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"Wildlands" troca seriedade de "Ghost Recon" por tiroteio sem compromisso

Veja uma missão completa de "Wildlands"

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Pablo Raphael

Do UOL, em São Paulo

20/03/2017 18h07

Primeiro "Ghost Recon" em mundo aberto, "Wildlands" carrega pouco da franquia original, inspirada nas tramas militares do escritor Tom Clancy. O jogo deixa a seriedade e as táticas de lado para abraçar a diversão descompromissada de bons tiroteios cooperativos.

A trama é bem simples: a Bolívia foi tomada por um poderoso cartel mexicano, Santa Blanca, que acabou transformando o país em um "narco-estado". Incapaz de retomar o poder, o governo recorre secretamente a ajuda dos EUA, que envia 4 agentes Ghost para salvar o dia - é mais ou menos como se o Rambo estrelasse um filme de espionagem.

Facções criminosas e paramilitares formam uma intricada rede de poder no enorme mapa da zona rural boliviana. O cenário é o grande destaque da campanha de marketing do jogo e realmente impressiona pela extensa recriação da geografia do país, com florestas, fazendas, montanhas, lagos e deserto, tudo acompanhado por um ciclo de dia e noite e mudanças climáticas. Esse mapa é apinhado de bases do cartel, quartéis militares, vilarejos e outras edificações que servem como base para aliados e inimigos dos jogadores. Invadir os lugares em busca de informações, suprimentos ou para cumprir as muitas missões de "Wildlands" é o que há de melhor no game.

Você decide como vai abordar o confronto com os inimigos: desde o começo, muitas missões estão disponíveis em todo o mapa e cabe ao jogador escolher quem atacar, derrubando os núcleos de comando de Santa Blanca até chegar ao poderoso chefão - um vilão maníaco e carismático, daqueles que a Ubisoft sabe fazer muito bem.

Brincando de soldado

Ghost Recon Wildlands nota - Arte/UOL - Arte/UOL
Dublado em português, "Ghost Recon: Wildlands" está disponível para PC, PS4 e Xbox One
Imagem: Arte/UOL
Os jogadores são as verdadeiras estrelas de "Wildlands", controlando soldados personalizados e cheios de recursos. Há uma boa seleção de habilidades e instrumentos para evoluir, novas armas para desbloquear e modificar e muitos veículos para pilotar, de motos e carros populares até helicópteros de guerra e iates. É como uma grande brincadeira de Comandos em Ação, mas com direito a explosões.

"Wildlands" traz algumas mudanças positivas para a fórmula manjada dos games de mundo aberto da Ubisoft (como "Assassin's Creed", "Far Cry" e "Watch Dogs"). Não há 'torres' que revelam novas locações e objetivos: ao invés disso, você encontra documentos e informantes ou interroga traficantes para descobrir essas coisas, com a liberdade de escolher o que quer saber em cada caso (Quer encontrar missões rebeldes? Ou novas peças para suas armas? A escolha é sua).

O combate e movimentação lembram "The Division", sucesso da Ubi em 2016, mas bem menos rígido - "Wildlands" é um jogo de tiro, não um RPG. Pena que dirigir não seja tão bom quanto em "Watch Dogs 2", outro lançamento recente da produtora.

As missões secundárias oferecem uma boa variedade: roubar suprimentos ou veículos, atacar comboios nas estradas, capturar e interrogar inimigos específicos, defender estações de rádio rebeldes, invadir estabelecimentos e detonar tudo e assim por diante. No final é quase sempre "vá até lá, quebre tudo, escape", mas elas mantém o jogo rolando entre uma e outra missão da campanha principal.

Pra que tudo isso?

O mapa de "Wildlands" é de longe seu maior problema: um mundo aberto enorme e, muitas vezes, cheio de nada. Dirigir por 10 ou 15 minutos para chegar a uma missão sem que nada aconteça no caminho não é legal. E, definitivamente, andar a pé não é uma opção que os produtores levaram em conta experimente atravessar duas ou três colinas e fazendas caminhando, passando por árvores, mato, plantações vazias e nada além da companhia dos colegas e suas conversas sem sentido.

Além dos soldados do tráfico e dos jogadores, a população boliviana se divide entre militares de outras facções, como rebeldes e Unidad, e os civis - que não tem utilidade nenhuma nem expressam reações ao que acontece ao redor, exceto saindo do carro quando ameaçados ou (nem sempre) correndo quando a coisa esquenta no meio da rua. Não serão poucas as vezes em que você vai invadir a casa de um deles, armado até os dentes, e ele vai ficar lá, sentado olhando para a parede.

O jogo tenta lembrar você que é um "Tom Clancy" com suas conversas de caserna e discussões sobre como nada é preto no branco e como os soldados do cartel não tem opções melhores na vida, sobre como ser um soldado do tráfico não é tão diferente de ser um fuzileiro dos EUA... ou listando os pratos que gostariam de comer ao voltar para casa. "

A Bolívia de "Wildlands" é um mundo meio sem vida quando não está rolando um bom tiroteio, o que faz a gente se perguntar: pra que construir tudo isso?

Diversão sem compromisso

Se você deixar de lado a suposta seriedade da coisa e encarar "Ghost Recon" como o jogo mais "videogame" dos últimos tempos, vai se divertir muito! Os combates são empolgantes, a visão que alterna entre terceira e primeira pessoa é uma solução que poderia ser aplicada em muitos outros games do tipo e todo o planejamento na hora de tentar invadir uma base do cartel sem ser visto até satisfaz os fãs de tiroteio tático.

E, claro, você pode trocar seus colegas de esquadrão por companheiros de verdade. "Wildlands" oferece suporte para multiplayer cooperativo online e é fácil encontrar amigos jogando e entrar nas partidas.

Quando você joga com pessoas, qualquer tentativa de seriedade vai pelo ralo - mas dependendo da dificuldade escolhida, uma boa dose de comunicação e estratégia será necessária para sincronizar ações, pensar em cobertura e outros detalhes que são mais fáceis de gerenciar ao comandar 'bots'.

"Ghost Recon: Wildlands" não é um jogo para se levar a sério e por isso é ótimo para quem procura um bom tiroteio para curtir no fim do dia, seja sozinho ou junto com os amigos.