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Em português e com nova liga, "Path of Exile" chega ao Brasil em dezembro

Hordas de monstros, armadilhas e violência: "Path of Exile" agrada em cheio os fãs de "Diablo II" - Divulgação
Hordas de monstros, armadilhas e violência: "Path of Exile" agrada em cheio os fãs de "Diablo II" Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Do Gamehall

26/11/2015 18h02

O RPG de ação "Path of Exile" vai ganhar uma versão brasileira em dezembro. O game terá legendas e menus traduzidos para o português. Logo após a localização do game, chegará ao país a expansão "Ascendancy" - conteúdo que estará disponível em 2016.

A quantidade de textos em um game como "Path of Exile" costuma ser gigantesca, considerando descrições de itens, diálogos etc. Localizar um game do tipo, portanto, é um grande desafio. Tanto que, por ora, o foco da produtora neozelandesa Grinding Gear Games está na parte escrita, não na falada. "Devemos ter dublagem futuramente, mas, até pelo grande volume de material, vamos nos concentrar nos textos escritos por enquanto", explica Felipe Santana, diretor de comunidade do game em entrevista ao UOL Jogos.

Santana é um dos responsáveis pela tradução e adaptação dos textos do game. "O fato de eu jogar e conhecer bem o game ajuda nesse ponto", conta. "A ideia é que a tradução seja feita pensando em quem joga o game há bastante tempo. Senão corremos o risco de dar um 'tiro no pé'".

Além da tradução, outra boa notícia para os brasileiros está no fato de que o país conta com um servidor do game, localizado em São Paulo, e as microtransações se valerão de uma parceria entre a Grinding Gear Games e o Go4gold, do UOL BoaCompra.

A entrada de Santana para o time da Grinding Gear foi curiosa. Jogador assíduo de "Path of Exile", ele entrou em contato com a empresa quando soube que o game ganharia textos em português. "Mandei um e-mail para o pessoal da empresa me oferecendo para ajudar e recebi uma resposta um tanto desanimadora", conta.

Na ocasião, o produtor e chefe de design do game, Chris Wilson, disse a Santana que eventualmente eles precisariam de diretores de comunidade no Brasil e que entraria em contato no futuro. O que parecia uma típica dispensa educada, se mostrou o contrário quando a Grinding Gear procurou Santana. "Não acreditei quando recebi a resposta. De início, disseram que haveria uma vaga na empresa e que havia mais de um concorrente. No fim, acabaram abrindo mais uma vaga e agora eu aguardo os trâmites legais para ir trabalhar com eles".

Sucessor de Diablo II

Gratuito e acessível em todo mundo desde 2013, "Path of Exile" é tido por muitos fãs como o verdadeiro sucessor de "Diablo II". 

A explicação para o título informal se deve à recepção controversa de "Diablo III" em 2012. Enquanto muitos aguardavam a sequência para o clássico "Diablo II", lançado doze anos antes, outros viram o game com certa desconfiança. Excesso de cores, contrastando com o clima sombrio do antecessor, um criticado sistema de microtransações, problemas de conexão e a impossibilidade de customizar a evolução do personagem ponto a ponto tiraram parte do brilho do jogo. E, principalmente, irritaram os fãs mais fervorosos de "Diablo II" que, de certa forma, se sentiram órfãos de um game mais profundo.

Na mesma época, "Path of Exile" estava no final de sua fase beta fechada. Os jogadores pagavam para poder experimentar o game, que já estava em desenvolvimento desde 2006 pela pequena produtora neozelandesa Grinding Gear Games. Curiosamente, os membros fundadores da empresa - que hoje conta com cerca de 60 funcionários - eram fãs de "Diablo II" e sentiam de falta de mais jogos do tipo.

"Chris [Wilson, produtor e chefe de design] e eu fizemos faculdade juntos, em Auckland, então já tínhamos contato e decidimos criar um game sem qualquer experiência na área. Já o Erik [Olofsson, responsável pela parte artística do jogo] eu conheci justamente jogando 'Diablo II'. Ele é sueco, então foi curioso começar a trabalhar com alguém do outro lado do mundo", conta Jonathan Rogers, chefe de programação da Grinding Gear. 

