Análise: God of War honra origens e volta com tudo após sumiço de 5 anos
Já faz mais de cinco anos desde que os donos de consoles PlayStation tiveram a oportunidade de jogar uma aventura inédita de Kratos. A longa espera, no entanto, termina no próximo dia 20, quando o deus espartano estreia no PS4 em “God of War”, um reboot da franquia de ação, que não via um lançamento desde a prequel “God of War: Ascension”, que chegou ao PS3 no começo de 2013.
Para alegria dos fãs do rabugento protagonista, toda paciência valeu a pena, pois o Santa Monica Studio, responsável pelo desenvolvimento do game, produziu o maior, mais complexo e mais longo título de toda série.
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Adeus, Grécia
Oitavo título da franquia, “God of War” é um reinício. A mitologia grega sai de cena para a entrada da nórdica, apresentando o mesmo Kratos de sempre, só que com uma profundidade maior do que nos jogos anteriores. Traumatizado por seu passado e com a vingança concluída contra o Olimpo, o protagonista quer deixar o que aconteceu para trás e recomeçar a vida em uma terra distante.
Por ser uma divindade estrangeira, no entanto, Kratos vira um alvo nos Nove Mundos nórdicos. Só que a narrativa do jogo começa antes que os deuses locais descubram a presença do “gringo”, com o protagonista e seu filho Atreus preparando o funeral de Faye, mulher de Kratos e mãe do menino.
A relação entre pai e filho está no centro da história de “God of War”. Atreus não é próximo de Kratos, que é muito protetor do menino, mas trata-o com rigidez e é, ao mesmo, tempo distante. Os dois saem juntos em uma jornada para depositar as cinzas de Faye no local onde ela desejava.
A longa viagem apresenta um mundo amplo ao jogador, fato inédito na série. Nos títulos anteriores, até era possível explorar a Grécia antiga, porém os ambientes eram limitados, em locais com um design pouco expansivo.
Um mundo novo e rico
“God of War” é ambicioso, introduzindo gradativamente um mundo aberto que permite exploração, diversas salas secretas, missões paralelas e inimigos opcionais desafiadores. O mapa é baseado nos Nove Mundos nórdicos, distribuídos de forma circular a partir de uma área central, a qual serve como uma base a partir de certo ponto da história.
Cada região tem uma ambientação característica, desde locais mais monocromáticos como partes de Midgard cobertas por neve, a áreas repletas de árvores multicoloridas. Tudo é visualmente detalhado, respeitando o histórico do Santa Monica Studio de produções incríveis em termos de gráficos, impressionantes desde os tempos de PlayStation 2. Um ponto negativo nesse sentido, mas não impactante a ponto de atrapalhar a experiência, foram quedas na taxa de quadros por segundo, ocorridas em momentos isolados que não influenciaram meu desfrute do jogo.
Os modelos dos personagens e inimigos também chamam a atenção. Kratos e os demais nomes importantes da história são bem animados tanto nas cenas de computação gráfica quanto nos momentos de ação. A fidelidade visual é tanta que a transição entre ação e animação é praticamente imperceptível.
Quando a pancadaria está rolando, o jogo mantém a performance estável mesmo com um grande número de inimigos em cena. O combate segue com a dinâmica básica dos jogos antigos, porém exige maior nuance nas decisões do jogador, que precisa ser cauteloso na hora de atacar. Mesmo na dificuldade normal, o game tem momentos desafiadores que exigem uma abordagem mais balanceada nas lutas. Ir para cima sem critério é quase garantia de game over - herança do sucesso de franquias como "Dark Souls" e "Monster Hunter"?
Seja inspirado em outros jogos ou não, o combate de "God of War" continua sendo um de seus pontos altos, mas uma coisa fez falta quando se tem referência dos antigos jogos da série. A franquia "God of War" fez sucesso com lutas épicas entre deuses e monstros mitológicos da Grécia, então é de se esperar que o reboot nórdico trouxesse chefes variados e empolgantes.
Eles até existem, porém vêm em uma quantidade menor e não causam o mesmo impacto dos embates contra Hades e Poseidon, citando apenas dois exemplos do passado da série.
Combate refinado
Embora não seja tão espetacular quanto seus antecessores, "God of War" traz ótimas lutas contra inimigos comuns e outros brutamontes, com bastante variedade de golpes (e customização de equipamentos!) e a ajuda de Atreus, que conforme o avançar da história se torna um parceiro cada vez mais poderoso. Ele é fundamental para deixar inimigos atordoados, situação que permite finalizações brutais por parte de Kratos.
Estas, inclusive, resgatam outra característica comum da série que ainda segue presente: o jogo tem cenas violentas, porém menos explícitas do que em títulos anteriores da franquia.
A violência muitas vezes gratuita dos jogos do passado da série não caberia na narrativa do novo "God of War", que, apesar de toda brutalidade de Kratos, traz uma delicadeza crescente, conforme a relação entre pai e filho vai se aprofundando e transformando o comportamento do protagonista.
O Kratos 'paizão' segue mal-humorado, de poucas palavras, mas acaba amolecendo conforme o relacionamento com o Atreus se torna mais forte. O resultado é uma história com momentos de emoção e drama, com pitadas de comédia introduzida por personagens pitorescos encontrados no meio da jornada. Tudo isso está acompanhado de uma primorosa trilha sonora que marca bem os momentos mais importantes da jornada.
Experiência customizada
Fora os detalhes técnicos e narrativos, "God of War" dá muito mais controle ao jogador do que qualquer outro game da série já fez. A começar pelos diferentes níveis de dificuldade, o jogo permite a escolha dos elementos que ficam exibidos na interface, permitindo a retirada de itens como a bússola que fica na parte superior da tela a fim de possibilitar maior imersão.
A vestimenta de Kratos também pode ser alterada. O protagonista pode comprar peças de armadura distintas e customizá-las com modificações obtidas ao longo da campanha. A variedade é grande e permite uma personalização maior do personagem de acordo com as preferências do jogador, que pode optar por um equipamento com mais ataque, defesa, sorte ou que privilegie habilidades especiais.
Estes são detalhes que servem para incrementar a ótima experiência proporcionada por este reboot nórdico de "God of War", um game que não esqueceu suas origens, mas evoluiu a partir delas e resultou em uma volta por cima da franquia após meia década de espera.
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