"Agents of Mayhem" atira para todos os lados, mas erra os alvos
Nova investida da produtora de "Saints Row", "Agents of Mayhem" se distancia da ação galhofeira da série e aposta em uma mistura de tiroteio, exploração e super-heroísmo, com uma grande variedade de personagens para escolher e uma metrópole colorida para se aventurar.
Em "Agents of Mayhem", duas organizações lutam pelo controle da Terra: de um lado estão os heróis da Mayhem e do outro, o exército de vilões da Legion. A narrativa é bem direta e inspirada em desenhos animados de ação dos anos 1980 e 1990. As cenas animadas são muito divertidas para quem curte o gênero.
Para encarar as missões da Mayhem, você seleciona até 3 agentes entre os que estiverem desbloqueados. Há missões específicas para liberar novos personagens. Cada um tem poderes únicos, estilos diferentes e um arsenal próprio. E você ainda pode personalizar atributos, mexer nas armas e atribuir vantagens para cada um, conforme progride no jogo.
Quando não está em missão, seu esquadrão pode participar de vários tipos de missão secundária ou simplesmente explorar Seul e coletar recursos para aprimorar os agentes. A cidade é bonita, mas um tanto sem vida. Os civis estão lá, há trânsito nas ruas mas a vida segue normal mesmo com as trocas de tiros e explosões nas lutas da Mayhem contra a Legion.
Ingredientes demais
É difícil não notar as influências na produção de "Agents of Mayhem": o senso de humor pastelão e aquele "jeitão de mano" dos personagens de "Saints Row" está sempre presente. A variedade de personagens, cada um com seus poderes e visuais alternativos lembra "Overwatch". A ação e exploração vertical da cidade, uma versão futurista de Seul, na Coreia do Sul, são muito inspiradas em "Crackdown".
O sistema de evolução permite personalizar os heróis e dar poderes melhores ou mais adequados ao estilo de jogo. A grande quantidade de missões secundárias dá a sensação de que você sempre tem mais alguma coisa para fazer e o cenário, com templos antigos, ruelas e arranha-céus super-modernos, é um convite para simplesmente sair dando uns pulos triplos por aí.
Mas, na prática, todos esses conceitos e ideias juntos deixam "Agents of Mayhem" meio confuso. Nada funciona tão bem. É como se a Volition tivesse tentado incluir ingredientes demais na receita e o resultado não se conecta muito bem. "Agents" atira para todos os lados tentando emular mecânicas que deram certo em outros jogos, mas erra todos os alvos.
Embora as missões de cada personagem sejam apresentadas de maneira muito bacana, com animações que lembram desenhos dos anos 1990, elas acabam ficando repetitivas em muito pouco tempo: vá até um ponto, mate os inimigos, invada o computador, mate mais inimigos, vá para o próximo ponto e repita tudo de novo.
E, enquanto o time de Agentes tem lá seus personagens bem bolados (mas com menos carisma do que os heróis de "Battleborn", já aviso. E não, não vou nem comparar com os de "Overwatch"), os inimigos não tem a mesma sorte e seguem padrões fáceis de entender e depois de pouco tempo parecem soldados genéricos de videogame.
É difícil recomendar "Agents of Mayhem" para alguém: se você gosta de "Saints Row" ou de "Crackdown", esse pode ser um passatempo temporário. Mas não vá esperando muita coisa.
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