Testamos jogos de VR e o perigo é real: você não vai querer sair deles
Antes de começar este depoimento já aviso: sou um quase leigo em videogames. Meu jogo favorito ainda é "Mario Kart" e nunca tive muita paciência para me engajar naqueles jogos intermináveis. Mas, em minha primeira vez na E3 (feira de games que acontece em Los Angeles todo ano), recebi uma missão que me interessou muito: testar jogos de VR (realidade virtual).
Meu primeiro temor com essa história era que acontecesse o que acontece toda vez que vejo um filme 3D: dor de cabeça, náuseas, tontura. Tenho enxaqueca e já fui míope, então meus olhos sofrem com essa tecnologia que, na maioria dos filmes, nem é tão bem aproveitada.
Recentemente, durante o lançamento do filme “Invocação do Mal 2”, havia uma experiência de VR em que você se sentava numa cadeira e ia vagando pela casa assombrada do filme. Obviamente que as entidades do filme te atacam, chegam pelas suas costas, você grita, se mexe, enfim, bem sinistro.
Mas minha imagem símbolo do que é a realidade virtual vem do desenho “South Park” — mais especificamente aquele episódio em que o Cartman está há dias sem comer no quarto, com um par de óculos de VR, babando e tendo pequenos espasmos.
Acreditem: aquilo pode acontecer. Cheguei a essa conclusão depois de jogar um jogo em que você escala montanhas usando equipamentos da Oculus, empresa especializada nesta nova tecnologia.
Acontece que agora você não apenas se vê nos cenários ultra realistas do jogo. Você também pode “tocar” e “se agarrar” no que vê. Trata-se de uma tecnologia em que você usa dois controles que te permitem, combinados aos óculos, fazer uma escalada no Grand Canyon, como foi minha escolha. Eles chamam de VR + touch.
Ao entrar na sala de testes, a promotora do jogo já explica por que a sala é toda revestida de espuma, como se fosse um estúdio de gravação. “As pessoas caem, se batem, perdem o equilíbrio mesmo. Por isso a sala é toda revestida.”
“Por favor, se eu cair fotografe”, disse eu, bastante preocupado em divulgar o mico jornalístico. Não caí, mas bati a cabeça no teto quando pulei tentando agarrar uma “pedra” mais alta. Sim, porque no começo você começa a agir feito idiota, pulando, ofegando, até que descobre que, depois que se agarra, é só “puxar a montanha para baixo”.
Tem algumas outras dicas: não fique muito tempo segurando uma mesma pedra com uma das mãos. Segundo a promotora, “o braço cansa e você cai”. O sinal do cansaço do braço virtual aparece nos óculos, quando você percebe o “suor escorrendo” por eles. Não arde o olho, ainda bem.
Durante os sete minutos de teste a que tive direito, passei a maior parte do tempo tentando escalar, olhando apenas para a frente e para cima. Uma hora olhei pra baixo e vi que estava “flutuando no ar”. Deu um certo desequilíbrio. Mas continuei “subindo”.
Até que, em determinado momento, o jogo lança um avião no ar, que passa bem na lateral dos seus olhos e te obriga a lembrar que você tem 360º de visão. Aí você segue o avião, que passa em cima de uma cachoeira gigantesca, e você lá: “agarrado na pedra”, mas sabendo que não vai cair e se esborrachar, pelo menos não daquela altura.
Bem nessa hora, quando você está começando a apreciar aquele cenário, a pensar que seria da hora sentar ali e curtir a vista, a promotora sentencia: “seu tempo acabou”. “Nãoooooo! Eu quero morar aqui!”
Na verdade eu acho que vou querer muito morar no “Batman: Arkham Asylum”. Cheguei a jogar algumas vezes esse jogo no PS3 e já achava foda! Agora, segundo relatos de colegas que conseguiram testar o jogo (eu não consegui porque todos os horários já estava esgotados desde o primeiro dia da E3), você pode sentir o próprio Batman.
Com um dispositivo touch, que terá no novo Playstation VR, para tocar os cenários e armas, você veste seu uniforme de homem morcego, coloca a máscara, se olha no espelho, arremessa um gancho e o batrangue. Você é o Batman!
Outro tipo de jogo que ganha uma nova experiência sensorial são os RPGs. Os feitiços e poderes que os jogadores antes invocavam com alguns comandos no controle — ou com cartas nos jogos de tabuleiro —, bem, agora você tem esses poderes nas mãos.
Eu não sei se tenho maturidade pra entrar nesses jogos e depois querer voltar à realidade. Portanto, se eu desaparecer por alguns dias depois de outubro, quando a sai o novo PS, chamem o SAMU. Eu provavelmente estarei como o Cartman.
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