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Estúdio brasileiro quer reviver futebol de botão em forma de videogame

Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

09/03/2016 15h20

Criado no Brasil nos anos 1930, o futebol de botão já foi muito popular com as crianças, mas que parece fadado ao esquecimento numa era em que games como "FIFA" oferecem um "futebol de brincadeira" cada vez mais realista. Para levar o hobbie para um novo público, a produtora sorocabana Smyowl aposta em juntar o melhor dos dois mundos em "Super Button Soccer", um game de futebol de botão para computador.

O jogo permite montar e personalizar seu próprio time de botão e enfrentar jogadores de todo o mundo em partidas online, com direito à narração e animações para celebrar os gols. Mesmo assim, a produtora admite que apresentar o futebol de botão para os jogadores mais novinhos é uma tarefa que cabe aos pais. "Nosso público alvo são pais e mães que gostam do esporte e jogam com os filhos pequenos", conta Mauricio Alegretti, porta-voz da Smyowl.

A ideia do game não é exatamente original: "Button Soccer" é um dos primeiros sucessos da Smyowl nos celulares. Segundo Alegretti, mesmo sendo um jogo antigo para os padrões mobile, o game continua sendo baixado e jogado até hoje. "Nunca fizemos uma grande atualização no 'Button Soccer'", explica o porta-voz. "Levando o jogo para o Steam, colocamos nele coisas que sempre quisemos, como o multiplayer online". O "Button Soccer" original só permite competir com outros jogadores no mesmo aparelho.

A Smyowl levou o projeto do game para o Brasil Game Show em 2015 e teve um retorno bastante positivo do público, inclusive um inesperado interesse das jogadoras pelo game. "Pelo menos 10 mulheres nos procuraram para dizer que não gostam de  'FIFA' ou 'PES', mas que jogavam 'Button Soccer' com os filhos, por ser um game mais simples".

Smyowl - Super Button Soccer - Divulgação - Divulgação
O futebol de botão virtual de "Super Button Soccer" é o principal jogo da Smyowl, estúdio brasileiro que co-produziu o jogo mobile "Neymar Jr. Quest"
Imagem: Divulgação

Futebol de botão digital

"Super Button Soccer" ainda está em desenvolvimento, mas pode ser comprado através do Steam, onde é vendido por R$ 15. Quem compra o jogo, pode participar da fase de testes beta. É o primeiro jogo pago da Smyowl, que até então fazia apenas games gratuitos para celular.

"É complicado chegar num estúdio brasileiro e desenvolver o jogo que queremos, com uma experiência bem polida, sem cobrar por esse game", diz Alegretti. "Uma produtora chinesa tem condições de fazer isso, nós não". Atualmente, sete pessoas trabalham em "Super Button Soccer", o que representa metade dos funcionários da Smyowl em Sorocaba, no interior de São Paulo.

Mesmo sendo um estúdio pequeno, a Smyowl parece ter grandes planos para o game, que incluem o licenciamento de times de futebol e a localização para outros idiomas além do português e do inglês. "Temos muitos jogadores na Rússia", conta Alegreti. "O que é estranho pois o futebol de botão é jogado no Brasil e na Hungria. Por isso, estamos estudando traduzir a narração do game para russo".

Sobre os times de futebol, a Smyowl diz estar conversando com grandes equipes do estado de São Paulo, mas não revela quais são estes times, nem em que pé está  a conversa. "Mas estamos abertos a negociação com qualquer time interessado em aparecer no jogo", avisa Alegretti.

Segundo o porta-voz, licenciar as equipes para o game pode ser mais fácil do que para empresas grandes como EA e Konami, donas de "FIFA" e "PES". "Não precisamos dos modelos tridimensionais dos atletas ou mesmo do rosto deles", explica.

Vale notar, "Super Button Soccer" oferece um sistema de personalização onde o jogador pode criar seu próprio time e editar a arte do escudo que vai nos botões. Ou seja, não há nada que impeça um jogador dedicado de reproduzir o time do coração no game. Ainda assim, a Smyowl reconhece que um dos charmes do futebol de botão de verdade sempre foi ter os times e atletas oficiais.

Exclusiva para computadores, a versão final de "Super Button Soccer" deve sair ainda no primeiro semestre de 2016.