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Jogadores de "GTA" têm menor empatia com mulheres violentadas, diz estudo

Forma com a qual "GTA" retrata as mulheres pode incentivar jogadores a terem comportamentos violentos e se mostrarem indiferentes às vítimas de abuso - Divulgação
Forma com a qual "GTA" retrata as mulheres pode incentivar jogadores a terem comportamentos violentos e se mostrarem indiferentes às vítimas de abuso Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

14/04/2016 12h47

Um estudo divulgado pela Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, apontou que jogadores de games violentos que objetificam as mulheres, como "GTA", demonstram menor sinal de empatia em relação às vítimas de violência desse sexo. 

O teste consistia em mostrar uma foto de uma adolescente que havia sido abusada por outro jovem e, com a imagem, checar quem demonstrava sinais de compaixão em relação à vítima. Além de jogadores de games do "GTA", o estudo também incluiu quem interessados por outros tipos de jogos, como títulos violentos, porém sem ingredientes sexistas, como "Half-Life" e outros sem nenhuma dessas características, como "Dream Pinball 3D".

O estudo mostrou que jogar videogames, por si só, não tem correlação com a falta de empatia com vítimas de abuso. 

Outro problema relatado é que, entre os jogadores de "GTA" participantes, se mostraram mais inclinados a concordar com afirmações do tipo "é OK um cara usar de todos os meios para 'convencer' uma garota a manter relações sexuais" ou ainda "meninos devem ser incentivados a encontrar meios de demonstrar coragem por via física".

Exemplos tóxicos

A conclusão do estudo diz que "um dos sinais de predisposição a agressões contra mulheres é a falta de empatia e jogos violentos e sexistas como 'GTA' ajudam a reduzir esse sentimento de solidariedade em relação às mulheres vítimas de abuso, ao menos no curto prazo".

O trabalho acadêmico também salienta que a redução na empatia ocorre porque games como "GTA" promovem algumas características tidas como "masculinas", como força, dominância e agressividade. "As reações mais extremas foram vistas principalmente em participantes masculinos que tinham grande identificação com os personagens misóginos do game. Aparentemente, 'GTA' pode ajudar a tornar o mundo um pouco pior para as mulheres".

Para o líder do estudo, Alessandro Gabbiadini, o fator interativo dos videogames fazem com que a violência e o sexismo relatado se torne "tóxico". "Se você está vendo um filme e algum personagem é sexista, ainda há alguma distância. Já nos jogos você controla as atitudes dos personagens e isso pode gerar um efeito real nos seus pensamentos, sentimentos e comportamentos em um curto prazo".