Nos anos 90, programa do Gugu levou crianças para dentro dos videogames
Talvez seja difícil imaginar - especialmente para quem tem menos de 30 anos -, mas no início dos anos 90 Gugu Liberato chegou a mandar crianças para dentro do mundo dos videogames.
Esta era a ideia por trás do "Play Game", um game show que passava nas manhãs de domingo do SBT, marcando o início da programação comandada pelo apresentador durante o resto do dia.
“Eu e o Homero Salles, que era diretor dos meus programas na época, gostávamos de jogar videogame”, explicou Gugu em entrevista a UOL Jogos. “Certo dia, imaginamos como seria entrar dentro de um deles. A partir daí surgiu a ideia.”
Apesar de dizer que vivia a “era ‘Mario Bros.’”, ironicamente a equipe de Gugu acabou fechando um acordo com a Tectoy, a distribuidora brasileira da principal rival da Nintendo na época: a Sega.
“[...]Foi uma iniciativa da produção do Gugu que procurou a Tectoy com o formato do programa e com a viabilidade técnica”, declarou Alexandre Pagano, que na época trabalhava como coordenador de projetos dentro da distribuidora. “Além disso os prêmios eram patrocinados pela Tectoy.”
No "Play Game", duas crianças competiam em três etapas diferentes: a primeira era um quiz sobre a Sega e a Tectoy; já na segunda, elas jogavam uma fase de um dos games com o controle.
O grande momento do programa, porém, era a rodada final, quando elas eram “transportadas” para dentro do videogame, precisando completar o percurso e derrotar os inimigos com suas próprias mãos.
Como este processo era feito? Como Alexandre Pagano explica, tudo dependia do bom e velho efeito do Chroma Key - a famosa tela verde.
“Chroma key é um processo eletrônico para elaborar efeitos especiais para a TV e para o cinema. Trata-se de sobrepor imagens obtidas separadamente e em determinadas partes desta imagem captada, retirar uma cor específica substituindo por outra imagem gerando desta forma um efeito visual”, disse. “Tudo que não fosse verde aparecia na tela e tudo que fosse verde poderia ser substituído pela cena do game que foi trabalhada pelo pessoal da engenharia da Tectoy.”
Até aí tudo bem, mas como fazer com que as crianças pudessem interagir com os inimigos e elementos da fase?
“Este era o grande segredo”, diz Pagano. “Os engenheiros da Tectoy retiravam o personagem principal. Porém, mantinham a movimentação e todas as ações da tela.”
“Em um primeiro momento ensaiávamos toda a movimentação que a criança teria que fazer na gravação. Ao mesmo tempo, eu ou um dos produtores ficávamos com o controle na mão, e assim que a criança fizesse menção de fazer o movimento acionávamos o joystick”
Como o próprio executivo admite, “Meio tosco, mas funcionava!”
O resultado final pode ser visto abaixo:
Segundo Gugu, isto é a melhor lembrança que tem do programa.
“O momento mais marcante foi ver que a nossa ideia deu certo. Isso foi muito gratificante”, relembra o apresentador.
Já para Pagano, a maior lembrança era “a decepção das crianças quando descobriam que não iam entrar dentro do videogame.”
Infelizmente, a Tectoy não tinha recursos para criar novas fases a tempo para a produção do programa, o que acabou selando o fim do “Play Game”.
“Cada game tinha uma programação diferente e códigos complexos. Fora isto, tínhamos o problema de direitos autorais em utilizar cenas de alguns jogos”, explicou Pagano. “A produção do Gugu precisava de mais agilidade, e naquela época por mais que quiséssemos era impossível atingir esta demanda.”
“Acho que foi isto que impossibilitou e descontinuou o programa.”
Por isso, o “Play Game” acabou não durando muito na grade do SBT, e infelizmente não há muitos vídeos do resto do programa na internet - com uma das exceções sendo a retrospectiva do show feita pelo youtuber Velberan, cujas imagens ajudaram a ilustrar este texto.
Mas quantos outros lugares do mundo poderia se dizer que houve um programa que colocava você dentro de um videogame?
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