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E3: Aventura singela para Xone, "ReCore" é game do criador de "Mega Man"

Criador de ReCore fala sobre sua inspiração

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    "Para nós, japoneses, é como se os robôs estivessem no nosso DNA. Eles se infiltraram pelos nossos olhos, mentes e corpos e agora são parte de nós"

    Keiji Inafune, Criador de "ReCore" e "Mega Man" sobre de onde vem a inspiração para criar jogos com robôs

Pablo Raphael

Do UOL, em Los Angeles

19/06/2015 18h22

Anunciado de surpresa na conferência pré-E3 da Microsoft, “ReCore" é um jogo de ação exclusivo para Xbox One. Produção das grandes, o game está nas mãos do designer Keiji Inafune, criador de “Mega Man” e “Lost Planet”, e da Armature, estúdio formado pelos ex-desenvolvedores da série “Metroid Prime”.

Para saber mais sobre “ReCore”, o UOL Jogos conversou com Keiji Inafune e com Mark Pacini, diretor do game. Segundo Inafune, “ReCore” se passa em uma época onde a humanidade está muito perto da extinção. Joule, a personagem principal, é potencialmente a última sobrevivente de nossa espécie. "Talvez existam outros poucos humanos, mas é muito claro que Joule é possivelmente tudo o que restou de nós”, conta o designer.

“Ela não sabe porque é a última pessoa no mundo, nem qual é seu propósito no começo do jogo”, explica Inafune. “Não está claro qual é sua missão, mas aos poucos Joule vai aprendendo coisas, como a existência de robôs e que eles governam o mundo já faz algum tempo. Um deles, porém, acaba formando uma parceria com ela”.

O designer fala de Mac, a esfera azul cheia de energia que dá vida aos robôs de “ReCore”. Mac é um núcleo robótico que pode ser acoplado em diversos chassis ao longo do game. “Ela tem sua própria inteligência artificial, sua personalidade, poderes e habilidades”, conta o diretor Mark Pacini.

ReCore é jogo do criador de MegaMan - Divulgação - Divulgação
Conforme você avança no jogo, Joule vai desvendando vários mistérios e aprende qual é o seu destino, qual é o propósito de sua existência neste mundo
Imagem: Divulgação

“Conforme você avança no jogo, Joule vai desvendando vários mistérios e aprende qual é o seu destino, qual é o propósito de sua existência neste mundo”, diz Inafune.

“ReCore" não é uma aventura em mundo aberto nem algo linear e orientado apenas pela história, mas “alguma coisa no meio disso”, diz Pacini. “Claro que há uma história que queremos contar, mas nós não gostamos de fazer jogos onde você começa aqui e vai direto até o final”.

A história gira em torno de Joule e Mac. “Mais do que construir um mundo novo, queremos fazer algo diferente”, diz Inafune. “Queremos construir uma relação significativa entre os personagens principais, a humana Joule e o robô Mac. Você não tratar esses robôs apenas com ordens e comandos, sem envolvimento e emoção. Você vai ver a relação centre a Joule e Mac crescer”.

É importante notar que mesmo quando o trailer do jogo sugere vários robôs companheiros para Joule, na verdade essa unidade é uma só, a esfera luminosa Mac, que começa o vídeo no chassi de um cachorro robótica e depois é instalada numa espécie de gorila blindado.

“Mac tem seus próprios poderes, mas ao ser instalado num chassi diferente, recebe e aprimora as habilidades do robô”, diz Pacini. “Ainda estamos arranhando a superfície do que podemos fazer, Mac pode ser muitas outras coisas. Há um aspecto robusto de personalização no jogo”.

O mundo de “ReCore" é uma região devastada e desértica. Uma enorme tempestade de areia parece assolar todo o mapa, movendo-se de um lugar para o outro. Essa tempestade altera a topografia do mundo, cobrindo de areia alguns lugares que antes estavam disponíveis e revelando   a entrada de ruínas perdidas sob o deserto.

“O próprio mundo faz você voltar para áreas onde esteve antes. No trailer de ‘ReCore' mostramos o conceito da tempestade de areia vindo e mudando a paisagem. Mesmo em lugares onde você esteve antes, o cenário muda por causa desses ventos”, diz o diretor. “Há todo um mundo para descobrir embaixo da areia”.

Inafune e os robôs

Robôs são um tema recorrente na carreira do Keiji Inafune. Desde “Mega Man” até “ReCore”, passando por “Lost Planet” e “Mighty No. 9”, vários jogos do designer nipônico são estrelados por inteligências artificiais.

Para Inafune, é difícil alguém que não é japonês entender o fascínio que essas criaturas metálicas exercem. “Na época que minha geração nasceu e cresceu, desde a primeira vez que fomos expostos ao entretenimento, seja mangás ou a TV, o que você tivesse em casa, tudo era sobre robôs. Isso precede a geração de 'Gundam, podemos voltar até 'Astro Boy'. Quando ligava a televisão, era isso que eu via, era isso que passava pelos meus olhos’".

"Para nós, japoneses, é como se os robôs estivessem no nosso DNA. Eles se infiltraram pelos nossos olhos, mentes e corpos e agora são parte de nós".

"Eu recebo muitos comentários do tipo “'Inafune-san tem esse fascínio, ele ama robôs', mas não é que eu amo robôs e eles são uma parte de mim, porque eu cresci com eles, o grande tema do entretenimento quando eu era criança eram os robôs”.

"Não só 'Mega Man', 'Mighty No 9' e ‘ReCore' mas também 'Lost Planet', são variações do tema em quase todos os meus jogos”, reflete o designer. "Uma coisa que eu almejo fazer com os personagens robóticos de “ReCore" é que eles tenham relacionamentos com a personagem humana”.

"Estamos sendo cuidadosos sobre como apresentar isso, como o jogador vai entender esse relacionamento que é um aspecto muito importante de ‘ReCore’", conclui.

Exclusivo para Xbox One, “ReCore” está previsto para o segundo trimestre de 2016.