Novas missões de "Assassin's Creed" têm visão progressista da prostituição
"Jack, o Estripador" é a última expansão do ótimo "Assassin's Creed: Syndicate". Distribuída por download, a aventura se passa 20 anos depois dos eventos do jogo original e é estrelada por uma Evie Frye mais madura e um assassino perturbador. O maior destaque vai para a abordagem dada pelo game às prostitutas, tratadas com mais seriedade do que em outros jogos da série.
"Syndicate" se passa na Inglaterra durante a era Vitoriana, mas a trama original acontece duas décadas antes do surgimento do primeiro assassino em série que se tem notícia. Jack, o Estripador espalhou o terror em Londres ao matar cruelmente várias mulheres nas ruas da mesma Whitechapel que serve de base para os protagonistas do jogo da Ubisoft. No mundo real, o Estripador desapareceu sem deixar vestígios e nunca teve sua identidade descoberta.
Claro, com a Ordem dos Assassinos envolvida no caso, a história seguirá um rumo diferente em "Syndicate".
Visão progressista
Deixadas de fora da campanha principal de "Syndicate", as prostitutas que sempre estiveram presentes em outros "Assassin's Creed" ganham destaque na nova aventura: todas as missões da expansão envolvem ajudar as moças de alguma forma, seja expondo agressores ou libertando as mulheres do controle de gigolôs e cafetinas.
O mais interessante em "Syndicate" é que Evie não está salvando as mulheres da prostituição, mas livrando-as daqueles que tentam explorá-las e lucrar com seu trabalho. No game, a prostituição não é mostrada como um vilão ou um problema social que deve ser combatido - a falta de alternativas sociais para aquelas mulheres é o verdadeiro problema.
"Muitas mulheres destituídas não têm outra escolha além de se voltar para a prostituição para sobreviver", descreve o game. "Elas não são respeitadas e não recebem nenhuma proteção - Alguém deve se levantar por elas". E é aí que Evie Frye assume o papel de defensora das prostitutas. Nada mais justo, em uma série conhecida por abordar temas difíceis, como religião, exploração colonial e escravidão, além de colocar em destaque personagens vindos de minorias sociais, independente da época em que o jogo acontece.
O jogo passa uma mensagem importante, de que as mulheres são livres para fazer o que quiserem com seus corpos e não devem ser desrespeitadas ou exploradas por isso. Prostitutas não deveriam ser tratadas como cidadãs de segunda classe pela polícia ou pela sociedade vitoriana (e o mesmo vale para qualquer outra sociedade, inclusive a nossa).
Ótima aventura
As missões secundárias de "Jack, the Ripper" trazem variações das mecânicas de "Assassin's Creed" (como o uso da visão sobrenatural dos assassinos para investigar a cena dos crimes ou ao adaptar a intimidação dos inimigos para constrange-los nas Marchas da Vergonha) e desenvolvem em quem joga uma empatia com as personagens, construindo uma conscientização sobre o tema que passa longe do tratamento dado em franquias como "Grand Theft Auto", por exemplo.
Sim, você vai correr por telhados, assassinar brutamontes, participar de perseguições de carruagem e se encontrar com personalidades históricas. Vai até controlar o Estripador em alguns momentos chocantes do game. Esse é um "Assassin's Creed" e certas coisas são inerentes ao game - mesmo que, diferente do jogo tradicional, a precisão histórica seja deixada de lado em alguns momentos.
Evie conta com novas armas, como bombas e lâminas que induzem medo nas vítimas. Tanto a origem dos novos equipamentos quanto a existência de Jack estão ligados ao final de "Syndicate", então é melhor terminar a campanha original antes de se aventurar pelas ruelas de Whitechapel, se você se incomoda com spoilers.
Mesmo mais curta do que a campanha principal de "Syndicate", "Jack, the Ripper" é uma das melhores aventuras da série "Assassin's Creed" e poderia facilmente ser vendida como um jogo separado. Assim como o jogo original, "Jack, the Ripper" oferece opções de áudio em português e em inglês, assim como legendas e menus em nosso idioma.
A expansão "Jack, o Estripador" sai por R$ 48 (ou pode ser adquirida com o passe de temporada de "Assassin's Creed Syndicate", que custa R$ 60) e está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.
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