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"Mighty No. 9" apela para nostalgia, mas não sai da mediocridade

Mighty No. 9 - batalha contra Ray  - Reprodução - Reprodução
È uma pena que o melhor cenário de "Mighty No. 9" - o da última batalha contra Ray - esteja justamente em uma pequena porção de um conteúdo adicional do game
Imagem: Reprodução

Rodrigo Lara

Do UOL, em São Paulo

30/06/2016 13h26

É praticamente impossível falar de "Mighty No. 9" sem citar "Mega Man". E há diversas razões para isso, a começar pelo fato de Keiji Inafune, criador das aventuras do famoso robô azul, estar por trás do novo game.  Os fãs do personagem clamavam por um novo episódio da tradicional franquia há anos, uma vez que o último jogo da série principal saiu em 2010, para PlayStation 3, Xbox 360 e Wii, com visual pixelado clássico das primeiros aventuras do robô para o Nintendinho.

Já a versão futurista "Mega Man X", possivelmente a preferida dos jogadores, parou em 2004, com "Mega Man X8" lançado para PC e PS2 - ainda que o último grande episódio da série tenha sido "Mega Man X4", game de 1997 para o primeiro PlayStation.

Nota - Mighty No. 9 - Arte/UOL Jogos - Arte/UOL Jogos
Imagem: Arte/UOL Jogos

Tantos anos de espera renderam uma campanha de financiamento coletivo milionária para "Mighty No. 9" em setembro de 2013. O jogo atingiu sua meta de US$ 900 mil no Kickstarter em apenas dois dias, chegando a arrecadar US$ 4 milhões dos fãs.

Nos primeiros vídeos divulgados, a semelhança com "Mega Man" era nítida. Com um bom apoio financeiro, a participação do criador da franquia original e a ansiedade dos fãs, era fácil pensar que "não tem como esse jogo dar errado". Pois deu.

Inspiração sem personalidade

Um robô azul, que dispara tiros amarelos por uma arma montada em seu braço e precisa percorrer estágios até encontrar um chefe de fase. Ao derrotar esses inimigos, ele absorve seu poder, que passa a ser útil contra um dos outros chefes. A descrição é de "Mighty No. 9", mas poderia facilmente ser usada para algum episódio de "Mega Man". E é aí que temos um dos principais problemas do jogo.

À exceção da mecânica de enfraquecer os adversários e absorvê-los usando um dash horizontal e da possibilidade de se pendurar nas extremidades do cenário, não há qualquer novidade em termos de jogabilidade. 

Soma-se isso a uma sequência de fases pouco inspiradas - nesse ponto, apenas o estágio do Mighty No. 8 e o conteúdo extra "Destróier Carmesim" trazem um sopro de ineditismo -, inimigos repetitivos, desafio pouco estimulante, batalhas burocráticas contra chefes de fase e armas desequilibradas - é possível terminar o game tranquilamente só utilizando a habilidade obtida do Mighty No. 5 - fazem do título uma experiência bastante insossa. 

Pontos clássicos que aumentavam a diversão na série "Mega Man", como a possibilidade de melhorar a armadura do personagem ou ainda retornar a estágios já vencidos e abrir novos caminhos usando habilidades recém-adquiridas não fazem parte do pacote do novo game.

Assim, chegar ao fim de "Mighty No. 9" é uma experiência frustrante, uma vez que o jogador acaba sempre esperando por "algo mais" e não tem essa expectativa retribuída em nenhum momento.

Tecnicamente fraco

Os problemas citados acima  poderiam ser amenizados caso a apresentação de "Mighty No. 9" chamasse a atenção. Não é o que ocorre, infelizmente. O jogo em si não é feio, mas a direção de arte flerta com o desastroso e falha em transmitir qualquer carisma ou identidade. 

Cenários, chefes e até mesmo Beck não têm pontos memoráveis em termos visuais. As cenas de corte - que assim como o restante do jogo têm legendas em português - também pouco acrescentam nesse sentido. O "lado bom" disso é que quem jogar o game em qualquer uma das versões anunciadas experimentará o mesmo jogo. Por outro lado, ele não explora o que cada plataforma tem a oferecer.

E esse problema vai além do visual, uma vez que há porções do game que apresentam queda de taxa de quadros - o famoso "slowdown". Isso seria justificável se "Mighty No. 9" fosse um jogo que explorasse o máximo do potencial de cada plataforma, o que não é o caso.

Diante de tantas críticas e poucos pontos positivos, fica difícil afirmar que "Mighty No. 9" é uma compra recomendada. Há alguns bons conceitos presentes no game, mas praticamente nenhum é bem executado. Ainda assim, não é um título impossível de ser jogado e pode render algumas (poucas) horas de diversão descompromissada. Caso queira se aventurar com Beck, porém, saiba que o jogo não irá além disso.