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Ainda mais violento, "Far Cry Primal" empolga com ação brutal e primitiva

Sem armas de fogo, "Far Cry Primal" traz combates mais próximos e intensos - Divulgação
Sem armas de fogo, "Far Cry Primal" traz combates mais próximos e intensos Imagem: Divulgação

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

17/02/2016 14h19

A luta pela sobrevivência em ambientes inóspitos sempre esteve no cerne dos games "Far Cry". Explorar paisagens selvagens cheias de predadores é o elo entre os diferentes jogos da franquia da Ubisoft. "Primal" leva esse conceito ao destino mais extremo: a pré-história, quando a humanidade dá os primeiros passos para fora das cavernas e todo o mundo ao redor é um convite para a aventura.

"Você está diante da primeira fronteira", diz o mexicano Roy Del Valle, gerente de produto de "Primal", em entrevista ao UOL Jogos, enquanto experimentamos a primeira meia hora do game. "É um mundo novo, onde você pode pegar um pedaço de madeira e fincar no chão, declarando que descobriu aquele lugar!". O novo "Far Cry" se passa no distante ano 10.000 A.C., quando humanos primitivos vagavam pela Europa Central depois da Era do Gelo. Você é o caçador Takkar, enviado para encontrar a terra de Oro, onde seus companheiros de tribo desapareceram após entrar em contato com outros dois grupos rivais.

O conflito entre as tribos é mostrado de forma bem violenta. "Far Cry" nunca poupou esforços na representação gráfica de seus perigos, mas em "Primal" a Ubisoft parece estar testando os limites da série, com cenas de tortura, mutilação e algumas passagens bem sangrentas. Roy defende a brutalidade do jogo, afirmando que a violência deve ser vista dentro do contexto da luta dos humanos primitivos por seu lugar ao Sol.

Far Cry Primal - Divulgação - Divulgação
Além de outros homens das cavernas, você precisa lidar com animais selvagens. O jogo tenta manter os pés "mais ou menos no chão" nesse quesito, ou seja: nada de dinossauros, mas você consegue domar um urso e sair por aí montado nele. Você começa a aventura caçando mamutes e vai enfrentar lobos e tigres dentes-de-sabre, entre outros monstros pré-históricos.
Imagem: Divulgação

Embora o mundo ao redor seja dos mais inóspitos, ainda é um "Far Cry": não se preocupe com coisas triviais como fome ou sede - "Não é um jogo de sobrevivência", esclarece Roy. "É sobre a sua jornada para se tornar um explorador épico".

Você usa armas como arco e flecha, lanças e tacapes, construídas com recursos coletados enquanto joga. O sistema de criação de itens é bem simples e fácil de entender: junte os materiais necessários e aperte um botão para fabricar o que deseja. Mais para frente, você também coleta materiais para produzir remédios e até construir sua própria aldeia.

Uma olhada rápida no menu de criação mostra que "Primal" oferece um arsenal bem diversificado, com machadinhas, armas de arremesso, armadilhas e bombas. Você pode atear fogo ao armamento, criando versões mais poderosas e imprevisíveis das suas flechas ou do seu tacape. Durante o teste, estava caçando um lobo e errei um disparo, mas acidentalmente ateei fogo na campina onde o animal se escondia - o fogo se espalhou e de repente, um lobo em chamas passou correndo para morrer a poucos metros dali.

Ao contrário de "Blood Dragon", "Far Cry Primal" é tratado pela Ubisoft como um jogo completo da série, do mesmo tamanho do episódio mais recente, "Far Cry 4". Tanto que o game foi produzido por um time enorme, com a colaboração de 4 estúdios ao redor do mundo.

Combate e exploração

"Primal" é uma aventura para um só jogador e conforme você descobre os segredos da terra de Oro e avança na história, vai conhecendo seus habitantes e dominando novas técnicas - a principal delas é a capacidade de domar animais e usá-los contra os inimigos.

Você pode controlar um lobo ou um mamute, por exemplo, e avançar sobre os inimigos com eles. Mais interessante é usar corujas para jogar bombas (nada de pólvora, aqui as mais letais parecem ser colmeias de abelhas) sobre grupos de oponentes desavisados.

A atenção aos detalhes inclui também o desenvolvimento de linguagens próprias, baseadas nos dialetos proto-indo-europeus. Mas pode ficar tranquilo, "Primal" é todo legendado em português (embora a ideia de desligar as legendas e jogar 'no escuro' seja tentadora). O melhor disso é perceber que após meia hora de jogo, você já assimilou algumas palavras do idioma fictício.

ASSISTA AO TRAILER DE "FAR CRY PRIMAL"

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Roy não entra em detalhes, mas garante que o mundo de "Far Cry Primal" está cheio de segredos para recompensar os jogadores por suas explorações. Mas, curiosamente, não há torres neste jogo.

Praticamente marcas registradas da Ubisoft, torres que servem para "abrir o mapa" nos games, funcionando como pequenos puzzles de escalada, estão presentes em jogos das séries "Far Cry", "Assassin's Creed" e até em "The Crew" - mas não em "Primal".

"Optamos por não incluir torres em 'Primal', pois queremos que o jogador se sinta como o primeiro humano a chegar em muitos desses lugares", justifica Roy. "Andar pela floresta, subir em uma colina e olhar o horizonte sabendo que você descobriu esse lugar por conta própria é uma sensação que não funcionaria se ao chegar lá você encontra-se uma torre para escalar".

Quebrando regras da casa e oferecendo uma ambientação inusitada, livre dos soldados guerrilheiros de cada dia, "Far Cry Primal" pode ser uma das surpresas deste primeiro semestre. O game sai na próxima terça-feira, dia 23, para PC, PlayStation 4 e Xbox One.