Pixels e 16-bits são para os games indie o que o vinil é para o mp3
Enquanto multidões se aglomeravam nos stands da E3 2017, ávidas para conhecer as últimas novidades das grandes franquias de games no centro de Los Angeles, a poucas quadras dali, em um evento bem mais modesto (mas não menos interessante) produtores de jogos independentes, entre eles alguns brasileiros, tentavam vender seu peixe.
O MIX LA (Media Indie Exchange de Los Angeles) é um evento criado para dar oportunidade aos iniciantes de ingressar no mercado dos games, mas o que significa ser “indie” no mundo dos games?
Em termos de orçamento, a mesma coisa que no mundo da música: não ter grandes produtores nem muito dinheiro, fazer tudo e se destacar apenas graças ao trabalho duro de um pequeno grupo de amigos - além de, claro, saber meter a cara.
Em termos de estilo, no entanto, ser um indie gamer é alternar entre o saudosista, o retrô e a releitura de clássicos. Por isso que, durante as três horas em que o MIX LA aconteceu, a reportagem do UOL fez uma viagem no tempo de volta aos jogos 2D da era 16-bits, conhecendo novos personagens pixelizados, embora adaptados à nova tecnologia de programação.
Neste contexto, jogos produzidos por brasileiros tiveram bom destaque. A começar por “Dandara”, um jogo que a geração anos 1980 certamente jogaria nos fliperamas da vida, mas que, hoje em dia, vai sair no Nintendo Switch e também celulares e tablets com iOS e Android
Produzido por João Brant, Lucas Mattos e outros integrantes do estúdio Long Hat House, de Belo Horizonte, “Dandara” conquistou os gamers da MIX LA por sua navegação nada convencional, pelas referências históricas, sociológicas e, algo muito importante no universo indie, as referências obscuras “belzontinas”.
Ao navegar pelo mundo da heroína que dá nome ao game, o jogador se depara com uma releitura do Abaporu, de Tarsila do Amaral, passa pelo bar Garantido (segundo o assessor de imprensa, o único bar da capital mineira que é garantido que vai estar aberto a qualquer hora do dia e da noite) e navega pela Beautiful Horizon Avenue, no melhor estilo “come to Brazil”.
Mark Carr, um executivo da indústria que jogou “Dandara” por quase uma hora, disse o seguinte: “Fiquei muito impressionado sobre como a navegação não convencional muda seu ponto de vista constantemente. Arte em pixels é linda. Eu certamente ficaria umas 20 horas jogando.
Quem também se deu bem no evento foram Henrique Caprino e Henrique Lorenzi, do estúdio paulistano Pocket Trap, ambos pela primeira vez participando de uma E3 e como desenvolvedores.
Eles estavam na MIX LA promovendo o jogo "Ninjin: Clash of Carrots", em que um coelho ninja tem que recuperar as cenouras que um Shogun malvado roubou de sua aldeia. Novamente foi elogiada a jogabilidade, que mistura referências de animes com os clássicos dos fliperamas “shoot ‘em up” e “beat ‘em up” - nas palavras de Caprino “jogos de navezinha” e “de porradinha”.
Outro brasileiro que conquistou o público foi “Guts”, jogo de luta em que o objetivo é mutilar seu parceiro até ele ficar aos pedaços - a inspiração, segundo o assessor de imprensa, foi a cena de luta entre o rei Arthur e o Cavaleiro Negro no filme “Monty Phyton e o Cálice Sagrado”. Os gráficos novamente remetem aos jogos antigos, mas com um toque de zuera “pela qual seu país é conhecido”, disse o assessor Alex Van Lepp, que representa o Flux Game Studio, de São Paulo.
Mas engana-se quem pensa que o último grito da tecnologia, a realidade virtual, não tem espaço em um evento como este. Por isso a reportagem experimentou o Chess Ultra, do estúdio britânico Ripstone Games. O aspecto retrô, no entanto, está presente, já que o game nada mais é que um jogo de xadrez em VR no qual você pode jogar contra a morte — e se ela perde, como foi o caso, esmurra o tabuleiro e tenta se matar.
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