Topo

Desenvolvedores dizem que programa de apoio de Ouya lhes deve dinheiro

Empresa de microconsoles foi adquirida pela fabricante de componentes de PC Razer - Divulgação
Empresa de microconsoles foi adquirida pela fabricante de componentes de PC Razer Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

29/07/2015 13h05

Após a aquisição da fabricante de microconsoles Ouya pela Razer, desenvolvedores independentes indicaram a sites como Vice e Kotaku que a empresa lhes deve milhares de dólares por meio do programa de apoio "Free the Games".

Criado em 2013, o programa trazia um fundo de US$ 1 milhão, que seria revertido a desenvolvedores que arrecadassem ao menos US$ 50 mil pelo Kickstarter, dobrando seu orçamento ao prometer exclusividade temporária de ao menos 6 meses. 50% do dinheiro seria transferido após a criação de um beta funcional, 25% após seu lançamento, e os 25% finais após o fim do período de exclusividade.

A iniciativa passou por problemas iniciais após certos desenvolvedores abusarem de suas regras, mas até meados deste ano continuou a financiar seus projetos.

Porém, após a aquisição pela Razer, no início de junho - embora só oficializado na segunda (27) -, desenvolvedores beneficiados pelo programa passaram a não receber mais estes pagamentos. De acordo com fontes que não quiseram se identificar, esta dívida varia de US$ 5 mil a US$ 30 mil, dependendo do projeto.

"[Ouya] pagou a primeira parte quando enviamos nosso beta", declarou um desenvolvedor à Vice. "Estive trabalhando em lançar o jogo esperando receber as outras parcelas, mas isso não vai mais acontecer. Dediquei muito trabalho muito trabalho no suporte ao controle e elementos de interface apenas para Ouya. É difícil pedir por arte adicional para terminar um jogo quando a parte final do seu orçamento desaparece, muito menos fazer o marketing de seu lançamento.

"Uma mudança assim pode também causar reverberações", disse outro designer. "Já mandei um e-mail ao músico que contratei sobre prováveis cortes de orçamento, já que esta vai ser a maior área destes cortes, mas até agora ele não me respondeu, então está afetando meus relacionamentos profissionais, também".

No início do ano, a Ouya pediu aos desenvolvedores que assinassem um novo contrato, incluindo uma nova cláusula indicando que no caso de falência de uma das partes, o acordo - e, assim, o orçamento - seria anulado. Na época, a empresa já havia indicado que tinha planos de ser adquirida por um comprador interessado, sendo que a Razer já era cotada como principal candidata para a compra.

Compensação

Em entrevista com o site Polygon, o CEO da Razer, Min-Liang Tan, afirmou que a empresa irá pagar os dividendos restantes desta iniciativa, o que custará cerca de US$ 600 mil.

De acordo com o executivo, a Razer não sabia sobre os específicos do programa Free the Games.

"Nós adquirimos apenas a equipe, os assets, e a plataforma de Ouya", disse. "Não vimos os débitos porque não foi assim que o acordo foi estruturado conosco".

Tan indicou que o acordo com os desenvolvedores será essencialmente o mesmo que o de Free the Games, mas que não forçará a cláusula de exclusividade aos desenvolvedores. Ele também disse, porém, que ainda deverá acertar o acordo com sua equipe legal.

"Meus advogados nem sabem disso", declarou. "Eles provavelmente vão ter um ataque cardíaco".