou a seguinte declaração: “Nos desculpamos pela falta de clareza em relação a questões sobre DLCs de microtransações em ‘Halo 5: Guardians’. [...] Cada parte de conteúdo multiplayer em ‘Halo 5: Guardians’ (que detalharemos mais tarde) poderão ser adquiridos e desbloqueados no decorrer do jogo”.

Além disso, a 343 também indicou que trabalha em um novo e ambicioso modo multiplayer, mas não chegou a dividir maiores detalhes sobre como ele funcionará. Ela avisou, porém, que este conteúdo será revelado durante a conferência da Microsoft na E3, que acontece nesta segunda (15).

ASSISTA A TRAILER DE "HALO 5: GUARDIANS"

 

Expandindo o Universo

Um tema recorrente durante a visita foi a noção de que os elementos do universo ao redor da franquia seriam ainda mais explorados, não só dentro como fora dos games. “Halo 5”, de acordo com a equipe de desenvolvimento, é o primeiro passo nesta iniciativa.

“É uma franquia rica, com muitas camadas, mas acho que nos games podemos ir mais fundo em expandir este Universo”, declarou Longo, ao explicar as diferentes motivações para a inclusão de elementos dos livros e quadrinhos, como o Blue Team, além de novas figuras como os membros do Fireteam Osiris. “Queremos continuar expandindo com estes personagens memoráveis e que pessoas queiram controlá-los, e que esperamos que ganhem vida além deste jogo”.

Estas ambições porém, podem confundir o público que só acompanha os games, o que aconteceu com muita gente em relação a certos elementos narrativos de “Halo 4”. Quanto a isso, os produtores parecem ao menos admitir que certas coisas poderiam ser melhor explicadas - embora acredite que a narrativa daquele jogo não fosse tão difícil de entender sem o material extra.

“Somos meio que vítimas de nosso próprio sucesso em relação a ‘Halo 4’”, diz Frank O’Connor. “Acho que ficamos bem cientes deste problema, e desta vez tentamos limitar a história ao que está no disco do jogo, por assim se dizer”.

O’Connor também indica que o fim do game trará uma série de novas perguntas em relação à direção da franquia.

“Ele terá um final satisfatório - arcos serão fechados, perguntas serão respondidas, etc. -, mas é definitivamente parte de uma saga”, explica. “Ao chegar ao fim de ‘Halo 5’ você terá perguntas sobre para onde a série deve seguir”.

“Não em relação ao que aconteceu, porque o que acontece no fim de ‘Halo 5’ é bem aparente, mas acho que fãs e novatos da série terão perguntas em relação a como o Universo vai progredir depois deste evento e como isto será digerido”, completou.

Fãs, porém, terão de esperar alguns meses para descobrir se o final será tão impactante quanto prometido, já que “Halo 5: Guardians” chegará às lojas apenas em 27 de outubro, exclusivamente para o Xbox One. Infelizmente, não foi possível descobrir se o jogo trará dublagem ou legendas em português.

* O jornalista viajou à convite da Microsoft