Novo "Call of Duty" é bom na campanha, mas rotina no multiplayer
Com a campanha de "Infinite Warfare", o mais limitado dos três estúdios que se revezam para criar novos "Call of Duty" ano após ano tentou ir além do que a série costuma oferecer.
O relato do embate entre o certinho Nick Reyes e um grupo de humanos rebeldes de Marte tem ideias interessantes, como batalhas espaciais e um sistema de missões opcionais, mas não consegue fugir totalmente das amarras que ainda prendem a série ao padrão "Call of Duty 4" de campanha.
Nos modos multiplayer e Zumbis, porém, a Infinity Ward sequer finge ter ideias novas. Ambos parecem meras extensões de seus equivalentes em "Black Ops III", com pequenas mudanças de nomenclatura e mapas menos bem pensados.
"Infinite Warfare" é o primeiro "Call of Duty" a cruzar a barreira que separa shooters militares do campo da ficção científica. A inversão temática faz da primeira hora da campanha uma experiência bem empolgante, que começa em uma bela paisagem na lua jupiteriana Europa e termina com uma batalha de naves digna de "Star Wars" na órbita da Terra.
Infelizmente, momentos assim são exceções. A maior parte da história fica com os pés no chão, enquanto o protagonista dispara balas para atravessar os tradicionais corredores repletos de inimigos da série. Nem mesmo as presenças de inimigos robotizados ou armas de energia feitas em impressoras 3D futuristas distraem do fato de que dá para misturar fases dos últimos três ou quatro jogos "Call of Duty" sem que o jogador sinta a diferença.
Mas dentro da forma de "Call of Duty", "Infinite Warfare" se sobressai por conta do sistema de missões opcionais e dos inimigos com motivações interessantes. A presença de Kit Harington não tem o mesmo peso que a de Kevin Spacey em "Advanced Warfare", mas pelo menos o vilão que ele interpreta consegue ser mais do que um mero carinha do mal genérico.
No multiplayer, os jogadores assumem o controle de diferentes 'Rigs' (armaduras especializadas), que são basicamente os Operadores de "Black Ops III" com um nome novo. Os tiroteios são absurdamente ágeis e confusos, como sempre, e praticamente ininteligíveis para jogadores que não investem centenas de horas em cada novo game da série.
Em alguns mapas, a gravidade reduzida faz com que corpos de soldados mortos flutuem pelo ar, confundindo (e causando a morte de) jogadores que são condicionados a atirarem sem nem pensar em qualquer pixel que se mova.
Como em "Advanced Warfare" e em "Black Ops III", os soldados conseguem correr pelas paredes e flutuar por breves momentos, mas a maioria dos mapas nem tira proveito dessas possibilidades. São funções que estão no jogo simplesmente porque estavam nos anteriores.
O clima de marasmo se estende ao modo Zumbis, cujo humor sarcástico e escrachado copiados vez após vez desde "World at War" no máximo rende sorrisos amarelados. O sucesso no modo depende cada vez mais de 'drops' aleatórios que, claro, aparecem mais facilmente para quem abre a carteira para as microtransações.
A campanha de "Infinite Warfare" dá um gostinho de quão mais legal "Call of Duty" poderia ser se tivesse coragem criativa, enquanto a versão remasterizada de "Modern Warfare" assusta ao evidenciar quão pouco a série mudou desde 2007.
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