"Path of Exile" é gratuito e oferece microtransações, mas a produtora explica que o sistema não afeta o balanço do jogo, apenas quesitos estéticos. "O sistema de microtransações diz respeito somente à personalização dos personagens. Em nenhum momento queríamos criar um esquema 'pague para vencer'. Isso seria muito chato e injusto", diz Rogers.

Perguntado se o modelo garante a sobrevivência da empresa, ele garante que sim. "Jogadores mais assíduos pagam para ter personagens com visual diferente e também recebemos doações pelo nosso trabalho. As pessoas acabam pensando 'eu gasto tantas horas nesse jogo, vou fazer algo para que ele continue assim'. Isso garante que a gente continue aprimorando o game", explica.

As microtransações também permitem expandir o tamanho do inventário de itens.

Crescimento contínuo

A base de jogadores de "Path of Exile" é bastante considerável. Em três meses de beta aberto, de janeiro a março de 2013, os mapas do game já contavam com dois milhões de frequentadores. Em outubro daquele ano, o jogo foi oficialmente lançado e, de lá para cá, a quantidade de jogadores se aproxima dos 13 milhões. "Estimamos que 10% deste total esteja no Brasil", diz Rogers. 

Os brasileiros também terão a chance de já experimentar a próxima expansão do jogo em português. Chamado de "Ascendancy", o conteúdo extra estará disponível no início de 2016.  Este é o quarto pacote de adições do jogo e traz 19 subclasses para os personagens, que são desbloqueadas de acordo com o progresso do jogo. Até lá, os jogadores do país terão à disposição a liga Talismã.

Além das novas classes, a expansão também traz novos itens, gemas, encantamentos, inimigos (destaque para o Imperador Izaro, principal antagonista e um inimigo persistente em "Ascendancy") e dois modos distintos. O primeiro é a aventura "As Provas de Ascendancy", que tem as armadilhas do cenário como grande chamariz. "Quisemos colocar elementos inéditos em 'Path of Exile' e essas ameaças físicas foram a nossa escolha", aponta Rogers. Já "O Labirinto do Lorde" utiliza um esquema de geração de masmorras aleatório, que muda o labirinto diariamente.

Extremamente profundo

Em um primeiro contato, "Path of Exile" impressiona pela profundidade. À exceção das características específicas de cada classe, os jogadores encontram uma árvore com 1.350 habilidades passivas para serem desbloqueadas. Soma-se isso à opção de customizar as habilidades ativas com gemas modificadoras de atributos - que, por exemplo, deixam os ataques mais rápidos ou adicionam danos elementais - e as possibilidades para a criação de personagens únicos cresce bastante. A distribuição de pontos para cada atributo do personagem também é manual e os itens, customizáveis. Ou seja: "Path of Exile" agrada bastante quem era fã de "Diablo II".

Dominar todas as habilidades ativas é pré-requisito para quem quiser avançar no game. De acordo com Rogers, são necessárias cerca de 20 horas para terminar a campanha no modo normal. Já o chamado 'end game' é, praticamente, infinito.

 

Para rodar "Path of Exile" não é necessário um PC de ponta. De acordo com as especificações mínimas publicadas na página do game na plataforma Steam, uma máquina equipada com processador de 1,4 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo GeForce 7800 GT ou Radeon X1950 Pro dão conta do recado. A configuração, entretanto, privará o jogador dos melhores efeitos do game, comprometendo o desempenho na hora de jogar o modo multijogador.

"Path of Exile" é exclusivo para PCs e pode ser baixado tanto pelo Steam quanto na página do próprio jogo. E quem espera que o game chegue aos consoles tem tudo para se frustrar. "Seria necessária uma grande adaptação de toda a mecânica do game. Por ora, nossas atenções estão voltadas a manter e aprimorar a versão de PC", conclui Rogers.