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Entenda por que o remake de "Final Fantasy VII" dominou a E3 2015

Rodrigo Guerra

Do UOL, em São Paulo

29/06/2015 17h42

A E3 2015 passou e, com ela, muitos jogos foram anunciados e revelados. Alguns, como "The Last Guardian" e "Fallout 4" eram aguardados, outros chegaram de surpresa e roubaram a cena. "Final Fantasy VII" foi o caso mais emblemático, sendo comemorado pela comunidade gamer com a mesma alegria de uma final de campeonato.

Curto e grosso: "Final Fantasy VII Remake" foi um dos anúncios mais comemorados pois demorou quase 10 anos para acontecer.

Mas, para entender essa euforia que dominou a E3 2015, temos que voltar no tempo, mais precisamente para 1997, quando "Final Fantasy VII" chegou ao primeiro PlayStation.

"Final Fantasy VII" chegou nos EUA no mesmo ano de lançamento do filme "Titanic" nos cinemas, outros longas, como "Jurassic Park" ainda estavam frescos em nossas mentes. Ambos os filmes contavam com efeitos de computação gráfica avançadíssimos. O mundo dos jogos estava tomado por games como "Super Mario 64" e "Tomb Raider", com efeitos tridimensionais impressionantes.

História de Final fantasy VII - Divulgação - Divulgação
O roteiro de "Final Fantasy VII", apesar de ser um pouco juvenil demais para os padrões atuais, conta a história de um grupo rebelde que se levanta contra a Shinra, uma megacorporação que suga a energia vital do planeta para gerar energia para suas máquinas. Com a morte iminente do mundo, Cloud, Tifa, Barret e outros rebeldes se unem para acabar com essa ameaça global.
Imagem: Divulgação

A Square queria entrar nesse trem da computação gráfica 3D de qualquer forma. Mas, ao optar por essa técnica, a empresa precisava de uma plataforma que rodasse jogos em CD-ROM – e o jogo ocupou três discos, um dos primeiros games a fazer isso em um videogame.

Na época a série "Final Fantasy" era exclusiva dos consoles da Nintendo, mas a Square Soft estava apostando na tecnologia 3D, que estava sendo usada em diversos games e filmes da da época.

Como a Nintendo decidiu continuar a usar cartuchos no Nintendo 64, causou uma ruptura entre as duas empresas. Foi então que a Sony apareceu na jogada e conseguiu garantir a exclusividade da série para sua plataforma recém-lançada. Com isso, "Final Fantasy VII" conseguiu ser um dos principais motivos para você ter um PlayStation, se tornando uma ótima ferramenta de marketing para a plataforma.

O roteiro, personagens e sistema de jogo cativaram uma geração de jogadores que até hoje acreditam que "Final Fantasy VII" é um dos melhores games da Square.

Entretanto, o game envelheceu mal. "Final Fantasy VII" é um dos primeiros títulos que usou gráficos em 3D e, diferente dos games em 2D, o apelo visual não é um de seus fortes. Mesmo com uma história divertida e um sistema de jogo memorável, os gráficos de "Final Fantasy VII" do PSone não ajudam - as imagens borradas e texturas lisas tornam o game quase intragável se comparado com os games atuais.

Reimaginando o clássico

Conforme o tempo foi passando, foi se criando uma aura mitológica sobre o jogo. A história de amor entre Cloud e Aeris (Aerith no Japão), a perversidade de Sephiroth, a ingenuidade de Barret, qualquer coisa que envolvia a história do jogo ganhava um séquito de fãs em particular.

Em 2002 a Square Enix anunciou um projeto chamado "Compilation of Final Fantasy VII", que reunia diversos produtos no universo de "FFVII", como os games "Before Crisis: Final Fantasy VII", que chegou aos celulares japoneses em 2004, e "Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII", lançado no PlayStation 2 em 2006. 

Mas o barril de pólvora surgiu em na E3 de 2005, com a revelação do PlayStation 3 e da demonstração técnica de "Final Fantasy VII", que arrancou suspiros de pessoas do mundo todo. A cena reproduzia a abertura do game, mas agora com gráficos em alta definição, sem personagens caricatos e coisa do tipo. Isso fez com que o público imaginasse o game inteiro bonito como aquilo que foi mostrado na conferência da Sony (e que você pode ver logo abaixo).

Até a E3 2005 a Square Enix nunca teve uma intenção real de fazer um remake do game. A imprensa e o público sempre procuravam uma forma de saber se o remake de "Final Fantasy" estava nos planos da empresa.

Em certa ocasião, Yoshinori Kitase, produtor de "Final Fantasy XIII", respondeu que tinha vontade de fazer o game, porém disse que o projeto demandaria muito tempo para concluí-lo.  "É muito difícil fazer jogos no PlayStation 3 no mesmo estilo de jogos daquela época. Produzir gráficos levará um tempo enorme", disse ele na época.

Em outra oportunidade, Kitase disse que "Se fosse para recriar 'Final Fantasy VII' com o mesmo nível de detalhe gráfico como você vê em 'Final Fantasy XIII', imaginamos que levaria pelo menos três ou quatro vezes mais tempo que os três anos e meio de 'FFXIII' para poder fazer o remake! Então, é totalmente irreal!".

Depois de ouvir apelos dos fãs quase que infinitamente, a Square Enix tentou acalmar os ânimos lançando o filme "Advent Children:: Final Fantasy VII", lançado no Japão em 2005 e no ano seguinte em Blu-ray nos EUA. O filme trouxe Cloud  e cia. para nossas casas, mas ainda deixava um gostinho de "quero mais".

Quem espera...

Depois de muitos baldes de água fria na cabeça, o público não acreditava mais na possibilidade de existir um remake de "Final Fantasy VII", mesmo assim, nos últimos 10 anos sempre surgia um rumor de que o projeto seria apresentado na E3, fazendo com que a chama da esperança nunca se apagasse.

Em 2015 isso mudou radicalmente. 18 anos após o lançamento de "FFVII" nos EUA, finalmente a Square Enix anuncia que o game está em produção. Mas é melhor não esperar em pé – a empresa é conhecida por ter um processo de produção mais longo do que outras produtoras de games.

Ou seja, por mais aguardado que seja, ainda estamos longe para ver "Final Fantasy VII" rodando em nossos videogames.

Mas isso não importa. O mundo de "Final Fantasy VII" é tão cativante e mágico que muitos provavelmente não vão se importar em esperar para jogar. Vídeos de reações das pessoas chorando com o anúncio do remake provam que o game ainda é muito querido. Pode demorar o quanto for, o importante é que vamos visitar novamente o mundo de Midgard e nos sentirmos parte dele.