Ex-policial militar faz jogo pacifista para PC e Xbox One
Em 2002, o paulistano Daniel Monastero entrou na Polícia Militar, onde serviu até se formar em Direito, prestar concurso e se tornar agente do Ministério Público. Nos sete anos seguintes, ele foi investigador no GAECO, grupo especial formado para combater o crime organizado em São Paulo. Hoje, Daniel produz jogos de videogame.
É fácil imaginar que o ex-policial estaria em casa em um mercado saturado de games de tiro e violência explícita. Mas a primeira criação de Daniel não poderia estar mais longe de "Call of Duty" e "Grand Theft Auto". Junto com os amigos Rafael Lima e Ed Marks, Monastero fundou o estúdio Garage 277, onde nasceu "Shiny", um jogo de plataforma com uma proposta pacifista.
Em "Shiny" você controla Kramer, um robôzinho que tem como missão resgatar outros robôs em um mundo hostil, compartilhando energia com eles para reativá-los. "É um jogo sobre salvar vidas", explica Daniel em entrevista ao UOL Jogos. "É sobre se colocar no lugar do próximo e tentar ajudar".
Daniel diz que não há uma relação planejada entre a temática de "Shiny" e o passado policial. "Talvez seja algo subconsciente", diz. "Se você falar com qualquer policial, as melhores lembranças que ele tem são de dias em que ajudou alguém, quando fez um parto no meio da rua ou quando entrou num prédio pegando fogo para salvar uma pessoa".
O ex-policial explica que já participou de batidas e outras missões perigosas, mas nunca precisou atirar em ninguém. "Mas tive colegas que precisaram e não é fácil lidar com isso depois", conta. "Matar alguém é algo que mexe com você. E mesmo que seja um bandido perigoso, você se pergunta quem é a família dele, o que vai ser deles. Você pode estar na delegacia e aparecer a mãe do sujeito que você matou. Como lidar com isso?"
De certa forma, essa proximidade com a violência e o impacto dela nas pessoas se reflete em "Shiny". No game, a raça humana deixou o planeta e abandonou os robôs para trás. "As máquinas poderiam partir em busca de vingança, perseguindo seus criadores para eliminar todos eles", comenta Daniel. "Mas o que elas ganhariam com isso? Melhor se dedicar a salvar os robôs que estão fracos e sem energia, precisando de ajuda".
Para todas as idades
Feito com o motor gráfico Unreal Engine 4, o game segue o gênero plataforma: Kramer precisa explorar 20 fases em progressão lateral para alcançar os outros robôs e reativá-los. Para isso, além de pular e resolver quebra-cabeças, o robôzinho usa sua energia, compartilhando-a com os colegas mecânicos. Gerenciar a energia é uma mecânica estratégica, pois ela tem outras utilidades.
Alguns conceitos lembram "Ori", outro sucesso indie do Xbox One, é inevitável, mas Daniel prefere evitar a comparação. "Eu gosto muito de 'Ori and the Blind Forest', acho que é um game bom demais! Não posso querer comparar 'Shiny' com ele!"
"Shiny" esteve em duas edições da Brasil Game Show e passou por várias feiras de games ao redor do mundo este ano. A maratona foi cansativa, mas compensou, explica Daniel: "Tivemos o feedback do público nos EUA, no Brasil, na Europa. E descobrimos uma força que não imaginávamos, 'Shiny' tem apelo para todas as idades, coisa rara hoje em dia. Pais e filhos podem jogar juntos e todos vão se divertir".
O jogo sai na próxima quarta-feira, dia 31 de agosto, no Steam. "O lançamento para Xbox One vai atrasar", conta Daniel, sem esconder a insatisfação. "Ficou para outubro, estamos em processo de certificação com a Microsoft e isso foge do nosso controle, é um processo que pode demorar mais do que o esperado". Depois do Xbox One, "Shiny" chegará também ao PlayStation 4 e ao Mac.
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