"Zero Time Dilemma" é emocionante fim para trilogia "Zero Escape"

"Zero Time Dilemma" não tem a atmosfera opressora de "999", nem revelações chocantes no nível das vistas em "Virtue's Last Reward", mas encerra a brilhante trilogia "Zero Escape" de Kotaro Uchikoshi com a preocupação de recompensar os fãs que há anos esperam para ver o fim das trajetórias de personagens como Sigma, Phi, Junpei e Akane.

Mundos virtuais, viagens no tempo, universos paralelos e a filosofia da causalidade são apenas alguns dos temas dignos de livros de física quântica que "Zero Time Dilemma" discute, ao mesmo tempo que comove com cenas extremamente pessoais estreladas pelos protagonistas de "999" e "VLR".

Como seus predecessores, "Zero Time Dilemma" intercala longos momentos narrativos com quebra-cabeças no estilo 'encontre a saída'. Trata-se de uma visual novel nos moldes clássicos, que tem muito mais leitura do que ação.

A herança da série faz do capítulo final da trilogia uma experiência sem engasgos: os diferentes pré-requisitos para cada final do game não são obscuros como em "999", e saltar de uma realidade para outra é um processo rápido e indolor.

Digo que "Zero Time Dilemma" é o pior dos três jogos, tendo ciência de que isso é totalmente subjetivo. A impressão que a narrativa passa é a de que a história foi pensada para atar os nós dos jogos anteriores, e não para erguer-se por conta própria. Por consequência, os personagens estreantes ficam em segundo plano perto dos muito mais instigantes veteranos da série.

Em dois casos específicos, os quebra-cabeças do jogo frustram, tornando-se uma caça a pixels ao invés de um teste de inteligência. No PC e no Vita o problema é pequeno, mas a tela pequena do 3DS torna-se um agravante.

Mesmo assim, "Zero Time Dilemma" cumpre sua principal missão ao dar aos fãs da série um sentimento de conclusão que por muito tempo não era garantido, já que tanto "999" quanto "Virtue's Last Reward" foram fracassos de vendas em seu país natal.

Não jogue "Zero Time Dilemma" sem passar antes por seus predecessores; mas jogue "999" com a consciência tranquila de quem não ficará na mão com um cliffhanger sem resolução.