Topo

Jogador que cometer erros em jogos de Realidade Virtual pode passar mal

Théo Azevedo

Do UOL, em San Francisco

16/03/2016 10h55

Além do preço elevado, os óculos de Realidade Virtual, que prometem figurar como objeto de desejo dos gamers em 2016, precisam lidar com um efeito colateral pra lá de indigesto: a náusea causada por certos games, capaz de arruinar por completo uma experiência que era para ser divertida, imersiva e inovadora.

E falo por experiência própria: embora já tenha tipo a oportunidade de testar diversos jogos de Realidade Virtual nos últimos dois anos, nessa terça-feira (15), ao jogar “Driveclub” no PlayStation VR, durante evento da Sony na Game Developers Conference (GDC), nos EUA, tive que interromper a demonstração no meio.

Tudo ia pra lá de bem, afinal, com a combinação do volante, pedais e PlayStation VR, a visão de dentro do cockpit do carro não poderia ser mais fiel à realidade. Porém, empolgado demais, capotei a toda velocidade em uma curva, e aí meu corpo entrou em pane: queda de pressão, enjôo, suor frio.

Driveclub em VR - Divulgação - Divulgação
"A combinação do volante, pedais e PlayStation VR, a visão de dentro do cockpit do carro não poderia ser mais fiel à realidade. Porém, empolgado demais, capotei a toda velocidade em uma curva, e aí meu corpo entrou em pane: queda de pressão, enjôo, suor frio"
Imagem: Divulgação

Ficou impossível prosseguir com a demonstração e confesso que passei algumas horas afetado pela “ressaca” da Realidade Virtual.

Conversando informalmente com um membro da equipe de produção do jogo, que pediu para não ser identificado, ele explicou que essa reação já aconteceu com outras pessoas. Aparentemente, com experiência tão imersiva, o cérebro do jogador pode ter problemas em processar um capotamento, por exemplo, sendo que seu corpo continua no mesmo lugar.

A sugestão deste mesmo desenvolvedor para driblar o problema foi um tanto prozaica: “Feche os olhos em momentos que você achar que pode se sentir incomodado”. Porém, como sabê-lo de antemão?

A maioria dos jogos de Realidade Virtual são, por assim dizer, tranquilos. Contudo, aparentemente nos games com cenas mais rápidas este tipo de contratempo pode ser mais comum. Imagine a queda de um avião num simulador de vôo ou cair de uma motocicleta num simulador de motovelocidade; parecem situações que a mente pode ter problemas em processar.

Problemas em jogos de realidade virtual - Reprodução - Reprodução
A maioria dos jogos de Realidade Virtual são tranquilos. Contudo, em games com cenas mais rápidas este tipo de contratempo pode ser mais comum.
Imagem: Reprodução

Em fóruns de discussão pela web, desenvolvedores que estão trabalhando em games de Realidade Virtual trocam dicas para evitar náuseas que vão desde evitar sessões longas de jogatina até consumir alimentos que contenham gengibre – um remédio natural para enjôo utilizado há séculos.

Garreg Hansen, que trabalha no excelente “Until Dawn: Rush of Blood” para PlayStation VR, diz que é uma questão de se acostumar: “Após meses jogando horas e horas de Realidade Virtual por dia, já não senti mais nada”.

Confesso, no entanto, que não sei dizer se todos terão tamanha paciência – e resistência. Pelo contrário: o que eu sei é que dificilmente vou querer jogar novamente “Driveclub” no PlayStation VR.