Pai deixa emprego e cria servidor de "Minecraft" para crianças com autismo
Aos 2 anos de idade, o filho de Stuart Duncan, Cameron, foi diagnosticado com autismo.
O pai, que mais tarde descobriu ter Síndrome de Asperger (tipo de autismo que afeta a socialização) aos 36 anos, passou a dedicar cada vez mais do seu tempo livre ajudando a comunidade de pessoas que sofre com a doença, começando por um blog em 2010 e publicando alguns livros sobre o assunto.
Seu maior projeto nos últimos anos, porém, tem sido o chamado "Autcraft", um servidor privado e dedicado que criou em 2013 especialmente para crianças (ou até mesmo adultos) autistas e suas famílias interagirem com outras em um ambiente seguro.
"Quando você entra nele pela primeira vez há 30 pessoas te cumprimentado e oferecendo um tour pelos arredores. Eles chegam e dão um monte de coisas para você", explicou Duncan ao site PC Gamer. "Você vê no chat 'ei mãe, vem montar comigo'. Alguém vai dizer 'eu sou um idiota' e todos vão responder 'não diga isso, você não é um idiota'."
Eventualmente, Duncan - conhecido no servidor como "Autismfather" - se viu forçado a deixar seu emprego como web designer para ficar de olho no servidor e em seus visitantes.
"Nos primeiros dois anos eu falavam com duas crianças por semana que estavam com tendências suicidas", disse. "Eventualmente meu trabalho começou a ser afetado. Eu estava falando com meu chefe e tinha que dizer 'me dá um segundo, esta criança precisa de mim'."
Pesquisas e estudos pediátricos já apontaram como "Minecraft" pode ajudar o desenvolvimento de pessoas com autismo, e o assunto chegou até a ser abordado no livro "O Menino Feito de Blocos", do jornalista Keith Stuart, inspirado na relação dele e seu filho com o jogo.
Duncan também ressaltou a importância do game para o jovem Cameron.
"Quando era pequeno, ele tinha um vocabulário e formas de se expressar bem limitadas" relembrou. "Ele nunca teve paciência para Lego ou tinta, e achava esportes de equipe difíceis de entender. Havia algo em 'Minecraft' que simplesmente se conectou com ele. Imediatamente sabia como fazer uma cabana ou um castelo. Aprendeu novas palavras. O vocabulário dele pulou de 10 palavras para o de uso de palavras como 'obsidiana'. Ele adorava estar lá, e queria compartilhar isso comigo."
O objetivo de "Autcraft", para Duncan, é sempre ser um lugar seguro para pessoas com a doença.
"Eles sentem que não tem outro lugar deste tipo", disse. "Eles voltam e dizem 'nós, a comunidade autista, somos as pessoas mais legais'. Não importa o quanto alguém te faça sentir mal em algum outro local, você pode voltar para cá e ficar melhor. É meio deprimente que você não consiga achar algo assim em qualquer outro lugar."
Para manter o "Autcraft" e suas despesas individuais, Stuart Duncan abriu uma página no site Patreon, onde 146 pessoas doam US$ 1.636 por mês ao projeto.
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