No Wii U, confusão em duas telas supera diversão em "StarFox Zero"
Enquanto muitos fãs de "StarFox" aguardavam por um novo título que honrasse o legado da marca, a Nintendo pegou caminho oposto e usou a franquia de combates entre naves espaciais para explorar ao máximo o ainda estranho controle do Wii U.
O último episódio lançado fora "Star Fox 64 3D", em 2011, adaptação de um cartucho lançado em 1997. Antes disso foi "Command", jogo de estratégia de 2006, bem diferente do estilo padrão da série. Ou seja: o último "Star Fox" inédito de verdade, com batalhas entres naves e outros veículos, foi em 2005, com o morno "Star Fox Assault".
"Zero" é a expressão máxima da filosofia do Wii U: em uma tela você acompanha os movimentos da sua nave, enquanto a telinha do controle GamePad oferece uma visão interna da cabine do veículo, para oferecer mais precisão nos disparos (aliás, é possível inverter isso a qualquer momento).
Com as alavancas controla-se a nave, enquanto com o sensor de movimento, mexendo o próprio acessório, move-se a mira pela tela. Confuso? Bastante. Divertido? Eventualmente.
"Star Fox Zero" exige boa dose de paciência e dedicação para empolgar e divertir. A princípio, não é confortável e nem um pouco intuitivo ficar alternando entre as duas telas, simultaneamente tomando cuidado para evitar tiros e não bater cenário, mas também mirar e atirar nos adversários.
Ainda assim, com tempo, boa parte da confusão vira desafio e pode divertir. Em comparação distante, é quase como jogar um fliperama, em que a mecânica de jogo e os próprios controles em si são tão diferentes dos convencionais que a experiência se torna única - e por isso mesmo exige algum aprendizado.
Pena que tudo isso venha ao custo da essência da própria série "Star Fox". Desde o início, quando impressionou a todos no Super Nintendo, em 1993, com gráficos tridimensionais impensáveis para a época, a série foi sobre impressionar com visuais incríveis e batalhas rápidas e intensas, testando tanto reflexos quanto precisão.
"Zero" abre mão disso em prol de um ritmo cadenciado, que preza mais a variedade de veículos e mecânicas de jogo do que velocidade frenética. Não é ruim, mas fica aquém da qualidade e estilo da série. Fica a impressão de que se o game seguisse o estilo tradicional da franquia (ou ao menos oferecesse opção de controles convencionais) seria mais divertido.
Na maioria das fases controla-se as tradicionais naves Arwing, mas há também uma versão do veículo bípede (lembra uma galinha robótica) que anda devagar e pode explorar espaços mais apertados.
Em outros níveis, comanda-se uma espécie de drone com um robozinho hacker atrelado a um cabo, perfeito para invadir bases secretas, enquanto o tanque de guerra Landmaster também ficou mais lento e pode mirar em múltiplos alvos. Cada veículo oferece uma experiência totalmente diferente que até serve de incentivo para voltar a fases anteriores e testar os novos poderes.
Por sinal, mesmo em termos gráficos, "Star Fox Zero" empolga menos do que deveria ou se espera de um título da série. Ainda mais por se tratar de uma produção do estúdio Platinum, que fez trabalhos incríveis em jogos como "Bayonetta 2" (também exclusivo do Wii U), "Vanquish" e "Metal Gear Rising: Revengeance".
Os modelos dos veículos são bonitos, mas os cenários carecem de mais detalhes ou complexidades, talvez em prol de uma escala muito maior do que já visto em qualquer outro episódio. Não desagrada, mas poderia ser melhor, ainda mais levando em conta que o jogo inteiro se trata da mesma história vista em "SF64", com poucos detalhes diferentes.
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