Foco em combate faz "Nioh" ser mais que um 'clone' de "Dark Souls"
Um herói solitário em um ambiente opressor no qual o menor deslize pode significar a sua morte. A descrição caberia perfeitamente a "Demon’s Souls" ou, especialmente, à série "Dark Souls", responsável por levar o gênero "RPG de ação altamente frustrante" às massas.
Por tabela, ela também cairia sem folgas em vários games que se aproveitaram do sucesso da franquia da From Software para buscar seu lugar na biblioteca dos jogadores.
"Nioh", jogo exclusivo para PlayStation 4 que chegará em 7 de fevereiro, poderia facilmente ser um deles. Nele, você encarna um samurai ocidental chamado William Adams que se aventura pelo Japão feudal do Século XVI enquanto enfrenta diversos tipos de inimigos, de soldados humanos a criaturas demoníacas, os chamados Yokai. A visão é em terceira pessoa, o cenário por vezes esconde perigos fatais e a morte é algo corriqueiro.
A dose de "Dark Souls" continua em algumas das mecânicas principais do game: sempre que o jogador morre, ele perde a Amrita obtida. Esse item, recebido conforme se mata os inimigos, são as "Souls" do jogo: ele é usado para melhorar seus atributos e subir de nível. A dinâmica de progressão pelas fases também é similar: morrer ou ativar um dos templos espalhados pelo cenário significa que todos os inimigos do local, salvo chefes e subchefes, voltarão à vida. Por fim, ações como atacar e correr gastam uma barra de energia, cuja administração é algo vital para a jogabilidade e para o sucesso do jogador.
A partir desse ponto, porém, "Nioh" deixa cada vez mais sua semelhança com a série "Souls" de lado. A ênfase do jogo do Team Ninja é o combate - basta observar a configuração do controle, com comandos de ataque nos botões principais, para perceber isso - e ele brilha nesse ponto, mostrando potencial para marcar o retorno da produtora aos seus tempos de glória após tropeçar em games de ação como "Ninja Gaiden 3" e "Yaiba: Ninja Gaiden Z".
Ponto de equilíbrio
"Nioh" passou por um longo período de desenvolvimento, que data do distante ano de 2004. Em que pesem as prováveis mudanças de rumo e a influência do sucesso de "Dark Souls" em sua fórmula final, o jogo também passou por diversas alterações no último ano, ao ponto de que a demo "Alpha" do jogo, lançada em abril do ano passado, ficaria praticamente irreconhecível perto da demonstração disponibilizada durante o último final de semana (21 e 22).
Um aspecto que mudou bastante foi a dificuldade. O jogo continua punitivo e pequenos deslizes podem significar uma dor de cabeça e tanto para o jogador, mas tudo parece mais justo nesta versão "quase final" do jogo, o que deve agradar e amenizar o sofrimento dos novatos nesse estilo de jogo. Em resumo, é mais simples identificar o que precisa ser feito para vencer um inimigo forte ou superar porções mais complicadas das fases, o que não significa, necessariamente, que colocar o plano em prática seja algo fácil.
Ainda seguindo esse raciocínio, "Nioh" é o típico game que premiará jogadores pela sua insistência. Não há um "jeito certo" de superar suas dificuldades: isso pode ser acontecer como consequência do jogador melhorar suas habilidades ou do tempo investido para deixar o personagem mais forte e com equipamentos melhores. Há ainda a possibilidade de cooperar com um amigo para avançar.
Em todos esses casos, a sensação decorrente do sucesso é altamente satisfatória e supera a obtida ao avançar em outros games de ação como "Uncharted" ou "Gears of War".
Arsenal variado
Além de mostrar uma missão inédita - a expectativa é que o game tenha algo em torno de 70 horas de duração -, essa nova demonstração também apresentou um novo tipo arma, a kusarigama. Trata-se de uma foice unida por uma corrente a um peso e que muda completamente a jogabilidade ao adicionar ataques rápidos e que podem ser usados a uma distância maior do que a de uma espada. Como é de praxe no jogo, cada arma tem uma lista de movimentos que pode ser desbloqueada conforme se avança, além de funcionar de maneiras distintas de acordo com a postura escolhida pelo jogador.
A presença dessa arma também deixa claro outro aspecto: "Nioh" se esforça para deixar o jogador à vontade sobre como ele irá jogar. Nas mãos certas, um herói "pesadão", vestido com uma armadura mais parruda e com armas maiores, pode ser tão efetivo quando um usuário de equipamentos leves e que se apoia na agilidade para vencer. Isso é algo que não costuma ocorrer em games da série "Souls", onde determinadas configurações de equipamentos tendem a ser mais efetivas do que outras.
Esse pacote todo será colocado à prova dos jogadores quando o game chegar às lojas, o que ocorrerá nos próximos dias. Será quando "Nioh" mostrará se tem fôlego para ir além de um game de nicho e capacidade de atrair jogadores em um ano no qual a biblioteca de exclusivos do PS4 está recheada de títulos de peso.
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