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Cheios de problemas, "Mega Man" clássicos para celulares não valem a compra

Mega Man 2 Mobile - vs Heat Man - Reprodução - Reprodução
Os comandos são feitos por meio de botões virtuais e, acredite, isso é capaz de arruinar completamente a experiência do game
Imagem: Reprodução

Rodrigo Lara

Do Gamehall

05/01/2017 14h54

É difícil indicar o que você poderia fazer com US$ 1,99 ou R$ 7,49, mas é relativamente simples dizer o que não deve ser feito com esse valor: comprar qualquer um dos seis games clássicos de "Mega Man" lançados hoje (5) para celulares Android e iOS. A afirmação é feita com um certo pesar, uma vez que a franquia é uma das mais queridas pelos jogadores - e clamores para que a Capcom crie novas versões do jogo e também da série "Mega Man X" são comuns. 

Considerando isso, é até nobre de certa forma que a produtora resolva levar os games clássicos do robô azul para os dispositivos móveis. Estão disponíveis, tanto nas lojas da Apple quanto no Google Play, do primeiro ao sexto game, todos lançados originalmente para o Nintendinho. Não há, contudo, um pacote, e eles são vendidos separadamente pelo valor citado acima.

UOL Jogos experimentou boa parte de um desses jogos, "Mega Man 2", frequentemente tido como o melhor episódio da série clássica. Para chegar ao celular, além dos controles de toque - dos quais falaremos adiante -, os jogos passaram por outras alterações. De cara, nota-se que sons e gráficos perderam um pouco dos detalhes, e a o jogo está mais lento. Dentre as opções há uma que acelera a ação, mas o resultado é insatisfatório por deixar o jogo rápido em demasia.

Essência perdida

Há outras mudanças perceptíveis. Uma delas é a reação de Mega Man ao ser atingido por inimigos, o que não ocorre da mesma maneira vista nos games originais. Já o desempenho do jogo em si é estranho, com a taxa de quadros sendo qualquer coisa menos fiel à original.

Mega Man 2 Mobile - vidas infinitas - Reprodução - Reprodução
As vidas são infinitas e terminar um estágio deixa de depender da habilidade do jogar e se torna uma tarefa repetitiva e pouco exigente
Imagem: Reprodução

O número de vidas, por sua vez, é infinito, o que significa que é possível avançar pelos estágios ignorando os inimigos sem grandes preocupações, e o progresso é gravado automaticamente, com checkpoints pelas fases. E, sem qualquer exagero saudosista, aqui notamos a genialidade dos jogos originais: o alto nível de dificuldade e a frustração por mortes constantes faziam o jogador aprimorar suas habilidades até conseguir terminar um estágio, o que gerava um senso de conquista totalmente perdido nessa adaptação. 

É bastante provável que a decisão de não obrigar os jogadores a recomeçarem os estágios após perderem um determinado número de vidas tem a ver com as limitações de se jogar um título do tipo na tela de um celular. A maior delas, certamente, são os controles. "Mega Man" sempre exigiu precisão nos tiros e nos pulos e, sem a sensação tátil de se pressionar um botão físico como ocorre em um controle de videogame tradicional, essa precisão vai por água abaixo. O simples ato de subir uma escada é capaz de fazer o jogador se enrolar com os comandos e acabar morrendo com frequência e de forma boba. 

No final das contas, além da iniciativa de ampliar o acesso à franquia aos donos de celulares, é impossível tecer qualquer elogio para essa adaptação dos "Mega Man" clássicos. Felizmente, há opções para quem é fã ou deseja experimentar esses games e não possui um Nintendinho à mão. Uma delas é jogar via Virtual Console no Wii U, onde todos os jogos da série estão disponíveis para compra. A outra é "Mega Man Legacy Collection", coletânea lançada em 2015, para PC, PlayStation 4, Xbox One e Nintendo 3DS, contendo todos os games da franquia para Nintendinho, além de conteúdos e modos adicionais.

É verdade que nenhuma delas custa US$ 1,99 ou R$ 7,49, mas vale seguir a sabedoria popular: comprar qualquer um dos "Mega Man" clássicos em sua versão para celular é um típico caso de barato que sai caro.