Sem viagem no tempo, "Before the Storm" visita passado de "Life is Strange"
Algumas pessoas não gostam de Chloe Price, a adolescente inconsequente de "Life is Strange", jogo de aventura episódico da Dontnod lançado em 2015.
Até entendo que o jeitão mimado e rebelde dela possa ser um pouco exagerado, mas talvez seja mais questão de entender a personagem e suas motivações, medos e inseguranças - e "Life is Strange: Before the Storm" traz exatamente essa experiência ao jogador.
O game, desenvolvido pela Deck Nine Games, conta uma história sob a perspectiva de Chloe e antecede os acontecimentos do primeiro "LiS".
No episódio inicial, "Awake", o luto é claramente um dos obstáculos que a protagonista precisa superar. Apesar deste ser apenas o primeiro capítulo, percebe-se que o game vai honrar a tradição de tratar temas espinhosos como bullying, drogas, sexualidade, abuso, abandono...
Mesmo com uma equipe desenvolvedora diferente, existe ainda a iniciativa de retratar situações relacionadas a estes assuntos que ainda são tabu, mas que precisam ser discutidos mais e mais justamente por serem muito presentes em nossa sociedade.
Em "Before the Storm", que se passa três anos antes do jogo de 2015, o luto de Chloe pelo pai é recente e dolorido, mas também há o luto metafórico causado pela ausência de Max, sua amiga de infância que se mudou para Seattle e ficou fora de sua vida.
Os dois casos infligem sofrimento na protagonista, mas são demonstrados de forma diferente no jogo - enquanto a falta da amiga é muito mais clara nas passagens do diário de Chloe, a falta do pai é retratada com sonhos enigmáticos e muito simbólicos do momento do acidente.
Ainda que carregue uma grande semelhança com o game original nos gráficos, ambientação e trilha sonora, a nova aventura também insere mecânicas inéditas.
Há a possibilidade de espalhar sua arte pela cidade com grafites - deixando sua marca registrada no mundo, algo parecido com o que Max fazia com as fotos - e discutir com outros personagens para que a personagem principal consiga o que quer, utilizando ofensas e argumentos em um tempo limitado.
Mesmo sem viagem no tempo, os elementos antigos também estão lá - o uso das SMS em seu telefone, a (talvez não tão) boa e velha Blackwell Academy e personagens já conhecidos... com uma leve pitada de estranhamento: todos estão um pouco diferentes e mais jovens.
Afinal de contas, estamos vivenciando momentos que se passam três anos antes do universo de Arcadia Bay que conhecemos. Depois de vivenciar alguns acontecimentos em "Before the Storm", é possível entender ainda mais como certos personagens vão virar completos idiotas no futuro.
Inclusive, por entrar diretamente na psique de Chloe, cada vez mais a postura rebelde extrema revela apenas um reflexo de sua insegurança e solidão.
Se no primeiro "Life is Strange" Chloe não foi explorada o bastante, agora será possível finalmente compreender suas motivações como um todo... Não que isso justifique certas ações, claro.
Há quem fique desconfortável com a mudança de dubladoras para Chloe - Ashly Burch, que deu a voz para a personagem no primeiro game, chegou a ganhar prêmios por sua performance, mas não pôde repetir o trabalho devido a uma greve de dubladores nos EUA. Rihanna DeVries ficou com o papel e fez um bom trabalho.
A troca não foi escolha dos desenvolvedores, mas serve como uma simbologia perfeita.
A Chloe de "Before de Storm" é uma personagem completamente diferente da que conhecemos, e honestamente estou ansiosa para saber mais dela e de seu envolvimento com Rachel, que ainda não foi explorado o suficiente.
Enquanto o próximo capítulo não chega, nós ficamos aqui, pensando no que tudo que a Chloe do passado precisa passar para se tornar aquela punk que marcou muita gente em "Life is Strange".
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