"GTA 6" no Brasil? Não, este é um jogo feito por fãs
Cenários abertos, grandes possibilidades para exploração, um mundo vivo e, claro, violência. Esses elementos poderiam fazer parte de qualquer "GTA", porém aqui falamos sobre algo com um tempero mais brasileiro.
Trata-se de "171", um game que está em desenvolvimento pela Betagames, um estúdio de São Paulo. Segundo o CEO da empresa, Diogo Moraes, a ideia do jogo já existia há algum tempo, mas o trabalho "para valer" sobre o game começou há cerca de dois anos, quando o estúdio passou a usar o motor gráfico Unreal Engine.
"É raro ter alguém que não curta games de mundo aberto hoje em dia. A ideia do '171' surgiu ao vermos mods de games que traziam conteúdos e ambientes inspirados naquilo que se vê no Brasil. E isso se tornou cada vez mais comum, o que nos incentivou a criar algo do tipo e preencher esse nicho do mercado", diz.
Em "171", o jogador controlará Nicolau Souza, um jovem que mora em uma comunidade humilde do interior de São Paulo. Moraes não divulga detalhes da trama para não dar spoilers, mas conta que Nicolau mora com seu irmão mais novo, Rogério, que é ex-usuário de drogas e está desempregado. Rogério, que ajuda o irmão com tarefas domésticas, um dia é encontrado ferido em sua casa. Ao ser questionado se estava envolvido novamente com drogas, ele conta que não conhece quem o agrediu. "Logo depois disso, Nicolau descobrirá que as coisas mudarão consideravelmente", adianta Moraes.
Ambientação interessante
A Betagames chegou a lançar um trailer do game, que mostra Nicolau dando "um rolê" pelas ruas de seu bairro. Um aspecto bacana é a variedade de ambientes, compreendendo ruas de terra, asfaltadas e uma organização espacial - com casas próximas umas das outras, o que é típico das periferias brasileiras. Da mesma maneira os veículos que estarão à disposição dos jogadores também seguem os vistos por aqui.
"O game terá dezenas de quilômetros exploráveis. Temos a consciência de que não será um mapa expressivo em comparação a outros games do gênero, mas a ideia é fazer algo agradável para quem joga. Isso também permitirá uma maior atenção aos detalhes, criando espaços mais vivos e não apenas prolongando os que já existem", diz Moraes, que também conta que a equipe da Betagames realizou trabalhos de campo para a criação do ambiente.
Atualmente, nove pessoas trabalham no projeto, entre modeladores e programadores. "No momento, essa equipe trabalha de maneira remota. "Por sermos um estúdio indie, essa acaba sendo a opção mais viável por não criar gastos e também por dar a possibilidade de trabalharmos com profissionais de todo o país", explica Moraes, que diz ter planos de expandir a equipe futuramente, mas que, no momento, é "mais viável manter os nove" envolvidos no projeto.
A Betagames chegou a abrir uma campanha de financiamento coletivo para o game, em 2015. O resultado, porém, ficou aquém do desejado por uma razão indesejável. "A campanha ficou congelada após alguém, em atitude de má-fé, realizar um investimento expressivo inválido. Apesar disso, não paramos o desenvolvimento apesar do retorno modesto da campanha. O pouco de retorno investimentos em ferramentas, como na compra de plugins para a criação do game."
Moraes evita falar em data de lançamento, apesar de dizer que o cronograma do projeto "está dentro do previsto". "Nós demos um salto de tecnologia quando migramos para a Unreal Engine e isso nos obrigou a nos adaptar. Todo esse conhecimento que ganhamos nós usamos pra manter a produtividade. Estamos mais concentrados nisso do que em definir uma data para lançar o jogo e, eventualmente, acabar fazendo algo sem a devida atenção ou, ainda, frustrar expectativas diante de um adiamento".
Uma vez pronto, a ideia é lançar o game para PC. Moraes, porém, diz que não pretende ficar preso à essa plataforma. "Temos muito interesse em trazer o game para os consoles também, mas devido aos recursos atuais, nós podemos apenas nos dedicar inicialmente ao PC. Assim daria para focar na qualidade e, depois, dar atenção às outras plataformas em uma conversão".
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