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Sem tempo para pensar: em novo "Call of Duty", ser rápido é o que importa

Correria frenética e tiroteio intenso marcam o modo multiplayer de "Infinite Warfare" - Divulgação
Correria frenética e tiroteio intenso marcam o modo multiplayer de "Infinite Warfare" Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Do UOL, em São Paulo

18/10/2016 12h28

Não é de hoje que o modo multiplayer de "Call of Duty" se baseia quase que inteiramente em uma característica: velocidade. Quem comprar as edições mais caras de "Call of Duty: Infinite Warfare" poderá notar isso ao jogar esse modo em "Call of Duty: Modern Warfare Remastered". Se, no novo jogo, isso tende a agradar quem é fã da franquia, por outro lado a impressão que fica para jogadores menos habituais da série é que "Infinite Warfare" exagerou na dose.

Atualmente em fase beta, essa modalidade do game - que tende a ser o "filé" do título e seu aspecto mais longevo - tem partidas que seguem a mesma sequência: uma vez decorado o mapa, o jogador se resume a correr, atirar, correr, atirar e correr. Misture isso com os movimentos de andar pelas paredes, deslizar no chão e dar pulos duplos e o resultado são partidas frenéticas. Sem profundidade, porém, mesmo em modos de jogo mais elaborados que envolvem a conquista de territórios ou a manutenção da posse de um drone.

Em muitos casos o jogador se vê correndo por rotas pré-definidas do mapa e, a não ser que a partida envolva amigos ou equipes de jogadores acostumados a jogar juntos, o jogo de equipe é quase nulo quando os times são formados por desconhecidos. E, convenhamos, essa é a situação mais comum e tende a punir quem se aventura por um jogo da franquia pela primeira vez.

Qualquer tentativa de jogar esse modo de maneira mais estratégica é um caminho rápido para a morte. E, da mesma forma, essa mecânica excessivamente veloz também é um mau sinal para os brasileiros: por menor que seja, qualquer presença de lag, algo comum por aqui devido à qualidade de nossa conexão, é um fator decisivo na hora de encontros mais diretos com inimigos.

Call of Duty Infinite Warfare - Divulgação - Divulgação
Você pode personalizar armas e armaduras com efeitos estéticos e melhorias
Imagem: Divulgação

Incentivo à persistência

A sensação de "mais do mesmo" é aprofundada se considerarmos os elementos da jogabilidade: andar nas paredes, dar pulos duplos e deslizar pelo chão são movimentos que passam longe de serem novidade nos jogos de tiro. O mesmo vale para as Rigs, espécie de traje especial que determinam as classes do modo multiplayer: a única realmente inovadora é a Synaptic, cuja habilidade especial transforma o jogador em uma espécie de cachorro, que corre pelo cenário e desfere ataques letais à curta distância.

Os mapas, por sua vez, mantém a verticalidade vista em "Black Ops III" e, como é padrão na série, privilegiam encontros de curta e média distância. Em ambos os casos, uma arma com uma boa taxa de disparos é fundamental.

Por falar em armas, a grande novidade é que agora, além da divisão de tipos, elas também possuem classes distintas: balísticas, que utilizam cartuchos convencionais, e de energia. Via de regra, as primeiras tendem a oferecer um dano maior, mas as novatas são mais estáveis e precisas. Elas também podem ser personalizas conforme o jogador recolhe sucata após as partidas, o que dá acesso a versões aprimoradas desses armamentos.

Ponto forte do modo multiplayer da série, o sistema de progressão foi aprimorado e é um ponto positivo. Novamente, quem for jogador assíduo do título deverá levar vantagem, uma vez que classes, acessórios para armas e armamentos em si são desbloqueados conforme se avança no sistema de níveis.

E no final do dia...

Em seu modo multiplayer, "Call of Duty: Infinite Warfare" em nenhum momento significa uma ruptura em relação ao visto em "Black Ops III". Muito pelo contrário, já que quem gostou do game anterior se sentirá em casa nesse. E, dado o público fiel da franquia, isso significa que a Activision tende a não sofrer pelo fato da fórmula do jogo se manter intacta.

Fora isso, a impressão que fica é que, cada vez mais, "Call of Duty" se torna uma franquia ingrata para novatos. Inicialmente, a própria decisão da publisher em disponibilizar o beta apenas para quem fez a compra antecipada do jogo mostrava isso: a única forma de experimentar e ver se "Infinite Warfare" se encaixa no seu gosto era comprando o jogo. Felizmente, essa situação mudou com o anúncio de um beta aberto

Basear a jogabilidade somente na velocidade e no tempo de reação dos jogadores também é um ponto controverso se levarmos em conta o visto na concorrência. Em um tempo quando os jogos de tiro oferecem táticas elaboradas e o máximo do jogo de equipe ("Rainbow Six: Siege"), cenários destrutíveis e possibilidade de comandar veículos ("Battlefield 1") ou tiroteios entre robôs gigantes ("Titanfall 2"), repetir a exaustão o "atire antes, pense depois" tende a ser algo bastante cansativo.

Mais do que qualquer reclamação sobre a temática futurista, é a falta de ousadia o ponto no qual a franquia precisa, e urgentemente, combater.

"Call of Duty: Infinite Warfare" será lançado no dia 4 de novembro, em versões para PC, PlayStation 4 e Xbox One.